Capítulo XXVIII

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– Por que vocês não gostam de lutar? – Pergunto terminando de lavar os pratos.

Rhys insistiu para que naquele dia eu ficasse ali dentro. Ele, Patrick e Peter iriam verificar grande parte do território ao redor de Nevra, para se certificar que os Caminhantes da Floresta haviam ido embora, e que não procurariam problemas conosco, novamente. Mais problemas.

Então, aceitei para que Rhydian ficasse mais tranquilo, e fui à cozinha, como antigamente, ajudar a Selena e Laurien. Já era quase hora do almoço, nenhum deles haviam retornado ainda. Patrick me assegurou que não corriam riscos algum, mas não pude evitar minha preocupação, de modo que Selena e Laurien tentavam me distrair com qualquer conversa que fosse.

Mas ainda assim minha cabeça estava além dos portões, e eu estava atenta, esperando ansiosa o momento em que Rhys fosse entrar naquela cozinha. Bem, seguro, sem nenhum ferimento, dizendo que não haviam mais problemas. Não me arrependo de ter me vingado do que o comandante falou, mas uma certa culpa de ter trago problemas me atingiu, mais tarde.

– Todos em Nevra sabem o básico. – Laurien diz. Para se defender e lutar em caso de ataque, mas eu não gosto desse tipo de coisa, acho muito brutal para mim.

Selena concorda, balançando a cabeça, afirmativa.

– Não gosto nem de pegar em uma espada ou lâmina, ou adaga, ou qualquer coisa do tipo. O máximo são as facas da cozinha mesmo. Mas sabemos lutar um pouco, para caso precise, sabemos o suficiente para conseguir impedir alguns golpes até alguém chegar para nos ajudar. – Laurien dá de ombros.

– Sim, e eu gosto da cozinha. Eu gosto de culinária. – Selena joga o corpo em uma cadeira próxima. – Lutas, batalhas, guerras... não gosto nem de pensar. E aqui as pessoas podem fazer o que gostam, por enquanto.

– Mas você – Laurien olha para mim sorrindo. –, tem muito talento com armas.

– Obrigada. Apenas treinei.

– Bom, durante todas as semanas que treinou se saiu muito bem. Já domina espadas, adagas, arco e flecha... o que você não sabe usar?

– Hum... – Penso por um minuto. – Armas de fogo, eu acho. Não cheguei a treinar com elas, e não tenho certeza da minha precisão

– Rhys não gosta que ninguém treine com armas de fogo por conta do barulho. Pode chamar atenção de inimigos. E porque, você sabe, esse tipo de arma é de difícil acesso. E também tem o caso das balas, mais difíceis ainda de encontrar. – Laurien suspira. – Mas sempre ouvi dizer que armas que não fazem barulho são as melhores mesmo.

– Não podemos negar que é uma grande vantagem. Mas armas de fogo podem ser mais fatais. – Digo guardando a última panela e apoiando o corpo na bancada.

– Não entendo muito de armas, de toda forma. – Selena dá de ombros. – Acho que nunca terei interesse.

– Nem eu. – Laurien concorda.

Nesse momento a porta da cozinha se abre, e o momento que eu tanto esperei acontece.

Rhys, Peter e Patrick entram com expressões cansadas, porém sem preocupação. Me desencosto da bancada e paro de frente para eles, analisando para ver se meu parceiro estava inteiro e bem. Ele me lança um sorriso calmo e afetuoso, e me permito sorrir de volta, mas apenas isso. Ainda era estranho demonstrar muito afeto em público, e por mais que eu sonhasse que Rhys um dia anunciaria para todos, oficialmente, que éramos um do outro; eu gostava daquele segredo só nosso. Me fazia me sentir especial.

Ninguém precisava saber desde que estivéssemos juntos. Não me importava se um continente inteiro soubesse ou apenas nós dois. Mas, bom, àquela altura o acampamento todo já sabia e apenas fingia que nada estava acontecendo.

Floresta do SulWhere stories live. Discover now