Noah
- Geraldo? - repeti, embasbacado.
De repente, a voz do meu avô me atingiu como um tapa na cara. Era coincidência demais, não era possível que fosse o mesmo...
- Sim - ele assentiu. - Deve ter ouvido falar de mim, não? - Ele pareceu duvidar um pouco e até soltou uma risada fraca, como se quisesse quebrar o clima de tensão que passou a se instalar ali de uma hora para a outra.
- Ouvi, meu avô já falou do senhor.
Isso pareceu chamar a atenção dele e suas sobrancelhas brancas se uniram, fazendo um leve vinco na testa enrugada.
- Otávio? - pressionou, um pouco hesitante. - Impossível, ele não nunca falaria de mim.
- Mas falou, você o viu na festa, não viu?
- Sim, e estava querendo muito vê-lo de novo - disse sorrindo com um ar sonhador, apertando a alça da xícara que Ian lhe entregou.
Ian piscou, olhando do seu avô para mim.
- Espera aí, o senhor conhecia o avô do Noah?
- É claro que conheço, filho. Trabalhei para ele durante um tempo.
- Eles tiveram um romance - arfei, mal conseguindo falar de tão incrédulo que eu estava.
- Sim - Geraldo voltou a sorrir e senti meu coração doer ao ver aquilo.
- O senhor sabe, não sabe? - Olhei para Ian, torcendo para que ele tivesse contado, porque eu não teria estruturas para fazer isso.
- Sei o que? - questionou, piscando com os olhos pesados.
- Ian! - quase berrei. - Você contou a ele, não contou?
Ian passou a mão pelos cachos e se virou com a expressão derrotada, colocando café na xícara que seria para mim.
- Contou o que?
- Meu avô morreu - afirmei, vendo aos poucos o rosto do sorridente Geraldo desmoronar.
*********
Ian me arrastou para o quarto assim que me entregou a xícara e ficou um bom tempo lá fora, conversando calmamente com o seu avô, cujos soluços eram engasgados como se a falta de ar fosse muito grande.
Quando tudo ficou quieto, Ian se materializou na minha frente enquanto eu bebericava o café, apreensivo.
- Desculpa, eu não devia ter jogado aquela bomba nele.
- Não foi sua culpa, meu príncipe - disse, se ajoelhando aos meus pés. - Eu que fui irresponsável por não ter contado.
- Nada disso!
- Ele está bem, está descansando agora - Ian deu um sorriso para me tranquilizar. - Vem, temos pouco tempo.
Com uma risada nervosa, coloquei a xícara na sua mesinha de cabeceira e o puxei para mais perto roçando a sua barba na minha. Com os dedos úmidos e as mãos frouxas, toquei a sua intimidade, conseguindo arrancar um gemido dele.
Mordi o lábio enquanto ele se despia com pressa na minha frente, ficando só de cueca samba canção. Ele tirou a minha camisa com a mesma eficiência e me deitou sobre seus lençóis que continham o seu cheiro delicioso, que me deixava ainda mais excitado.
Parecia um sonho, nossos lábios se colando, nossos corpos se encaixando como se tivéssemos sido feitos para aquilo. Nada fazia eu me sentir mais completo do que tê-lo ali comigo, dividindo experiências, compartilhando de momentos únicos como aquele...
Tudo ia maravilhosamente bem, tanto que fechei os olhos para que a magia fosse ampliada e se tornasse o mais viva possível, porém um barulho impossível de não ouvir machucou meus ouvidos e logo senti Ian saindo de cima de mim, se distanciando e foi quando abri os olhos dando de cara com vários policiais fardados nos encarando e logo me cobri, envergonhado e confuso.
Ian foi arrancado da cama por um dos homens, que tirou uma algema do bolso e o encostou na parede com violência, o algemando enquanto o mandava calar a boca.
- O que tá acontecendo? - perguntei, chocado.
Os policiais nem sequer me olharam, toda a atenção estava voltada ao Ian, que estava com os olhos cheios de lágrimas, me encarando, pedindo socorro.
- Recebemos uma denuncia direto do palácio - disse um dos caras, olhando para Ian com nojo. - Ian Stuart, o senhor está preso por corrupção de menor.
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Feche a porta quando sair ✅
RomancePLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Noah Chevalier tinha um plano: iria se casar, ter uma filha e assumiria o posto de rei da Ilha das Flores como sempre sonh...