Capítulo 20

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Durante todo o trabalho, fiquei pensando na história que a Vanessa me contou. Minha reação devia ser outra afinal eu e Paulo já não tínhamos mais nada. Ele estava livre para poder fazer o que quisesse, assim como eu; aliás, principalmente eu que estava sendo levada por aquela correnteza que era o Caio. Mas acontece que eu fiquei estranhamente com pouco de ciúmes, ainda mais por ele ter transado com a Su aquela garota que se dizia muito minha amiga. Como ela pôde ter dito aquilo para ele, que eu estava saindo com o Caio e que ele tinha sido o motivo para que eu largasse o Paulo. Uma amiga de verdade jamais faria isto. Ela sabia que não era o Caio o motivo da gente ter terminado. Nunca foi ele.

Acontece que eu já não sabia mais o que passava de verdade dentro de mim. Eu tinha dito a Caio que lhe amava naquele momento em que seu esperma escorria pela a minha cara; e ele disse que também me amava e que nunca tinha deixado de me amar. Eu estava tão confusa com tudo aquilo que não sabia mais no que pensar. Por sorte, Caio me emprestaria o dinheiro para sanar minhas dívidas. Aquilo era uma preocupação a menos.

Eu precisava de alguma coisa para aliviar minha tortura senão eu ia esmurrar a parede de casa até ela rachar. Peguei meu celular e comecei a mexer nos meus contatos. Na letra S vi o nome de Su. Pensei enormemente em excluí-la dos meus contatos, em nunca mais a ver nem pintada de ouro. Que víbora! Su era uma falsa, uma amiga da onça. Cliquei na opção excluir contato, mas pensei duas vezes. Ela não poderia ter feito àquilo comigo e sair da minha vida sem ouvir umas poucas​ e boas.

Já eram dez horas da noite quando eu me enrolei numa jaqueta e parti para a casa dela. Eu estava tão nervosa que nem peguei o carro, eu não ia acabar com a minha vida por causa de uma vagabunda qualquer feito a Su, então peguei o primeiro ônibus que me apareceu e cheguei cerca de vinte minutos a casa dela. As luzes estavam todas apagadas mas isso não me inibiu de apertar a campainha até ela aparecer. Logo a luz da sala acendeu e Su pôs a cara para fora perguntando quem era.

- Sou eu, Amanda. - respondi.

Ela veio até a porta e abriu dizendo:

- Amanda? Nossa, isso é hora?

- Por quê? Algum problema? Você também não costuma bater na porta das pessoas esta hora?

Ela não disse nada só pediu para que eu entrasse.

- Não, muito obrigada. Só vim te dá uma resposta rápida.

- Ora, mas o que foi? Que seja bem rápida então porque esse vento frio me faz mal.

- Tão mal como você faz na vida dos outros?

- o que você quer dizer, Amanda?

- Não se faça de sonsa, Su.

- Sério?

- Por que você foi dizer aquilo para o Paulo? Por que disse que eu praticamente o traí com o Caio. Você sabe perfeitamente que não é verdade.

- Quem te falou isso?

- Não interessa quem me falou, o que interessa é que você é uma falsa.

- Já sei, foi a Vanessa. Ela nunca foi de guardar de segredos.

- Isso não importa. O que é inadmissível é você ser uma puta de uma mentirosa. – redargui furiosa.

- Não é verdade? Como assim, mana! Você ficava se quebrando com o gostosão do Caio por aí, todo mundo sabe. Vai dizer agora que é mentira?! Que você é a santinha do pau oco! Todas as meninas viram você se beijando com ele naquele dia no bar, e você parecia ter gostado muito bem, pois não fez nenhum alarde.

- Foi um repente, eu não queria aquilo.

- Não foi o que pareceu, Amanda. Você gostou, eu te conheço não é de hoje.

- Aquele beijo não significou nada para mim, Su. Eu disse isso a vocês.

- Não sei o que passa dentro da sua cabeça. Não posso concordar com você.

- Aquele beijo foi um acidente.

- Um acidente?! Nossa, que tragédia foi então, hein! – Su sorria feito uma retradada. - Você que se engana quando diz que aquele beijo foi um engano. Você ainda o ama, tava na cara aquilo. E o modo como ele lembrava do namoro de vocês? Ele foi a sua primeira transa, o seu primeiro amor. Esqueceu?

Su estava conseguindo me por na parede. Só o que me passava na cabeça naquele instante era uma música, por incrível que pareça. Quando eu me sentia abalada, eu gostava de me desabafar com alguém, mas Su foi a pior pessoa a quem me confessei, pois eu pensei que ela fosse minha amiga de verdade. E olha que eu a conhecia há tanto tempo. Nunca pensei que ela fosse me trair daquele jeito. Renato Russo tinha razão quando dizia quero ter alguém com quem conversar; alguém que depois não use o que eu disse contra mim. Su estava fazendo aquilo mesmo. Usando as minhas próprias palavras para acabar comigo.

- Eu nunca devia ter confiado em você? – digo.

- Ah, agora eu sou a culpada dos seus desastres amorosos? Me poupe, Amanda. Se você é uma pessoa infeliz nos seus relacionamentos, a culpa não é minha e sim de você.

Fiquei ali, olhando para aquela cara dela.

- Você transou com o Paulo? - perguntei bufando, sem pensar.

- Sim, transamos e muuuuito; e você não​ tem ideia de como foi gostoso rebolar naquele pau dele.

- Era só isso que eu queria saber. - disse cambaleando virando as costas para ela.

- Ah, e quer saber mais? – continuou. - Eu também transei com o Caio.

- Você está mentindo , Su. – disse.

- Tudo bem, se quiser acreditar, acredite. Não vou ficar aqui tentando convencer ninguém que sou mais gostosa. Agora me desculpa que já está tarde demais, preciso me deitar.

Dizendo isso, Su fechou a porta na minha cara. Pronto! Consegui ficar pior. Nossa amizade acabava ali, como eu nunca pensei que fosse acabar um dia. Mas o que mais me doía era que Su contava umas verdades. E por incrível que pareça fiquei mais puta ao saber que Caio havia transado com ela, e não o Paulo.

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A Tentação do Meu Ex NamoradoWhere stories live. Discover now