Capítulo 13

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Na noite seguinte, me preparei todinha para o Paulo. Estranhei o seu convite, fazia um tempo em que não tínhamos uma noite especial, só nossa. Às 19 horas saí, Chegando na casa dele por volta de 15 minutos. Quando abri a porta, me deparei com uma barulheira infernal vindo da sala de estar.

- Vai!

- Que juiz filho da puta!

- Ei, Paulo, pega mais uma gelada lá.

- Peraí, cambada. Deixa a bola ir pra fora. O jogo tá muito bom.

Naquele momento, fiquei estática. Eu não acreditava no que estava vendo. Passei como um jato por aqueles homens sem nem sequer lhes dar boa noite e fui para a cozinha, transtornada.

- Nossa, Paulo! Por que ela está bolada assim? – perguntou Douglas, amigo dele, estranhando a minha atitude que sempre foi tão cordial.

- Não sei. – disse Paulo, pensativo. – Quer dizer... caramba! tenho uma pequena noção do que seja.

- Já até sei. – disse Pedro. – É por causa do jogo, não é?!

- Mas ou menos isso.

- Bom, gente. Acho que devemos ir, né! – disse Douglas desvendando a preocupação no rosto de Paulo.

- Não, pessoal. Deixem o jogo acabar. – disse Pedro.

- Não. Vamos marcar outra vez. O clima não ficou bom. – redarguiu Douglas.

- Tá certo então. – disse Pedro. – Vá lá amansar a fera, Paulo.

- Ok, pessoal. Desculpem pelo o importuno. Marcaremos outro dia sim.

- Com certeza. Boa noite.

Vi Paulo limpando a sujeira sua e a dos amigos e então se dirigiu para a cozinha, onde eu ainda estava, sentada numa cadeira, chorando horrores.

- Oi, amor. Como foi seu dia hoje? – perguntou.

- Péssimo! – respondi.

- O que teve de péssimo?

- Tudo! Pessoas ignorantes me estressam. Saio para esfriar a cabeça e me estresso mais ainda. Chego para o nosso encontro e espero a sala de jantar pronta, tudo bonito, com velas e flores adornando-a, mas não. Chego e encontro esses marmanjos com os pés nos braços do sofá e cuspindo no chão como se estivessem em um estádio de futebol, chamando palavrões e não respeitando sequer a vizinhança que tem filhos pequenos.

- Você está realmente muito estressada, amor. Vá tomar um banho pra esfriar a cuca.

- Não. Me deixe aqui, pensando na vida, Paulo.

- A vida é bela, amor.

- Não está sendo.

- Acho que você precisa de umas férias. Que tal deixar a Vanessa cuidando da floricultura por uns dias? Isso tá lhe deixando muito estressada.

- Tudo o que é monótono me deixa estressada.

Paulo deixou cair um copo de espanto por aquilo que eu disse.

- Talvez nosso relacionamento esteja ficando monótono. – disse a ele.

Ele me olhou estupefato.

- Não para mim. Meu trabalho é sim, monótono; mas quando vejo você me tira toda essa monotonia. Nosso relacionamento não está monótono.

- Não sei, Paulo. Me sinto estranha. O que você acha de me dar um tempo? Deixar eu passar um tempo com meus pais para pensar um pouco na vida?

- Como assim, Amanda? Quem dá tempo é casal de namorados. Não preciso de tempo nenhum pra certificar do que já sei; que amo você.

- Também te amo, Paulo. Mas eu preciso desse tempo.

- Não está parecendo que realmente me ama. Por que está dizendo isso, meu bem? Não vai me dizer que foi por causa de hoje?!

- Isso tem muito a ver sim, Paulo! Como você pôde esquecer da nossa noite especial? Como? Mas não foi só isso, não. Diversos fatores me levaram a conclusão de que devemos dar um tempo. Você não liga pra gente, Paulo. Eu sinto isso. Quanto tempo faz que nós não vamos a um cinema, em um parque, ou em qualquer lugar que nós íamos antes quando namorávamos e estávamos apaixonados.

- Estávamos? Você está me assustando, amor.

- É o modo de dizer. Você nunca me pergunta se eu estou feliz com você ao meu lado.

- Seus olhos me dizem que sim. Assim como os meus lhe respondem que sim. Nos entendemos apenas com o olhar. Jamais lhe perguntaria isso, Amanda. Soa insegurança.

- Não é inseguro. Casais se fazem estas perguntas.

- Mas não somos como os outros. Sempre dissemos isso. Esqueceu?

- Não.

- Vamos esquecer isso então, amor. Prepare algo quente pra gente. Tenho que dormir cedo e...

- Tá vendo só! Você só pensa em você mesmo. É um egocêntrico.

- Ora. Só quero tomar uma sopa. Isso é ser egocêntrico? Você também precisa dormir cedo.

- Odeio como disfarça e muda de conversa. Você é mesmo um egocêntrico.

- E você? Nossa, Amanda, você bebeu ontem com as suas amigas. Eu fiquei sabendo disso. Quantos defeitos seu eu não relevo? Você não os considera também?

A nossa discussão começou a se agravar.

- Dê-me um tempo. – disse a ele.

- Não posso te dar tempo, Amanda. Eu te amo mais que tudo nesta vida. Está vendo este anel? Pois é.

- O anel é um objeto. Faz sentido. Você está me tratando como um objeto, Paulo.

- Você é muito engraçada, Amanda. Jamais tratei você como um objeto.

- Eu me vejo assim. Infelizmente é assim que você me faz pensar. Escute, Paulo, deixe eu dormir na minha casa, em paz. Não estou me sentindo bem.

- O que você tem, amor? Alguma dor.

- Não é dor física. É mental.

- Tudo bem, Amanda. Vá. Mas saiba que eu estarei aqui esperando por você. Você sabe que eu te amo.

- Não, Paulo. Sinceramente, não sei. Vai ser melhor. Acredite, amor, estou fazendo isso por nós.

- Contra nós.

- Pra nós. – disse pegando minha bolsa.

- Tudo bem. – disse ele se desabando na cadeira. – Desculpe, Amanda, mas foi tudo tão rápido. De repente entrei aqui e você duvidou da gente. Duvidou do meu amor, duvidou da alegria que eu posso te proporcionar. É muito intrigante. Planejei tantas coisas. Mas não vou ser pessimista; eu tenho toda a certeza de que amanhã você voltará para mim, para os meus braços, onde é o seu lugar. Te abraçarei tão forte, mas tão forte que não lhe soltarei nunca. Nunca mais!

- Tchau, Paulo. – disse eu com olhos encharcados.

A Tentação do Meu Ex NamoradoWhere stories live. Discover now