Capítulo 21 - Cicatrizes do meu passado

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Voltei para o meu quarto na ponta dos pés assim que começou a amanhecer. Foi Ian quem me acordou após insistentes tentativas e resmungos meus.

Tive certa dificuldade ao subir as escadas e procurei fazer o mínimo de barulho possível, tanto que meus pés mal pisaram no chão.

Confesso que foi complicado desviar dos seguranças noturnos que rondavam o local a procura de algum intruso, ou quem sabe até mesmo de um príncipe fora da cama.

Não que isso fosse da conta deles. O que eu fazia ou deixava de fazer não lhes diziam respeito. Qualquer coisa era só eu usar alguma frase grosseira ou rude para repeli-los, geralmente funcionava.

Mancando daquela forma ridícula como se eu estivesse embriagado ou com sérios problemas de equilíbrio, me enrosquei nas cobertas, puxando-as até que o meu corpo estivesse totalmente coberto.

Quando eu estava no auge da minha sonolência, despertei de súbito e logo remexi nas gavetas a procura do maldito remédio da minha mãe.

Havia poucos no estoque, logo eu teria que ordenar a um dos súditos para que comprasse mais.

Peguei um com as mãos tremendo um pouco e fui com lentidão até o quarto da minha mãe, ignorando o chão gelado que me dava calafrios.

O ranger da porta me assustou um pouco, pois me remeteu aos seus passos surdos indo até mim e tive que colocar na minha cabeça de que era eu quem estava indo até ela e não o contrário.

Tentando manter a respiração calma, me permiti atravessar o quarto e chegar até a sua cama ainda sentindo cada pedacinho do meu corpo tremer com medo de que ela acordasse.

Para o meu alívio ou completo horror, lá estava ela, com os cabelos cor de areia exatamente iguais aos meus como uma espécie de cortina aberta sobre o travesseiro. Olhando assim ela ainda parecia a minha mãe, a mesma mulher que costumava me colocar para dormir, que cantava músicas de ninar até que eu adormecesse e que não parecia ser dona daqueles toques que tanto me apavoravam.

Fui até ela sentindo o comprimido tremer em minhas mãos assim que o ergui. Coloquei-o dentro do copo de água e fiquei observando ele se dissolver. Ela sempre bebia água durante a noite e costumava ir até o meu quarto de madrugada quando o palácio estava silencioso.

Hesitando a todo o momento, contornei a cama colossal, fui até o lugar que pertencia ao meu pai e me sentei ali, tomando cuidado para que ela não acordasse.

Eu só queria ficar ali olhando para ela, tentando extrair nem que fosse um pouquinho da mãe que eu deveria ter. Dormindo ela não podia me machucar, me tocar da maneira errada e muito menos me lembrar de que para ela eu não passava de uma fantasia ou algo igualmente doentio.

Sabia que não era culpa minha o fato de meu pai não ter dado atenção a ela e nem tratá-la como a mulher que é, mas isso não justificava as coisas que ela fazia. Eu sabia que era errado, mas a única coisa que eu podia fazer a respeito eu já fiz.

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