Capítulo 8

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No segundo sábado do mês de agosto a floricultura estava uma bagunça por conta do casamento de um político famoso da região. Fiz uma encomenda enorme de rosas vermelhas e brancas de um determinado fornecedor de Holambra, exigência da noiva.

Os arranjos do buffet estavam prontos e a equipe de apoio estava montando no salão de festas. Eu e Vanessa estávamos terminando a decoração que iria para a igreja quando o sino do vento, localizado na porta, tocou. Imediatamente nós duas olhamos juntas e para minha surpresa vimos um homem alto, com um cavanhaque bem feito, cheirando um perfume delicioso que exalava o ambiente; esta pessoa era ninguém menos que Caio com toda a sua altivez, de óculos escuros e com um sorriso safado no rosto. Vanessa começou a tossir incontrolavelmente e eu comecei a dar umas batidinhas na sua costa; aos poucos foi se suavizando, depois ela foi até Caio, o cumprimentou e se retirou dizendo que precisava tomar um copo de água.

Lancei um olhar mortal para ela, do tipo, você me paga por essa, sua amiga da onça. Caio não se intimidou com aquela situação e, como um predador, veio na minha direção e me deu um beijo no canto da boca. Imediatamente me afastei, sentindo o meu rosto queimar.

- Caio, o que deseja? – perguntei.

- O que desejo já sei o que é, só que não posso ter, ainda. – disse dando ênfase a palavra ainda. - Mas no momento preciso de três vasos de crisântemos para a minha mãe. Você tem na loja?

- Sim.

Rapidamente localizei os vasos e embalei os mesmos com papel e fita e os entreguei para Caio, tudo isto rapidamente. Caio agradeceu e, desfazendo a manga da camisa, olhou para o seu Rolex e disse.

- Nossa, já está na hora do almoço. Como o tempo passou rápido esta manhã, né! Gostaria de almoçar comigo, Amanda, para podermos colocar o papo em dia, como amigos, é claro. – perguntou.

Nesse momento, minha barriga traidora fez um barulho alto e eu não pude disfarçar que estava faminta, pois naquela manhã não pude tomar um bom café por conta do dia trabalhoso que tinha pela frente.

Muito sem graça, aceitei o convite e avisei para Vanessa que estava de saída. Nos dirigimos para o restaurante de comida caseira de Dona Ane na Sportage.

No restaurante, fomos recebidos por uma animada Ane que nos indicou uma mesa no fundo. Caio não perdeu tempo e foi logo colocando a sua mão na base da minha coluna me guiando para o local indicado. Senti um arrepio estranho. Acho que deve ter sido o ar condicionado.

Como era sábado, o prato do dia era feijoada, com isso os nossos pedidos chegaram rapidamente. Recusei a caipirinha que Caio prontamente aceitou e permaneci apenas na água com gás. Conversamos sobre tudo um pouco. A conversa entre nós fluía com naturalidade e eu adorava aquilo. Depois de encerrada a conta, saímos do restaurante e Caio me levou diretamente para a floricultura. Ainda no carro, quando estava me despedindo do mesmo, fui surpreendida por um beijo feroz e necessitado. Assustada, empurrei Caio, que olhou pra mim e disse:

- Você será minha novamente, Amanda. O que me pertence eu tomo.

Desci do carro um pouco tonta dando Graças a Deus que o carro era peliculado o que não permitiu que as pessoas vissem aquela cena.

Vanessa, reparando na minha palidez ao entrar na floricultura, perguntou o que tinha acontecido no almoço. Narrei o ocorrido e minha amiga concluiu dizendo:

- Amiga , não gostaria de estar na sua pele. Caio é um predador e você a presa da vez.

- Eu sei disso, e tenho certeza que ele vai fazer de tudo pra conseguir o troféu da caça.

- O pior é que o Paulo ligou duas vezes pra cá e o seu celular, que você esqueceu, tocou várias vezes.

- Meu Deus, eu fiquei tão agitada com tudo que esqueci de levar o aparelho.

- Pois é, eu inventei uma desculpa dizendo que você teve que resolver um problema urgente no salão onde vai ocorrer o casamento.

- Obrigada, amiga, tenho que fazer de tudo para fugir das investidas do Caio.

- Faça isso, Amanda, não vale a pena perder o que você e o Paulo possuem.

- Eu sei, eu sei. - respondi pensativa. – Sabe, ainda estou muito decepcionada com ele naquele jogo.

- Normal, Amanda; os homens são muito esquecidos mesmo, e não ligam para alguns detalhes. Acredita que eu tive um namorado que não se lembrava de onde nós nos conhecíamos?!

- Esse aí superou. – sorri. – Mas, desculpe, Vanessa, não acho normal ele esquecer a nossa música, a música que mais amo na vida e que foi tema do nosso namoro. Pois eu acho isso muito anormal.

- É bastante frustrante mesmo. Aposto como essa música não fará mais sentido nenhum pra vocês.

- Exatamente, Vanessa. No mesmo dia, por ironia, quando nos dirigíamos para casa, ela tocou no carro, e eu a desliguei na mesma hora. Senti um nojo daquela música. Nunca mais quero ouvi-la em minha vida. E o imbecil ainda queria cantá-la. Ai, que ódio daquela cara de pau dele.

- Não é para tanto, Amanda.

- É sim. Pra mim significa muito. Pra você, eu não sei, mas pra mim qualquer detalhezinho é importante.

- Tá bom, amiga; mas isso não é motivo para abalar a relação de vocês dois que sempre foi tão guti guti.

- Odeio quando você fala assim, Vanessa. – sorri sem graça. – Mas confesso que abalou um pouco, sim. Aliás, não sei. Quem sabe eu esqueça isso. Pode ser uma paranoia minha.

- Agora você está começando a agir com sensatez. Que tal tomarmos algo quando sairmos daqui?

- Não sei. – disse cabisbaixa.

O resto do dia passou como um borrão. Finalizamos toda a entrega e a arrumação do casamento. Pude então ir para casa, e não tomar uma como queria Vanessa; não atendi as chamadas do Paulo tão pouco respondi as suas mensagens. Depois de algum tempo, Já deitada, enviei uma mensagem de voz e permaneci tentando assimilar todo aquele dia.

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A Tentação do Meu Ex NamoradoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora