Capítulo 44 - Não há nada errado

543 65 39
                                    

Gabriela pegou o celular do colo e desbloqueou a tela, não haviam muitas mensagens pra serem lidas, apenas uma de Sasuke lembrando que era a vez dela de fazer a formatação final da edição do Cinturão, que seria publicada no dia seguinte, e uma de ...

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Gabriela pegou o celular do colo e desbloqueou a tela, não haviam muitas mensagens pra serem lidas, apenas uma de Sasuke lembrando que era a vez dela de fazer a formatação final da edição do Cinturão, que seria publicada no dia seguinte, e uma de Olívia dizendo que tinha comprado suas balas preferidas. A garota saiu do aplicativo e seguiu para o Spotify, não havia muito o que fazer durante o percurso até a escola, percurso esse que percorria com seus pais todos os dias, eles conversavam por conta própria assuntos que não lhe interessavam, em sua maioria sobre a igreja, o último sermão, o que a vizinha havia feito de novo, e que o filho de tal pessoa estava assim e de outra forma, enfim, um tédio.

A garota escolheu algo que fosse capaz de impedir qualquer vibração sonora exterior ao fones, no caso qualquer indício da voz de seus progenitores, e acabou com uma música eletrônica tão alta que seria possível estourar seus tímpanos. Mas ela não se importava, perder a audição não era um preço tão caro a pagar para não ouvir tantas asneiras, sem contar que, dependendo do ponto de vista, a ausência da audição seria mais uma solução do que um problema pra sua situação em questão. Então ela não se importou muito com o fato, simplesmente deu de ombros enquanto os fones reproduziam músicas dignas de uma balada, e passou a encarar a paisagem de concreto e pessoas pela janela.

Entretanto, por mais que seu comportamento pudesse ser tido como errôneo ou ingrato vindo de uma filha, ela amava seus pais, só não conseguia tolerá-los por muito tempo sem se estressar. Não era fácil ser filha única, ainda mais de responsáveis que depositavam tanta confiança e expectativas nela, e era difícil satisfazer aos desejos deles, ela sequer satisfazia os próprios no fim das contas. Sem contar que as vezes eles a sufocavam, ou simplesmente faziam o mais usual, falavam besteiras. Porque é claro que o fato de amá-los não a impedia de ver que, na maioria das vezes, eles agiam de forma rude, falando dos outros, julgando suas atitudes e vidas, sendo preconceituosos. Enfim, eles eram ótimos pais, mas as vezes não agiam como boas pessoas, e esse era o maior temor de Gabi, ela os conhecia bem, ela sabia como eles reagiam a determinadas situações, era difícil.

Assim, quando eles viraram na rua do Colégio e avistaram os gêmeos Mazzini chegando na escola, não foi surpresa pra Gabi os comentários que viriam a seguir. O que a fez, por instinto, baixar o volume dos fones.

_Olha se não são aqueles gêmeos, eles ficam mesmo muito parecidos de longe - seu pai comentou ao volante, pressionando os olhos atrás do óculos em um esforço para tentar diferencia-los.

_Mas também, olha como essa menina se veste e porta, ela deveria usar uma legging do uniforme como as outras garotas e não essa calça masculina. Sem falar nesse cabelo, muito curto - a mulher disse em tom depreciativo

Gabriela havia decidido ficar calada, pelo menos na primeira vez em que ouviu comentários parecidos deles dirigidos a mesma pessoa. Das outras vezes ela seguiu com a mesma decisão, mas alguma coisa estava mudando em si mesma, e naquele momento, mesmo que seu cérebro suplicasse para que ela permanecesse em silêncio, seu coração falou mais alto.

Ovelha Negra [Completa]Where stories live. Discover now