Ovelha Negra [Completa]

Capítulo 33 - Salvação?

_A mesa quatro quer um milk shake de Ovomaltine, outro de Abacaxi ao vinho, e duas batatas fritas -Aurora murmurou se escorando no caixa 

  Desde que as férias haviam começado, seus dias tinham sido repletos de ocupação. As vezes ela arrumava um tempinho para ler algo, ou ver um filme, mas na maior parte do tempo estava dando aulas de reforço e fazendo trabalhos voluntários para cumprir sua pena com o diretor, ou acabava no Bumerangue ajudando Olívia com as tarefas. Mariana se recusou a contratar um novo funcionário nas férias, disse que a filha precisava de ocupação e algumas lições de vida, aparentemente trabalhar de graça em uma lanchonete traria isso. Olívia até tentou discordar, mas ninguém era capaz de vencer uma disputa com sua mãe.

  Então ali estava ela, atarefada como nunca, enquanto Otto planejava uma viagem para a Itália com o pai. Era injusto, pra não dizer revoltante, mas ela sabia que o irmão precisava desse tempo. Além do mais, Aurora estava ali ajudando, então não era como se ela fizesse tudo sozinha, e haviam outros funcionários obviamente, mas a gêmea gostava de ser dramática.

_Será que a mesa quatro não se deu conta de que fechamos em quinze minutos? Isso é hora de fazer pedido? -a garota Mazzini murmurou ranzinza enquanto entregava as anotações para que Toni preparasse

_Segundo a sua mãe a hora de fazer pedido é até que o estabelecimento seja fechado, o que ainda faltam, como você disse, quinze minutos para acontecer -Aurora murmurou encarando a amiga com um meio sorriso, ela recebeu uma língua em resposta, gesto bastante insultuoso se pudesse opinar

_Ai como é difícil ser uma adolescente trabalhadora incompreendida em Fontana -Olívia se lamentou, chegando até mesmo a levar uma mão ao rosto devastada

_Merece um oito, não me pareceu uma cena muito convincente -uma voz masculina murmurou da entrada

  Aurora se virou para encontrar Otto, que havia acabado de entrar. As coisas ainda andavam estranhas entre eles desde o dia em que discutiram na casa Mazzini, era como se tivessem assinado um tratado de paz, ele não a atacava e ela não o rebatia, era o fim dos conflitos. O problema é que eles também não se falavam, hora nenhuma, era como se em um ambiente com o trio, ambos só enxergassem Olívia.

A garota de cabelos claros não gostava disso é claro, queria que as coisas fossem de outra forma, Oli já a havia perdoado, ela queria o perdão dele também. Mas não seria fácil, sequer havia certeza de que isso ia acontecer. Até lá, aquele clima amistoso era o máximo que eles poderiam alcançar, e a garota não estava no direito de exigir mais que isso.

_Ah, por favor, eu merecia pelo menos um oito e meio -Olívia disse pronta pra discussão- reconheço que faltaram as lágrimas, mas a voz soou bem dramática.

_Se você diz -o garoto deu de ombros discordando- Mas e aí, o que era tão urgente que eu precisava vir aqui agora? Já dei uma olhada no ambiente e ele não parece em chamas, muito menos tão cheio que você não possa cuidar sozinha. E eu ainda tenho que terminar de arrumar minha mala, se não se lembra viajo amanhã cedo.