Capítulo Trinta e Sete

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Capítulo Trinta e Sete

Serena

Duas semanas depois...

Após aquela discussão, barraco e gritaria no dia da inauguração do café, Fernanda decidiu levar Gael e a noiva que estava dentro do banheiro embora. Mas, antes de entrar no carro, a mesma disse que estaria comigo apesar de tudo.
Assim que entrei, fui falar com Cássio, ele já estava mais calmo e aparentemente contente por ter se vingado de Gael.
A única que saiu mais machucada dessa história toda, de novo, era eu.
Duas semanas haviam se passado desde o ocorrido, ninguém falava mais disso e eu também, não havia mais visto Gael.
As atividades do café, iam de vento e polpa.
Estava um dia lindo, um sábado que eu havia tirado uma folga do café para poder distrair a mente.
Fui até o centro, em um parque muito famoso da cidade.
Pela primeira vez, pude ver que o parque em si não estava cheio. Tinha crianças correndo de um lado para o outro, poucos casais conversando e tirando fotos, e poucos idosos fazendo ginástica.
Fui até o lago, o lugar que me trazia paz.
Assim que cheguei, vi uma garotinha de costas, pequenina, mexendo na grama perto do lago.
Não demorei a me aproximar dela.
- Olá.
Ela me olhou com um sorriso.
- Oi. - respondeu envergonhada.
Notei que ao seu lado, tinha uma pequena bolsa da minnie.
- Qual é seu nome?
- Cecília.
Meu coração acelerou! Nunca havia encontrado uma criança com esse nome desde que perdi a minha Cecília.
- Que nome lindo. E você tem quantos anos? - perguntei.
Ela abriu quatro dedinhos.
- E cadê sua mãe?
Ela não soube me responder. Seria possível ela estar perdida? A mãe não deveria estar muito longe.
Ela virou-se de costas pra mim, sentou na grama e permaneceu brincando sozinha.
Por curiosidade, resolvi ver o que tinha dentro da bolsa da minnie.
Assim que abri, vi uma mamadeira vazia, uma chupeta, um pano e um papel com algumas coisas escritas, decidi ler.
" É uma crueldade o que estou fazendo, talvez Deus nunca seja capaz de me perdoar. Sou mãe de seis filhos e Cecília é a caçula. Estamos passando por dificuldades, morando na rua, não tendo nada para comer e beber. Não tenho estudos, emprego e agora, devo estar muito longe daí. Me desfiz de Cecília como uma pessoa que se desfaz de uma roupa velha. Ela é fruto de um estupro e eu não consigo amá-la. Não tive coragem de levá-la para adoração, então, a deixei aí, à Deus dará nesse parque. Talvez, você nunca mais me encontre, mas se puder cuidar dela por mim, eu agradeço! Ass. Mãe biológica!"
Se um dia fui capaz de chorar por uma filha que me foi tirada à força, hoje choro pela filha que uma mãe de seis filhos não foi capaz de criar.
Olhei para a pequena brincando e senti pena por uma criança tão linda e ingênua ter sido deixada assim.
Respiro fundo. Eu não a deixaria aqui.
- Pequena? - chamei.
- Hum? - ela me olhou.
- Eu me chamo Serena.
- Seiena? - ela sorri.
- Sim. Você quer ir dar uma volta comigo?
Ela parece perdida.
- Você é minha mamãe?
- Não sou. - respondi. - Mas quem sabe um dia.
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NA FOTO ABAIXO É CECÍLIA E SERENA

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Paixão SublinhadaWhere stories live. Discover now