A Tentação do Meu Ex Namorado

Capítulo 30

No escritório da floricultura, enquanto eu terminava de calcular o faturamento desse período, Vanessa termina de remover os últimos vasos da loja para o recesso de Natal. Estava tão concentrada nas minhas anotações que não percebi quando alguém entrou no escritório. Fui despertada por uma voz familiar chamando o meu nome "Amanda". Ergo o meu rosto e encontro Paulo parado na porta com as mãos no bolso e balançando levemente o corpo.

- Paulo, que surpresa, você por aqui. - digo

- Olá, Amanda, passei para desejar Feliz Natal e lhe trazer esta lembrança.

Paulo me entrega uma caixinha pequena lindamente decorada. Abro rapidamente e encontro um delicado colar de prata com um pingente do símbolo do infinito.

- Obrigada, Paulo. Também comprei algo para você. - entrego o pacote que estava guardado há algum tempo na gaveta.

Paulo abre com cuidado como se fizesse um esforço enorme para não rasgar a embalagem.

- Oh Amanda, não precisava. - Diz surpreso

- Você ficou tanto tempo admirando esse relógio na vitrine na última vez que fomos ao shopping que tive a certeza que você iria adorar.

- Obrigado. Realmente esse relógio me interessou muito.

- Que bom, fico feliz que tenha gostado.

Depois de algum tempo nos olhando, Paulo quebra o contato visual para dizer.

- Amanda, também passei por aqui para convidar você para a minha festa de despedida.

- Festa de despedida. Como assim?

- Eu me candidatei para uma vaga na UFF.

- E vocês foi chamado?

- Exatamente. Fui chamado como professor adjunto na disciplina de português em alguns cursos na área de humanas. Com isso os meus pais decidiram fazer uma festa de despedida em casa mesmo.

- Que bom. E você está feliz, Paulo? - pergunto sem entusiasmo

- Feliz não é a palavra que se encaixa no momento. Satisfeito, talvez.

- Por quê?

- Como você mesma sabe, sair de Miguel Pereira nunca foi a minha intenção. Mas um tempo longe me fará bem.

- E quando você pretende viajar?

- No início de Janeiro, após o reveillon.

- Já, tão rápido !

- Sim, preciso me apresentar dia 20 de Janeiro, mas antes preciso encontrar um lugar para morar.

- Nossa, agora que..

- Quê?

- Não sei por onde começar.

- Pelo começo, Amanda, pelo começo.

- Está bem, pelo começo. Primeiro preciso me desculpar por qualquer dor que tenha causado em você. Bem como pelo constrangimento que causei no jantar da minha mãe. Saiba que me desculpei com a Aninha. Mas não é só isso. Na verdade tenho pensado muito em nós, no nosso namoro. Esse tempo separados foi importante para eu avaliar os meus sentimentos e desejos. Vejo em você mudanças claras não só na aparência mas nas atitudes também e isso mexeu muito comigo. Por um tempo, Paulo, eu só enxergava os seus defeitos, os seus erros, o quanto eu estava magoada com a sua indiferença. Mas esse mesmo foi necessário para eu voltar a valorizar você, a admirar o homem que você é. Durante todo o nosso namoro você nunca me desrespeitou, nunca presenciei um olhar furtivo para outra mulher. Muito pelo contrário os seus olhares sempre foram pra mim, só pra mim. Você sempre torceu pelas minhas conquistas, festejou as minhas vitórias. Antes eu acreditava que não estávamos caminhando lado a lado, que você me via como alguém que estava ali à disposição para quando você não estivesse tão ocupado para lembrar.

"Porém, hoje vejo o quanto estava enganada nas minhas considerações. Você sempre esteve ao meu lado sim, mas, além disso, sempre esteve de mãos dadas comigo.

Você bem sabe que tive um relacionamento rápido com o Caio, fruto da minha tentativa ridícula de provar pra mim mesma que estava certa a seu respeito e que você não merecia estar comigo porque não me valorizava o suficiente. Triste equívoco o meu, e mais uma lição que aprendi, a precipitação não resolve os nossos problemas.

E tudo isso que acabei de relatar é somente para poder dizer que eu ainda amo você, Paulo, e se isso não for o suficiente para impedir que você vá embora e queira reatar comigo porque ainda me ama também, então encerramos a nossa história aqui.

Depois de um tempo em silêncio Paulo me diz que precisa pensar. Pois, por muito tempo esperou escutar essas palavras mas que agora elas o deixaram confuso.