Capítulo XIII

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Entro meio desajeitada. A barraca cabia duas pessoas perfeitamente, mas quando Rhys entrou parecia ser minúscula. Me sentei nos edredons, sutilmente tateando o livro, preocupada que Rhys pudesse o ver ou sentir. A lanterna que ficava no fundo da barraca estava acesa e deixava o ambiente mais claro, mas não muito, apenas uma luz amarelada.

Rhys não disse nada. Nem olhou para mim. Então tratei de fazer o mesmo e me deitar. Quem sabe quando ele estivesse dormindo eu não poderia devolver o livro? Será que ele tinha o sono pesado? Ou era leve como o meu?

Me deitei e ele fez o mesmo. Como era uma barraca espaçosa, nenhuma parte do meu corpo ficou encostada ao dele, mas eu sentia seu calor, seu cheiro... conseguia ouvir perfeitamente sua respiração, tão calma... Nunca estive tão desconfortável em toda minha vida.

Estávamos encarando o teto da barraca. Acho que não estava muito tarde, era difícil ter noção de hora por aqui, mas o sono era algo que passava longe de mim e, pelo visto, dele também. Senti Rhys me olhando de canto de olho, talvez para conferir se eu estava acordada, e então pigarreou e voltou a olhar para cima.

— Não estou com sono. — Ele anuncia.

— Nem eu. – Sussurro. — O que costuma fazer essa hora?

— Sei que não parece, mas está tarde. — Ele desvia a pergunta. Aos poucos, o clima vai se acalmando.

— Quantas horas?

— Da última vez que vi eram uma da manhã. Isso já tem meia hora, talvez. — Sua voz sussurrada era tão doce e calma. Me sentia envolta em um segredo e algo em mim me fazia feliz por ser meu e de Rhys. Como se falar normalmente pudesse fazer alguém ouvir o "segredo", que era só nosso e precisava ser sussurrado.

— Não achei que o tempo aqui fosse passar tão rápido.

— Acho que você pensa muitas coisas erradas sobre este lugar e... as pessoas deste lugar.

— Me dê um exemplo.

— Prefiro que descubra sozinha.

— Como se eu já não tivesse perguntas demais para descobrir a resposta.

— Tem tantas perguntas assim? — Ah, como eu gravei aquele tom, sussurrado e com diversão, quase senti seu sorriso. — Que curiosa.

— Tantas perguntas que nem pode imaginar.

— Tenho medo de pedir que as faça.

— Por quê? — Sorrio.

— Bom, não sei o que pretende perguntar. — Sinto seu sorriso.

A atmosfera vai ficando cada vez melhor. Nunca imaginei que pudesse conversar tão casualmente com Rhys.

— Tudo bem, pergunte algo... que você ache que eu possa responder.

— Hum... — Penso por um minuto. Bom, eu ainda não tinha dado minha resposta, mas também merecia uma sobre o assunto. — Por que... por que não quis que Joseph fosse meu treinador?

Senti ele se contrair um pouco, mas não deixei que isso estragasse nosso clima harmônico e amigável.

— Ele... ele não é um bom treinador. — Me viro de lado e ele faz uma careta ao dizer isso. Ele se vira para mim também. Nossos rostos não estão muito longe.

— Por que não?

— E você vai preferir ele? — Ele arqueia uma sobrancelha, mas parece um pouco ansioso.

— Você não respondeu minha pergunta. — Aponto.

— E eu perguntei primeiro.

— Mentiroso.

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