Paixão Sublinhada

Capítulo Quarenta e Sete

Capítulo Quarenta e Sete

Serena

Antes de entrar no quarto, o doutor me " abandonou" no corredor. Decidi ligar para os familiares de Gael, quando eu tivesse que ir embora.
Bati na porta e não o ouvi responder, entrei sem que fosse convidada e ele estava comendo.
Limpou a boca ao me ver e ficou surpreso.
- Serena...
- Achei que você morreria. - falei ao chegar no pé da sua cama.
- Eu também. A comida daqui é gostosa, até.
- Eu lembro que comi bastante quando perdi minha filha. - respondi. - Enfim, você está bem?
- Agora sim. O médico disse que estou com começo de pneumonia e que dei sorte dela não ter pego meu corpo por completo.
- Você sempre foi um cara de sorte Gael, estranho seria se tivesse pego seu corpo.
- Porque acha que sou um cara de sorte? - ele pergunta surpreso.
- Você tem uma família linda, tudo que você quer, tu compra. Você é forte como touro, tem um emprego que a maioria dos homens adorariam ter. Deve ter os melhores amigos do universo. - respondi.
- Mas não tenho você. O que adianta ser um " homem de sorte" se o que eu mais gostaria de ter, eu não tenho? - perguntou com a sobrancelha arqueada
- Fico feliz que esteja bem. Vou pra casa porque Cecília está precisando de mim. Vou ligar pra Jennifer e avisar que você está aqui. Ela te faz companhia.
Ele revira os olhos.
- Porque foge da gente, Serena?
Respiro fundo.
- Porque eu já me machuquei o suficiente pra saber que não quero me machucar de novo.
- Eu não quero te machucar. Você sabe disso...
- Pelo ao contrário, eu não sei de nada. - dou uma piscadela. - Eu também achei que você não iria me machucar lá no começo, mas machucou e quem faz uma, faz duas, três e por aí vai.
- Eu espero que um dia, de coração, você possa me perdoar por todo mal que causei.
- Se quer o perdão, eu te perdoo. Não me comove mais, Gael. Não dói, pelo ao contrário, a única coisa que ainda dói é a norte da filha que estava em meu ventre.
Seus olhos se enchem de lágrimas.
- Eu adoraria tentar de novo Serena. Sinto que o teu amor ainda é meu, assim como o meu é todo seu.
- Eu te amo Gael. Você é uma parte da minha vida que eu nunca vou me esquecer. Foi meu primeiro amor, homem e na minha cabeça, namorado. Mas acabou e eu não estou disposta a tentar de novo. Eu cansei.
- Obrigada por ser tão sincera.
- Case-se com Jennifer Gael. Procure ser feliz ao lado de alguém que agora te dê valor. Que te ame tanto quanto eu fui capaz de te amar um dia.
- Mas e você? Eu não amo Jennifer.
- O amor vem com o tempo! Eu sou completa. Tenho Cecília, Patrick e toda minha família. Você não é o principal da minha peça de teatro chamada vida, você faz apenas algumas participações especiais. - respondi. - Preciso ir, até logo.
Não dei tempo para que ele respondesse. Sai do quarto com o coração doendo por ter aberto mão dele.
Ele precisava casar-se com ela.
Só assim eu enfim o esqueceria.