Capítulo XXV

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Não fora fácil montar uma fogueira. Não tão difícil quanto achei que seria, mas ainda sim... difícil. Rhys sorriu orgulhoso quando eu finalmente consegui acender o fogo, já irritada, e coloquei dois dos peixes para assarem. Estava tão faminta que me pareceu delicioso, mesmo que eu tivesse torrado a maior parte deles.

Passei grande parte do dia procurando um lugar para dormirmos. Rhys ficou calado quase o tempo todo. Segundo ele, eu tinha de fingir que ele não estava ali, e, de fato, no teste de verdade, ele não devia estar ali.

Mas adorávamos quebrar regras.

Depois de procurar por longas horas, encontro uma caverna funda com curva por dentro. Era perfeito. O vento não entraria muito forte, cabia uma fogueira ali dentro, e a neve, que já começava a cair, não nos atingiria. Já era fim de tarde, então procurei alguns galhos secos para uma nova fogueira, com Rhys ao meu enlaço, e quando achei madeira o suficiente, voltei para dentro da caverna.

– Então, agora que o dia está acabando você pode falar? – Pergunto me sentando diante do fogo, tentando me aquecer. Lá fora a neve caía com cada vez mais força e intensidade.

– Não vejo problema.

– Eu passei? No seu teste?

– Não é meu teste, Chloe. Não estou querendo te testar para ver se é boa o suficiente, se é o que está pensando. Eu já disse, estou tentando cuidar de você. – Ele faz uma pausa. – E sim, você passou no teste diário, agora quero ver como se sairá a noite.

– Já dormimos em céu aberto na floresta, de noite. Não creio que encontrarei muitos problemas além do chão duro. – Rhys ri baixo.

– O inverno muda as coisas. Os animais podem estar desesperados por comida, além de que, há animais por aí que adoram sair andando na neve. E se nos sentirem aqui?

– Você me ensinou a camuflar o cheiro.

– Não podemos usar esta técnica aqui, mas, de fato, bem pensado. – Ele balança a cabeça, me olhando sério. – Mas vamos esperar que nada nos perturbe esta noite.

Assinto e passamos um tempo assim. Em silêncio. Minutos se passaram, horas. A noite já caía, mais cedo que o normal, por conta do inverno. Quando já não estava aguentando de fome, novamente, assei o peixe e o dividi com Rhys. Só tínhamos aquilo de alimento, então esperei até o último minuto. A refeição também foi silenciosa, apenas o som das madeiras queimando. Sem muitas opções do que fazer, me deitei no canto da caverna, no fim da curva. Rhys não demorou vir.

Ele se deitou ao meu lado, e esticou um dos braços para que eu usasse de travesseiro. Acabei me aconchegando totalmente a ele, me aquecendo com seu calor já que a fogueira não era o suficiente. Nos deitamos em concha, Rhys me abraçava forte.

A luz que vinha de onde estava a fogueira, pouco antes da curva da caverna, deixava o ambiente agradável e confortável, apesar do chão duro sob nós, e do frio que entrava pelo buraco de entrada, ultrapassando os fogos crepitantes e a curva.

– Acredito que isso não faça parte do treino. – Digo baixinho. Ele começa a fazer carícias suaves em meu cabelo.

– Não, não faz. – Embora eu sinta o sorriso, sua voz parece triste. Me viro para ele. Meu rosto se aquece com o calor de seu pescoço.

– O que está assustando você? – Pergunto num sussurro.

— Você devia descansar. — Ele desvia e eu reviro os olhos, ainda esperando uma resposta. Ele suspira. – Não há nada. – Seu tom soa mentiroso até para ele. – Não sei. Apenas sinto...

Floresta do SulWhere stories live. Discover now