Capítulo Dezoito

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Finalmente eu estava de volta a Academia após dois dias isolada com Dimitri vivendo momentos únicos, momentos esses que... Que ficariam sem dúvida, gravados em nossas mentes e almas por um tempo tão longo quanto o infinito consegue ser. Ou até, além disso. Era difícil dizer, difícil pensar com coerência quando os lábios dele estavam nos meus, quando seu corpo escultural, estava de encontro ao meu com tanto cuidado que era como se eu estivesse inteira novamente, mesmo que claramente ainda bastante machucada.

Pelo pouco que fiquei sabendo eu precisaria de pelo menos um mês inteiro para ficar inteira de verdade. É claro que eu me recusei a ficar tanto tempo parada, então digamos que um pequeno escândalo na sala da Direção e uma intervenção sutil-autoritária do camarada Belikov colocam-me parcialmente dentro de minhas atividades comuns assim que deixei a maca da enfermaria mesmo sob a evidente reprovação da Dra. Olendzki. Em uma tradução mais simples, no momento que eu desse algum sinal de estar sentindo qualquer tipo de dor, deveria correr para a enfermaria imediatamente. Meio a contra gosto eu aceitei as orientações, certa de que não conseguiria um acordo melhor que aquele, além disso, eu poderia continuar treinando no ginásio, incluindo os treinos extras curriculares, mesmo que já tivesse sido removida de meu castigo.

Naquele momento eu estava trancada em meu novo quarto; pouco tempo após de chegar em Montana com Dimitri com dois carros nos escoltando imediatamente me comunicaram que eu havia sido transferida para um cômodo mais próximo do prédio dos Guardiões, tudo isso basicamente graças a minha proeza perfeita em exterminar os Strigoi durante o sequestro em Spokane, notícia essa que se espelhou pelo campus em velocidade recorde depois que recebi minhas marcas "Molnija" e várias vezes Morois e Dhampiros dos anos inferiores e superiores ficavam me cercando pedindo para contar como havia sido estar lá e como havia saio inteira. Ignorei todos eles com comentários vagos e desculpas convincentes; eu me recusava a falar sobre aquele assunto com quem quer que fosse. Em outras palavras era como dizer que eu era praticamente oficialmente uma Strigoi. Uma Guardiã de verdade.

Naquele momento eu estava olhando para um espelho antigo que havia no meio de uma das paredes, que por sua vez refletia uma garota curiosamente bonita, com um braço engessado e acomodado numa tala branca de gesso na frente do corpo, usando um vestido especial e ainda assim básico. Era todo preto, com foro estilo tomara de caia, a renda que o cobria era embutida no tecido em pontos específicos, possuía manga três quartos, iam até quatro dedos acima de meus joelhos. Meu cabelo estava lindo, solto caindo envolta de mim, eu havia prendido algumas mechas laterais e fizera cachos grossos e definidos com o babyliss de Lissa no restante o deixando com um aspecto encantador. Não me atrevi a fazer maquiagem pesada certa de que não demoraria muito tempo para que ela se desfizesse. Ah esqueci-me de mencionar o porquê de tanta arrumação; eu estava indo para o enterro de Mason, meu doce melhor amigo.

Fui num carro da Academia com Lissa, Christian atrás, Adrian Ivashkov, Alberta do outro e Dimitri e eu nos bancos da frente. Como era de se esperar Dimitri estava na direção, nenhum dos presentes ali conversavam ou proferiam qualquer palavra durante toda a viagem. Quando chegamos lá avistei a mãe de Mason; em prantos sobre o caixão do filho. Tinha até me esquecido de como a Sra. Ashford era incrivelmente bonita, meu patinho era bem parecido com ela.

Mantive-me afastada de todos e principalmente do caixão onde Mason estava; mesmo com o sol brilhando alto e lindo sobre a cerimônia eu permaneci sob a sombra de uma árvore uns vinte metros de onde tudo acontecia, meus olhos ardiam e lá estavam elas; as lágrimas. Rapidamente as enxuguei com as costas da mão boa, ao levantar o rosto senti uma mão repousar levemente em meu ombro, mas não reagi ao toque. Por alguma razão sabia quem era mesmo sem me virar.

- Oi mãe. –Respondi sem olhá-la, não queria que visse minhas lágrimas. Mesmo sendo uma reação idiota, me recusava a ser fraca na presença dela.

Academia De Vampiros - Escuridão Do Espírito (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora