Capítulo XII

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Quando todos foram atendidos e tudo parecia mais calmo, nós voltamos ao acampamento que agora estava vazio. Ainda havia fumaça fraca em alguns cantos, algumas barracas foram destruídas, outras não foram tão danificadas.

Meu peito ainda ardia, mas Scott recomendou alguns chás para melhorar e cuidou do meu braço. Rhys ficou lá o tempo todo, mas não falamos mais nada.

Quando estávamos no caminho de volta para o acampamento, ele andou a alguns metros de distância, me evitando de novo. Eu não disse nada. Não queria, sequer, pensar muito sobre aquele momento no Pântano, algumas horas antes.

Fui para minha barraca que, para minha surpresa, estava inteira e intocada, o livro ainda estava lá escondido, e as outras roupas também.

— Merda. — Ouvi a voz de Rhys um pouco distante.

Coloquei a cabeça para fora da barraca vendo ele em frente a sua totalmente destruída. O acampamento estava ligeiramente vazio, as pessoas deviam ter ido para o Pântano. Rhys sacode a cabeça e como se pressentisse que eu o encarava, se virou em minha direção.

Por um minuto ficamos em silêncio apenas nos encarando enquanto uma sensação estranha passava por mim. Finalmente ele se virou e começou a andar em direção ao Pântano, mas parou, respirou fundo e voltou até mim se agachando a minha frente.

— Vamos. — Pegou delicadamente, porém firme, sem me machucar, meu cotovelo e me ajudou sair da barraca. — Não é seguro ficar aqui sozinha.

Ainda meio atordoada, assenti e me levantei. Assim que estava de pé ele me soltou e começou a andar rápido. Tive que quase correr para acompanhar seu ritmo.

— Ei, devagar! — Reclamo quando já estamos dentro da floresta. Ele suspira, mas diminui a velocidade. — Obrigada.

— Estamos atrasados.

— Para quê?

— Reunião. — Diz ele como se fosse óbvio.

— Por que fomos atacados?

— Nada que deva se preocupar, está tudo bem.

— Não, não está não.

— Eu vou resolver.

— Você, de fato, parece o tipo de pessoa que sempre faz isso. — Observo. Rhys para na minha frente e eu cruzo os braços.

— Faço o que?

— Toma todas as responsabilidades para si. — Ele enrijece o corpo. — Me pergunto por que você é líder se é tão jovem, mas acho que o fato de você tomar todas as responsabilidades para si deva responder um pouco a pergunta. Você parece o tipo que assumiria uma guerra para que seu povo pudesse ficar bem. — Solto e Rhys fica quieto, apenas me encarando. Eu não mentira. Nos poucos dias que estive aqui — e acordada. —, eu podia ver o modo como ele agia com os seus e o modo com que se importava com eles. Como ele não diz nada e a forma que me encara me deixa inquieta, resolvo perguntar: — Por que atacaram? Quem eram?

— Legionários do Norte. — Responde ele, alguns segundos depois, e continuamos a andar. Ele ainda parecia... pensativo em relação ao que eu dissera. — Os ataques não são constantes, mas... Bom, vez ou outra acontece, é como uma disputa de território. Mas eles não conhecem o novo lugar que nos mudaremos, então ficaremos mais protegidos. As coisas aqui fora não são como dentro do Reino.

— Eu notei. — Murmurei baixinho.

— Eu sei que você deve estar... assustada. Eu... peço desculpas por não ter te protegido melhor. — E simples assim, mais perguntas me vinham a mente. Se Rhys estava de fato preocupado em me manter viva, por qual motivo eu estaria aqui? Não podia ser apenas para me converter ao seu grupo.

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