Capítulo XVIII

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Descemos a colina em silêncio quando não havia mais sinal de inimigos. Peguei as flores que havia largado no chão para salvar Rhys e adentramos a floresta antes que ficasse mais escuro. Eu andava com destreza, desviando dos obstáculos da floresta. Ninguém olharia para mim agora e diria que um dia corri ali, de salto, caindo e me machucando, com medo, indefesa.

Eu estava orgulhosa de mim mesma, da pessoa que me transformei porque eu quisera me transformar.

No final, nunca servi para ficar presa no orfanato ou no castelo mesmo. Eu não podia, e não queria ser o molde e a imagem perfeita. Preparando festas, recebendo convidados, me portando como uma dama, preparando discursos calorosos. Eu não queria ser aquilo. Eu gostei de ter algum poder, de causar medo, de lutar, de se renderem a mim. Todos eles, o Castelo, o príncipe, o rei, todos eles me deixaram aqui para morrer. E posso ter contado com a sorte, por Rhys não me matar, por ninguém mais me ferir, mas agora eu conseguira me defender.

As últimas palavras de Rhys para os Legionários ficavam dançando em minha mente, embora eu tentasse me convencer que fora apenas para continuar preservando minha identidade. Aperto a máscara ao redor do rosto.

– Achei que fosse matar todos eles. – Rhys comenta depois de dez minutos de caminhada silenciosa. O céu começava a ficar escuro em alguns pontos.

– Ainda não estou pronta para tal coisa. – Eu não queria matar ninguém. Eu não estava feliz por ter tido essa chance, mas sim por conseguir me salvar e salvar a Rhys. Por saber que eu não era tão indefesa quanto antes.

– Você me salvou. – Ele constata, arqueando as sobrancelhas, a expressão ainda surpresa.

– Eu sei. – Sorrio enquanto pulo um galho. – Era difícil imaginar que a garota que caiu e bateu a cabeça em uma árvore faria isso, não é? – Penso por um minuto. – Você tinha razão, Rhys. Tudo tem consequências aqui.

– Não estou surpreso por você ter conseguido, eu sempre soube que você era forte, estou surpreso porque você voltou por mim, mesmo depois de tudo que fiz. – Ele me lança um olhar sincero e um sorriso que faz meu peito inflar. – Mas eu sempre soube que você era forte e inteligente. Desde o dia em que tentou fugir de mim, no palácio, na primeira vez que a vi. – Ele sorri de novo e meus joelhos vacilam por um segundo. – Com seus saltos assassinos, com sua correria com eles, com sua esperança. Ou quando adentrou a floresta noturna com uma lanterna de brinquedo. Você nunca deixou de lutar, em momento algum, e você pode estar melhor agora, mas você sempre foi forte.

Meus olhos lacrimejaram sem minha permissão, emocionada.

Tão tola... Eu fora tão tola ao me contentar com um pedido de desculpas simples e um forçado você é linda de Caleb. Eu me agarrei àquele simples elogio como se fosse o suficiente para me fazer ser outra pessoa, apenas porque nunca havia escutado algo que realmente importasse como o que Rhys dissera.

Mas eu não era mais aquela garota de quase três meses atrás.

— Obrigada. — Sussurrei em meio a caminhada.

Não falamos mais palavra alguma, alerta a sinais de inimigo e nos guiando apenas pela luz da lua. A escuridão era bem-vinda para ajudar a nos mantermos escondidos até os portões de Nevra.

Apenas quando já estava subindo os degraus da varanda de casa, ansiando descanso, Rhys segurou meu pulso, me fazendo o encarar.

— Eu também teria voltado por você.

***

Acordei cedo na manhã seguinte.

Tomei um banho rápido e vesti uma regata branca, calças pretas acompanhando a cor da bota que alcançava o início dos joelhos, e o casaco azul marinho, quase preto.

Floresta do SulWhere stories live. Discover now