Capítulo XXII

1.9K 225 66
                                    

Me olhei no espelho grande e um tanto quebradiço do banheiro e sorri diante do resultado. O vestido não ficara nada mal, o tamanho certo, minhas pernas, agora com mais músculos, expostas por baixo do tecido transparente e brilhante. Um frio leve passava pelo tecido fino, mas não me importei.

Levei tempo, mas consegui trançar os cabelos em uma coroa atravessado o alto da cabeça, e passei um pouco de pó no rosto, que Laurien havia me emprestado mais cedo. Selena me presenteou com um batom vermelho vivo, que deu uma cor chamativa, porém graciosa, ao meu rosto pálido.

Os cabelos soltos atrás caíam em cascatas em minhas costas, e calcei os saltos que Selena também me presenteara. Eles eram pretos, com tiras de cetim amarradas até os tornozelos. Uma batida na porta me tirou de diante do espelho, e andei com devido cuidado para não acabar pisando no vestido.

Abri a porta devagar e não consegui reprimir o enorme sorriso que atravessou meus lábios diante daquela imagem.

Os cabelos platinados estavam brilhantes e a parte da frente do cabelo estava presa para trás, enquanto o resto solto quase alcançava o maxilar. O terno azul marinho bem cortado com uma camisa preta por baixo, e as golas perfeitamente ajeitadas, mesclando a preta com a azul. A calça acompanhava a cor do terno e as botas eram de um usual negro.

E, encarando Rhys, percebi que ele me olhava com a mesma admiração e descrença, além da falta de palavras.

– Não sei por onde começar. – Confessa, me olhando de cima a baixo mais uma vez. – Nada do que eu disser poderá descrever o quanto você está deslumbrante. – Eu ri, corando um pouco.

– Eu poderia dizer o mesmo. – Rhys sorriu torto.

– Mas... – Ele começa, correndo os olhos por mim pela quarta vez. – Falta algo. – Ele tira a mão que estava atrás das costas.

Uma flor azul estava em suas mãos. Ele se aproximou e delicadamente a encaixou em cima de minha orelha direita. Sua mão roçou de leve a pele sensível e reprimi um tremor.

– Perfeita. – Ele diz me analisando. Mais uma vez.

– Posso dizer o mesmo de você, Rhys.

– Eu sei. – Ele responde, sorrindo convencido, me fazendo soltar outra risada. – Então, senhorita – Ele me estendeu o braço, que aceitei saindo e fechando a porta atrás de mim. –, temos um evento para ir, e não podemos nos atrasar.

Apenas sorri em resposta e descemos os degraus curtos da varanda, caminhando na rua vazia calmamente. O sol estava perto de se pôr, o céu estava limpo e sem nuvens. Quase não podia se dizer que em um ou dois dias, neve estaria caindo.

Andamos pelas poucas ruas em silêncio, até chegar onde as pessoas estavam reunidas. Era uma rua grande e larga, a maior dali. Lâmpadas recarregadas com luz solar estavam dispostas em paredes, já acesas. Mesas grandes estavam encostadas em um canto, em frente as casas, repletas de todo tipo de comida. Cordeiro assado, caldos de feijão, e muitas outras coisas exibiam seus cheiros apetitosos.

No outro canto oposto, haviam pessoas tocando violino, cistres e até harpas. Apesar dos instrumentos um tanto melancólicos, a música era animada e várias pessoas já formavam rodas no meio da rua e dançavam, alegres. A decoração envolvia flores e pedras de diversos tipos.

– E então, o que acha? – Rhys pergunta ao meu lado, ainda parados no início da rua.

– É lindo, animador... feliz.

– De fato. – Ele sorri ao meu lado e começamos a andar para mais perto da festança. – Um dos melhores dias do ano.

– Bom, se todos os anos são assim, posso concordar.

Floresta do SulWhere stories live. Discover now