Capítulo 47 - A alcatéia

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Aquela sexta-feira não era uma sexta-feira qualquer, primeiro que os vestibulares haviam passado, o que permitia a todos os alunos poderem finalmente respirar outra vez, segundo que eles estavam há quase uma semana do tão aguardado baile de formatura

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Aquela sexta-feira não era uma sexta-feira qualquer, primeiro que os vestibulares haviam passado, o que permitia a todos os alunos poderem finalmente respirar outra vez, segundo que eles estavam há quase uma semana do tão aguardado baile de formatura. Ou seja, ela era um limbo. Todavia, o que realmente tornava aquela sexta-feira melhor e mais especial do que todas as outras era a final, a grande e aguardada final do Campeonato Regional, aquela em que os Lobos jogariam.

O campo do Colégio Órion estava iluminado, as arquibancadas estavam cheias, os jogadores estavam se preparando para entrar em campo após o aquecimento. Tudo exatamente como havia sido naquela outra vez, a diferença agora é que o celular de Aurora não vibrava, e ela não iria até o quartinho de limpeza desejar boa sorte ao namorado.

Eles ainda eram namorados, isso pelo menos era um bom sinal, mas não significava muita coisa, pelo menos era o que ela pensava, afinal de contas, eles já estavam a quase um mês dando um tempo. Quanto tempo mais ele precisava? Era praticamente uma tortura aquela situação, e mesmo que o tempo tivesse passado tão rápido que eles mal notassem, ainda assim, ela sentia muita falta dele. Sentia falta do seu abraço, do sorriso, do olhar que ele costumava destinar a ela, do toque, dos beijos. Ela sentia falta dele, dele inteirinho, cada parte até os defeitos que a irritavam. Ela estava morrendo de saudades e sabia o que isso significava, amor, a dimensão do que ela sentia por aquele garoto, o poder que ele tinha sobre ela. Aurora amava Otto, por isso respeitava o tempo dele, porque não queria perdê-lo, porque esperava que sua paciência fosse o suficiente para eles se reconciliarem.

_Ei, o que acha de estampar aquele belíssimo sorriso hoje hein? É dia de comemorar! - Olívia deu um empurrãozinho de leve na melhor amiga, não gostava de vê-la tão cabisbaixa

O fato era que a heterogêmea sabia por que ela estava assim, sabia que o motivo era a separação com seu irmão, outro que andava cabisbaixo. Se ela pudesse, simplesmente juntava os dois outra vez e pronto, uma pena o ser humano ser tão complexo. Então estava ali, de mãos atadas no meio daquela situação, vendo duas das pessoas que mais amava, e que mais se amavam, evitando uma a outra. Ela só não sabia o porquê disso.

_Eu estou sorrindo, é um sorriso interno, por isso você não vê - Aurora murmurou enchendo a mão de pipoca, Gabriela arqueou uma sobrancelha pra garota

_Deve ser tão interno que nem uma máquina de raios-X mostra - murmurou debochada, uma tentativa de mudar o clima, fazer a Abelha Rainha demonstrar qualquer coisa além daquela apatia rotineira.

Não deu certo.

_Fazer o que, um dia a ciência evoluiu e me alcança - a garota de cabelos claros retrucou enchendo a boca de pipoca outra vez, sinal de que não ia falar mais nada a respeito

Ela ficava agradecida por aquilo, é claro, toda aquela preocupação com seu bem estar vindo da melhor amiga e até mesmo de Gabi. Mas não estava disposta a abrir suas feridas ali, muito menos fingir uma alegria que ela sabia não existir. Porque por bem ou mal, em qualquer fase da sua vida, ela nunca havia sido tão falsa assim, só um pouco, e às vezes. Enfim, a única pessoa que podia mudar aquilo, aquela situação e aquela tristeza, era o heterogêmeo, ponto.

Ovelha Negra [Completa]Where stories live. Discover now