Capítulo 12 - A cobrança

951 118 15
                                    

  A primeira notícia que o Colégio Órion teve naquela manhã, era de uma demissão

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

  A primeira notícia que o Colégio Órion teve naquela manhã, era de uma demissão. Isso porque, quando a Ovelha Negra publicou a foto de Isabela e do treinador, ela não só desmentiu a garota, como também mostrou o que ele andava fazendo. O Colégio é claro, com toda sua regra de boa conduta, e também pensando nos pais que logo apareceriam para causar alvoroço, decidiu de imediato que o melhor era afastar a imagem do professor da instituição.

  Mas isso não evitaria os comentários, afinal de contas, Fontana era uma cidade pequena, e fofocas como essa, de dimensão catastrófica, não ficariam confinadas nos corredores do Colégio. Logo a cidade inteira estaria comentando sobre o caso. O diretor já conseguia escutar as palavras usadas, "o professor que se envolveu com a aluna", "o aliciador de menores", "o pedófilo". Nenhuma delas soava bem, ainda mais se associado ao local em que tudo começou. Não, ele tinha uma imagem a manter, e sua instituição não sairia manchada.

  Por isso, assim que o jovem treinador chegou para a reunião marcada, o diretor o demitiu, não havia outra alternativa, e ele entendeu bem isso. Quem não entendeu bem foram os pais de Isabela, assim que pisaram no Colégio, pois não queriam apenas uma demissão, queriam que ele fosse preso, que pagasse na justiça pelo que fez com a ingênua Bela. Porque era óbvio que a culpa era toda dele. Onde já se viu, aliciar uma jovem correta e íntegra como Isabela, apresentar-lhe todas as indecências praticadas a dois, iniciá-la ao mundo do pecado e da perdição, e ainda por cima em ambiente escolar, seu local de estudo. Não, ele havia cometido um erro gravíssimo, e sozinho. Pobrezinha da garota, usada e enganada dessa forma, uma coitada, vítima da própria ingenuidade.

  O diretor não sabia o que fazer diante das palavras que escutava dos progenitores da garota, não conseguia escolher entre ser surdo ou ficar cego para não conseguir fazer leitura labial. Mas enquanto ele tivesse esses dois sentidos aguçados, como era de conhecimento de todos os estudantes, ainda teria de escutar tudo, concordando como se aquelas palavras estivessem cobertas de razão, como se Isabela fosse a menina inocente e vitimada que seus pais pintavam, enquanto seu ex-treinador era taxado como pecador, errôneo, um monstro em corpo humano.
De certa forma, ter pais tão ligados à religião como os dela, transformava o caso em uma disputa entre o bem e o mal, e vendo do ponto de vista deles era previsível quem ocupava quais posições.

  Eles eram cegos, era a única explicação encontrada pelo diretor enquanto concordava mais uma vez. Eram mais cegos que um deficiente visual, porque a cegueira deles era algo como escolha própria, eles não conseguiam ver porque não queriam acreditar. Como disse, tolos e cegos. Porém o diretor estava errado ao julga-los dessa forma, ele mesmo era a prova viva de que algumas cegueiras são inacreditáveis de tão absurdas, o melhor exemplo era, como sempre, Aurora. O diretor incriminava os dois indivíduos a sua frente por não verem o que todo mundo já sabe, que a garota não é nenhuma Santa, quando ele próprio se recusa a enxergar outro fato ainda mais óbvio, Aurora não é nenhuma boa garota.

  E por falar em Aurora, ela estava a algumas salas distante da temida porta vermelha, encarando o lápis que girava em seus dedos com mais interesse do que demonstrava na conversa ao seu redor. Que diga-se de passagem, era o tópico em alta por todo o prédio.

Ovelha Negra [Completa]Where stories live. Discover now