O Colégio Órion é conhecido pelo alto nível intelectual de seus estudantes, pelo grande talento que eles possuem em Campo, e pelos rostos bonitos e de boa conduta. O que ninguém conhece sobre o Colégio Órion, é quem realmente estuda lá, porque por t...
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Aurora não sabia como tinha ido parar ali, ou melhor, sabia, o que não significava que estava feliz de qualquer forma. Quando concordou com o diretor em fazer o possível para se tornar uma pessoa melhor, ao invés de ser jogada diretamente na sarjeta como a mãe de Paulinha queria e muitos concordariam, ela não esperava ir a um psicólogo.
Tudo bem que tinha plena consciência do quanto aquilo era importante, muitos anos atrás ela implorara aos pais que a deixassem frequentar um "Isso é coisa de gente com problema", Rodolfo alegou na época, "Filha minha não precisa disso". Ela sentiu um sorriso se formar nos lábios, bem, o que ele diria se soubesse exatamente onde ela estava agora? Aurora daria tudo pra saber.
O Dr. Rômulo se sentou na poltrona estofada preta, estava terminando de se acomodar após fechar a porta. O consultório dele na verdade era uma pequena sala inutilizada no Órion, que havia sido adaptada da melhor forma possível, Aurora era obrigada a concordar. Tinha algumas prateleiras com livros, umas plantas, incluindo uma enorme de espécie desconhecida que ficava ao lado das grandes janelas de vidro. Como o lugar era no andar superior da construção, a única paisagem visível de onde ela estava era o céu, mas sabia que se fosse até lá teria uma visão da quadra coberta e do campo de futebol. A limpeza também era algo que merecia seu reconhecimento, o fato do ambiente ser decorado em tons claros ajudava, mas a organização parecia mérito exclusivo do terapeuta.
A propósito, quando o diretor anunciou a ela que o responsável por seu atendimento seria um profissional contratado pelo Colégio, ela imaginou no mínimo um ser jurássico de óculos redondos, calvo, e mãos incertas. Entretanto encontrou um homem médio, em torno de quarenta anos, com a pele escura como café e olhos espertos como os de uma pantera, ele parecia o tipo de pessoa que você adoraria ter como amigo, mas ela não sabia se estava pronta para se abrir, nem mesmo com alguém tão educado e prestativo.
_Como vai Aurora? -ele perguntou indicando uma outra poltrona para ela se sentar
_Bem -a garota disse esticando as pernas enquanto continuava a estudar tudo ao seu redor
_Tem algo a me dizer? -Dr. Rômulo perguntou depois de um segundo de silêncio
Aurora elevou uma sobrancelha daquela maneira malcriada e debochada, havia se esquecido de com quem falava.
_Tem algo a perguntar? -continuou abrindo um sorriso zombeteiro
_Na verdade sim, apesar de preferir escutar o que você estiver disposta a dizer -o homem completou sem se abalar com a postura dela
_Achei que você já soubesse de tudo, obviamente sabe as razões pelas quais estou aqui, não é como se fosse um segredo -a abelha rainha melhorou sua postura
_Você está certa, em partes -o homem murmurou cruzando as pernas, exibindo assim uma calça social e sapatos bem engraxados- sei a razão pela qual dizem que está aqui, mas quero saber a razão pela qual você sabe que está aqui.