Capítulo Cinco

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Serena.

Já faziam três dias que eu estava morando na casa da família Monteiro, e por enquanto, eu não havia me metido em nenhum problema e ninguém havia enjoado de mim, graças à Deus. Estava mantendo contato com Isis todos os dias, às oito da noite. Apesar de pouco ver Richard em casa, eu sentia que estava me saindo muito bem com o pouco de conversa que tínhamos quando nos encontrávamos.
As pessoas que eu estava mais próxima ali, era Angélica e Patrick, e mesmo sabendo que eu teria que ir embora de um jeito ou de outro, já podia imaginar que sentiria em deixá-los, eles já eram especiais de mais pra mim. Angélica, era uma criança esperta, com muita luz e Patrick um senhor sábio que adorava conversar, assim como eu.
Acordei naquela manhã, por volta das oito da manhã, Patrick geralmente acordava às nove. Nesse curto espaço de tempo, tomei um banho e desci até a cozinha onde estava uma verdadeira bagunça.
- Meu Deus, passou um furacão aqui Karen? - perguntei à senhora da cozinha que era uma das funcionárias mais simpáticas dessa casa.
- Que nada querida. O primo que estava no quartel chegou de viagem essa noite, para comemorar sua chegada, o Patrício pediu para que fizéssemos uma mesa de café da manhã farta com tudo o que o bonito gostava.
- E está dando certo?
- Mais ou menos. A Lais foi comprar umas coisas que pedi, enquanto estou me virando com as outras. Mas ela ainda não voltou e parece que o cara acorda às nove.
- Estamos atrasadas! Vou te ajudar. - falei colocando um avental que encontrei em cima da geladeira.
Em cima do balcão, tinha uma lista feita por Patrício de tudo que o suposto cara gostava. Ouvi rumores pela casa de que fazia muitos anos que ele não aparecia por aqui, por isso, todo esse cuidado e chamego com o rapaz.
Na lista dizia que ele gostava de: Mel, aveia, panquecas, bolo de chocolate com cenoura, biscoito de polvilho, omelete de pizza, lanche natural, suco de laranja e de morango ao leite.
- Quanta frescura! - tomei liberdade em dizer.
- Ricos querida! Na minha época, panqueca era luxo.
Ameaço um sorriso e começo a espremer as laranjas para o suco. Em seguida, bato no liquidificador a laranja com açúcar e gelo, preparando assim duas jarras completas. Depois, corto os morangos em pedaços, pego uma polpa de morango, leite condensado, leite e bato tudo fazendo mais duas jarras de morango ao leite.
Karen estava terminando os biscoitos quando Lais chegou com os ingredientes da omelete, panqueca e lanche natural. Trouxe consigo um pote de mel e um pote de aveia que diz ter encontrado no famoso " cafundó de Judas."
Faltavam dez para às nove quando nós três terminamos e deixamos a cozinha impecável de tão limpa.
- Serena, não sei o que seria de nós sem você! - Lais diz agradecida.
- Que isso, eu nem fiz nada! - falei. - Agora, vocês ajeitam a mesa enquanto eu vou pegar os comprimidos que Patrick tem que tomar agora de manhã. - falei.
- Tudo bem! Obrigada. - Karen diz me dando um rápido abraço.
Fui até o armário de medicamentos e peguei os comprimidos. Patrick não era tão bom de saúde quanto Patrício disse. O homem tinha diabetes, pressão alta e crise de ansiedade, para isso, tomava remédios controlados.
- Você está gostando daqui? - Karen me pergunta.
- Estou sim! Já considero vocês como minha família. - falei.
- Nós também estamos gostando de você. O patrão principalmente.
- Patrício? - perguntei.
- Sim. Ouvi ele dizendo que você era a mulher ideal pra ele. Ele estava falando pra Richard.
- Puts! - falei colocando a mão na testa. - Ele pelo visto é precipitado, pois mal me conhece. - argumentei.
- Que seja! Mas é importante que você saiba que está arrasando corações por aí. - Karen diz dando uma piscadela.
Resolvi não falar mais nada. Enchi um copo de água, coloquei os comprimidos que ao todo, eram cinco em uma mão e na outra levei o copo.
Subi rapidamente às escadas e como sabia que ele dormia de roupa, tomei liberdade de entrar no quarto sem bater.
- Patrick... Vamos acordar, melhor pessoa do mundo? - falei baixinho perto dele.
