Capítulo Trinta e Dois

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Capítulo Trinta e Dois

Serena

Eu devia estar me sentindo exausta, mas a preocupação era maior.
Assim que anoiteceu, liguei pra Patrício e o celular caiu na caixa postal.
Eu não devia estar correndo esse risco.
Coloquei duas peças de roupa dentro de uma bolsa, às chaves do carro, algumas coisas para comer e em seguida decidi ir até Patrick, por mais longe que pudesse ser.
Assim que cheguei na cozinha, minha mãe perguntou:
- Aonde você vai querida?
- Atrás de Patrick. - falei com os olhos cheios de lágrimas. - Eu prometo voltar! - beijei sua testa e sai de lá.
- Você está se ferindo ainda mais. - a ouvi gritar.
Eu sabia que tudo podia dar errado, mas sabia também que tudo podia quase impossivelmente dar certo.

Viajei por horas, agora sim, eu me sentia exausta. No caminho, tentei ligar diversas vezes para Patrício e em todas, ele recusou.
A única coisa que fiz foi ligar o rádio na estação de notícias que à todo momento chegava com uma notícia nova de Patrick, apesar de tudo, de não ser uma celebridade, às pessoas, por causa de Richard, o amavam e admiravam muito!
Demorei horrores para chegar mas assim que consegui chegar na cidade, senti um alívio muito grande.
Fui direto ao primeiro hotel que encontrei para que pudesse me hospedar hoje e amanhã, sabia claramente que às duas da manhã, não se permitia mais visitas, então, optei por descansar e ir pela manhã.

Acordei cedo, fiz a minha higiene matinal seguida de um banho e de início comi um salgadinho. Respirei fundo, o dia seria longo. Peguei um papel, uma caneta e decidi escrever uma carta à Patrick.
" Estou aqui para te pedir perdão! Não posso pessoalmente porque agora você se encontra internado, não posso agora porque mesmo que estivesse bem, o senhor se recusaria a me ver. Eu errei muito e sinto muito por isso, acontece que, desde que havia perdido a minha filha, não fui capaz de sentir um apego tão grande por outras pessoas como senti por você e por toda sua família, exceto Gael. Quero que saiba que não publiquei a matéria, não fui capaz de tamanha crueldade com pessoas que nunca me desampararam. O fato de não ter publicado, me rendeu uma demissão, mas nessas alturas do campeonato eu pouco me importei com isso. Espero que um dia, possa me perdoar Patrick, de coração! Tanto você quanto qualquer um da sua família. Você foi e é, o melhor presente que a vida me trouxe. Adeus ou até logo! Ass. Serena."
Eu chorei muito ao escrever, o peito apertou, eu entregaria aquilo à Fernanda porque sei que ela poderia entregar pra mim quando ele voltasse do coma.
Após pagar a hospedagem no hotel porque depois que saísse do hospital eu iria embora, fui rumo ao meu destino.
Assim que cheguei, perguntei na recepção pelo quarto do Patrick e expliquei detalhadamente quem eu era, qual era minha profissão em sua casa, com direito de mostrar o RG. Após todo esse procedimento, fui liberada para entrar até o corredor principal.
Assim que cheguei, encontrei Fernanda com os olhos inchados que ao me ver, pareceu não acreditar.
- Eu vim por ele, não me mande embora por favor. - pedi com os olhos manejados de lágrimas.
Achei que ela iria dizer algo, mas ela fez! Aproximou-se de mim e me abraçou fortemente.
- Eu acredito em você! - sussurrou no meu ouvido. - Eu faria a mesma coisa se estivesse no teu lugar. - sussurrou de novo.
- Eu não fiz. - derramei uma lágrima.
- Não? Você não publicou a matéria?
- Não. - respondi. - Eu fui demitida por não topar publicar, não posso fazer isso com vocês, eu os considero uma família Fer.
- Eu sabia que não teria coragem! Apesar de tudo, apesar da mágoa, nós também te amamos mas saiba que vai ser um pouco difícil o perdão dos outros da família.
- Eu não quero o perdão de ninguém além do de Patrick. Não me importo com Gael, Angélica, Patrício, Jennifer ou Richard. Pra mim, eles não fedem e não cheira. Patrick é o principal. - respondi.
- É assim que se fala. Te admiro por ter vindo apesar de tudo.
- Praticamente surtei ao ver a notícia na TV, eu posso vê-lo? - pedi.
- Pelo vidro sim. Vire à direita.
- Obrigada. - respondi.
Cheguei ao tal vidro e pude ver Patrick de longe. Ele aparentava estar mais magro e tenho certeza que se pudesse escolher, preferia ir ficar ao lado da esposa.
De repente, tudo que vivemos juntos passou-se como um filme na minha cabeça e eu me peguei sorrindo ao lembrar da nossa pescaria, dos conselhos, e ficando triste aí lembrar das vezes que o vi chorando.
- O que faz aqui? - ouvi uma voz grossa soar, me virei, era Patrício.
- Não é óbvio? - apontei para Patrick.
- Ele não precisa de você, vai embora. - respondeu seco.
- Mas eu preciso dele.
- Isso é problema teu.
- Cala a boca Patrício.
- Você parece que gosta de chamar atenção. Primeiro, faz o que faz, e depois volta como um cão arrependido esperando que a gente acredite em você. Você é muito tonta!
- Olha aqui. Em momento algum eu te ofendi Patrício, eu errei sim e estou aqui pra poder consertar isso. Não te devo satisfações e se quiser sentir ódio de mim, aproveite que é gratuito e fique a vontade. Eu estou pouco me fodendo pra isso, para o que você pensa ou deixa de pensar em relação à mim.
Ele ri.
- Vai embora. Você é a culpada disso tudo.
- Eu não vou Patrício.
- Ok. - ele respondeu pegando um celular e discando um número.
- Segurança? Pode subir até o andar doze por favor? Tem uma mulher louca aqui que não é bem-vinda, não quer ir embora, preciso que a retirem.
Eu estava pasma.
- Obrigada. - respondeu e desligou.
- Você é um cretino! - avancei nele e mirei-lhe uma bofetada. - Disso eu não me arrependo! De ter metido a mão na tua cara. Mas me arrependo de ter beijado essa sua boca imunda, vivido com esse ser escroto que você é! Seu babaca. - gritei e logo os seguranças apareceram me segurando pelo braço.
- Eu vou sozinha! Não encostem em mim. - falei irritada.
Olhei pela última vez para Patrick, e sai ao lado daquele dois armários, passei por Fernanda chorando.
- Entregue essa carta pra mim quando ele voltar do coma?
- Desculpa por isso. - ela diz pegando a carta.
Eu apenas assinto com a cabeça e saio.

Paixão SublinhadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora