Capítulo 18 - Onde morre a confiança

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  Alguns dias simplesmente pareciam piores que outros, ou realmente eram dependendo do ponto de vista

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Alguns dias simplesmente pareciam piores que outros, ou realmente eram dependendo do ponto de vista. Para Aurora aquele dia era como um divisor de águas, uma ponto que simbolizava a travessia que ela teria que enfrentar. De um lado seus amigos, leais, bondosos, aqueles que assinaram uma lista incrimanando-a apenas para livrar a própria pele. Do outro o desconhecido, algo que ela não sabia se estava pronta para enfrentar, e mesmo assim sentia que era seu próximo passo.

Quando a abelha rainha voltou ao refeitório todos fizeram silêncio acompanhando seu caminhar, buscavam em sua expressão neutra algum comportamento que indicasse o motivo pelo qual ela havia sido chamada. Mas não havia nenhum, ela era muito boa em não deixar transparecer aquilo que não queria que as pessoas vissem. E ela não queria que vissem sua vulnerabilidade.

Quando se sentou a mesa Kara foi a primeira a encará-la, parecia curiosa, até mesmo inocente, como se não soubesse o que realmente estava acontecendo. Mas Aurora conhecia a morena o suficiente para perceber que ela estava jogando verde para colher maduro, ela mesma era mestre em utilizar essa tática e não cairia tão fácil. Porém, por incrível que esse fato fosse, Kara estava mesmo curiosa, e apreensiva, esperava que a melhor amiga chegasse contando que o diretor a acusou de atingir Paula, e é claro, esperava que ela não soubesse como ele chegou a isso.

Porque Kara não era idiota, só que as vezes parecia deveras inocente. Ao entregar a melhor amiga e assinar o próprio nome, ela esperava sim uma reação, mas também esperava sigilo por parte do diretor, como um programa de proteção à testemunha. Assim, quando a abelha rainha aparecesse transtornada pela acusação, ela seria a primeira a apoiá-la e Aurora nunca saberia de nada, nunca saberia de sua traição. Unidas para sempre como a dupla maldade que deveriam ser.

Mas o diretor não sabia dessa parte do plano dela, nem de nenhuma outra. Na realidade ele não pensou muito ao entregar nas mãos de Aurora a primeira prova concreta de seus atos, pensando por esse lado era bem idiota, ela podia rasgar a folha, queimar ou qualquer outra coisa. Até mesmo se ela negasse seu envolvimento o diretor acreditaria, ele confiava mais na palavra dela do que na dos delinquentes que haviam assinado aquela carta, eles, ao contrário dela, já haviam provado que não eram tão boas pessoas assim. O diretor entregou aquela prova nas mãos dela porque confiava nela, queria acreditar que aquela garota era a mesma que vez ou outra frequentava sua sala entre lágrimas, aquela que ele queria proteger como a uma filha. Aquela que ele descobriria mais tarde, não conseguiu salvar.

Mais tarde porque ela não admitiu ter feito nada, tampouco negou, apenas disse que era uma acusação grave, e que não queria se pronunciar a respeito. Ela precisava de um tempo para refletir aquilo, e percebendo qual seria a resposta quando ela o procurasse, o diretor descobriu que precisava do mesmo. Ela não estava pronta pra falar, assim como ele não estava pra escutar. Aurora pediu alguns dias, disse que o procuraria e saiu da sala calmamente, a aparência tranquila enquanto seu interior parecia prestes a explodir.

Ovelha Negra [Completa]Where stories live. Discover now