- Hã... Cinco minutinhos? - ele diz como uma criança.
- O senhor tem remédios a serem tomados, hum? Vamos que vamos! - digo colocando os comprimidos com a água em cima do criado mudo.
Patrick tinha certa dificuldade em levantar da cama ao acordar pois a cama geralmente era muito baixa. Então, usando minha força das duas mãos, o ajudei a levantar.
- Como você consegue ser tão bonita até com cara de sono, moça? - ele pergunta e eu logo fico sem graça.
- Força de hábito! - dou uma piscadela e lhe entrego os remédios.
Após ter tomado. O ajudei ir até o banheiro onde lá ele conseguiu se virar sozinho. Me prontifiquei a arrumar-lhe uma roupa bem bonita, para receber o rapaz que sugiro ser seu neto.
Assim que abri o closet, perto de suas camisas, vi um porta-retrato onde ali, ele sorria feito criança ao lado de uma senhora linda de lábios vermelhos.
Logo procurei acreditar que aquela senhora, era sua esposa.
- Ela era linda! A mais bela rosa de todos os jardins. - o ouvi dizer ao sair do banheiro e se dar conta de que eu estava com o porta retrato.
- Desculpe, eu não queria ter mexido. - falei sem graça.
- Tudo bem, não vejo problemas nisso. Mas fala a verdade, ela não era linda? - perguntou com os olhos cheios de lágrimas.
- Era maravilhosa! - falei sincera.
- E sabe qual é a melhor parte disso? - perguntou de braços cruzados.
- Não, qual é?
- Era que ela era a mulher da minha vida. - secou uma lágrima que caiu dos seus olhos. - Vamos descer? - perguntou ajeitando uma camiseta surrada no corpo.
- Eu separei uma camisa nova para você. O seu neto chegou essa madrugada e tem uma mesa linda e farta para recebê-lo, quero que esteja bem bonito! - falei entregando-lhe a camiseta.
- Você não existe, moça! - deu um sorriso e em seguida trocou a camiseta surrada pela que eu escolhi
Como de costume, descemos com ele segurando em meu braço. No caminho para a cozinha, escutamos Richard dizer ao passar por nós:
- Bom dia vovô, bom dia Serena linda!
Brincalhão.
- Bom dia Richard. - respondi sorridente.
- Bom dia, meu neto! Deus que lhe abençoe.
- Já abençoou. - disse segurando no outro braço de Patrick.
Entramos na cozinha e logo vi o rapaz de costas. Fernanda estava sentada na ponta da mesa, Angélica ao seu lado, Patrício na outra ponta.
- Bom dia família! - Richard saldou.
E então, o rapaz se virou e seus olhos rapidamente caíram no meu e eu o encarei.
Senti toda a possível tensão percorrer pelo meu corpo ao ver que ele era a única pessoa que eu conhecia muito bem.
Logo, tudo passou como um filme em minha cabeça. Lembrei-me então que tudo fazia sentido. Ele também era Monteiro, havia me contado em um dos passeios que demos naquela época e ele também foi pro quartel. Me senti uma burra por não ter percebido que o primo do quartel não era nada mais, nada menos do que Gael. O homem que conseguiu destruir a minha vida.
Naquele momento, me senti dentro de uma bolha, na qual não conseguia sair e sequer imaginava qual era a cara que estava fazendo no momento que nossos olhos se encontraram.
Logo, senti vontade de sair correndo mas sabia que o que vivemos era um passado que já estava pra lá de enterrado. Sabia também que a única dor que foi capaz de permanecer, foi a perda da minha filha, por causa da maldita mãe dele. Então, optei por ficar e apertar sem querer um pouco mais o braço de Patrick que ao sentir, sussurrou:
- Está tudo bem?
- Sim! - sussurrei de volta.
- Serena, esse é Gael meu primo que passou longos anos sem nos fazer uma visita sequer, esse desnaturado! E Gael, essa é Serena, a nova integrante da família conhecida como arrasadora de supostos corações e cuidadora do vovô! - Richard nos apresentou e como se não nos conhecêssemos, Gael deu a volta na mesa e estendeu a mão pra mim.
- É um prazer conhecê-la Serena. - falou sínico e com um sorriso de canto.
- Bom dia Gael, bem vindo de volta à sua casa. - apertei sua mão e rapidamente a soltei.

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Próximos 05 capítulos, amanhã! Espero que estejam gostando, rs! Votem e comentem, tá?

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