Capítulo 39 - Estado natural

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  Aurora respirou fundo uma, duas, três vezes

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  Aurora respirou fundo uma, duas, três vezes. Depois mais umas mil. Ela havia evitado aquele momento com todas as suas forças, mesmo que não tivesse que ter se esforçado muito, pra ser sincera. Daquele quarteto, só uma pessoa ansiava por aquele encontro, outra, no caso ela, temia, e as outras duas, bem, era irrelevante. Agora restava descobrir até quando seria assim.

   Cansado de esperar pelo retorno da garota em relação a marcar a reunião com seus pais, o diretor se encarregou pessoalmente disso, e não poupou esforços para arrasta-los até ali. Ele devia ter dito que iria expulsá-la, era a única explicação que a garota considerava grave o bastante para convencer seus pais a irem. Mas, independente da estratégia usada, eles realmente estavam lá, um de cada lado seu, sentados naquelas cadeiras desconfortáveis da sala do diretor. Se perguntassem a última vez em que os três haviam estado no mesmo ambiente, ela provavelmente não se lembraria.

_Fico feliz que tenham conseguido vir,  até entendo o fato de serem muito ocupados, como todos nós, mas é importante a conversa que teremos - o diretor disse organizando seus objetos em cima da mesa

_Nesse caso você pode ser direto, tempo não é algo que temos de sobra - Rodolfo disse já impaciente, devia ser a abstinência de minutos longe do celular falando mais alto - Aurora se envolveu em outra briga foi? Vou ter que tracá-la em casa é? - perguntou se dirigindo a filha

_Não, ela não se envolveu em outra briga - o diretor Garcia interviu, ele não gostava da forma com que aquele pai lidava com a filha, talvez isso explicasse porque ela agira assim - Aconteceu algo pior, mas antes que me interrompa outra vez, deixo claro que vou explicar no meu tempo. Tenha paciência.

_Ele está certo Rodolfo, vamos ouvir primeiro, depois você conclui que atitudes deve tomar - Clara repreendeu o marido, que lhe olhou com tédio e se calou

  Aurora ainda estava estranhando não ver a mãe no usual branco da enfermaria do hospital, aquele uniforme era praticamente sua segunda pele. Clara era uma mulher bonita, de quem a garota havia puxado muito, porém, as semelhanças não iam muito além dali, ou pelo menos era assim que ela enxergava. A abelha rainha preferia continuar sendo aquele erro, do que ser parecida com os pais.

_Muito bem. O caso é sério, e tem tomado novas proporções cada vez mais - o diretor começou lançando um olhar pra garota cabisbaixa a sua frente - eu vou contar tudo desde o início, pra entenderem como chegamos aqui.

   E ele contou, tudo mesmo. O início de sua história foi lá no fundamental, quando ela era constantemente alvo de bullying, e qual foi sua surpresa ao descobrir que os pais da garota não faziam ideia disso. Ou talvez não houvesse tanta surpresa assim, pra ser sincero, ele acreditava que sabia mais da vida dela do que aqueles que a haviam colocado no mundo. Durante a conversa, as explicações, as conclusões que ele havia chegado, cada palavra, cada reação dos adultos a sua frente só reforçaram a teoria que ele havia desenvolvido um tempo atrás, sobre como a base familiar dela havia influenciado na sua formação.

Ovelha Negra [Completa]Where stories live. Discover now