Capítulo Oito

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Serena

Conversei um pouco com Patrick sobre o vestido ter caído tão bem no meu corpo sendo que Patrício não sabia sequer minhas medidas, e ele me respondeu que quando um homem quer, ele sempre arranja um jeito de descobrir se bobear até o tamanho da calcinha que nós usamos.
Ele me desejou boa sorte e disse que independente de qualquer coisa, estaria comigo, e eu fiquei feliz, por saber que em tão pouco tempo eu já o tinha.
Desci para esperar Patrício que não demorou nem dez minutos para chegar, e por sinal, estava muito bonito em um terno preto e uma gravata cinza.
- Meu medo era te encontrar de pijama. Não que você não seja bonita em um, mas isso seria não aceitar jantar comigo. - diz sem graça.
- Você disse no bilhete que não aceitava um não como resposta, lembra? - perguntei.
- É verdade. Vamos?
- Sim, vamos! - respondi ao respirar fundo e entrelaçar meus braços nos dele.
Quando Patrício ia fechando a porta, dei uma última olhada para trás me certificando de que não havia esquecido nada, e encontrei Gael na escada, me olhando sair de braços cruzados, ameacei um sorriso de pura provocação.
- Conhece a cidade?
- Nem a esquina da sua casa. - respondi com um sorriso.
- Nunca veio pra cá?
- Nunca tive oportunidade. - respondi.
- Vou te levar à um restaurante que eu acredito que você irá gostar.
- Se seu bom gosto for como teve com o vestido, eu tenho certeza que irei adorar. Aliás, obrigada!
- Não precisa agradecer. - deu uma piscadela e apertou levemente minha coxa por cima do vestido.
Ousado!
Chegamos ao restaurante, e logo um maître veio nos recepcionar. Nos deixou em uma mesa no centro do restaurante onde tinha inúmeros casais que aparentemente estavam ou apaixonados um pelo outro, ou se conhecendo como eu estava " conhecendo" Patrício.
Respirei fundo, aliás, estava fazendo isso desde que cheguei aqui na cidade, naquela casa, para não perder o controle de toda a situação.
Patrício pediu um vinho de início e focou os olhos na tatuagem que tinha próxima ao ombro. Ele foi a primeira pessoa desconhecida a reparar as minhas asas de um anjo com o nome da minha filha.
- Quantas tatuagens? - perguntou curioso.
- Apenas essa. - apontei.
- Porque asas de um anjo e esse nome? Algum significado especial?
- Muito especial. É as asas da minha filha que faleceu.
Senti um nó surgir na garganta. Vejo ele ficar desconfortável.
- Eu sinto muito, não sou capaz de imaginar a sua dor, mas acredito que doa bastante.
- Todos os dias dói. - sorrio fraco. - Mas tudo bem! E a Angélica? Ela é linda! - mudei de assunto.
- Ela é a razão da minha vida. - diz de forma apaixonada.
- Eu vejo o amor que vocês têm um com o outro, acho lindo!
- Obrigada. - sorriu sem graça. - Sinto que ela precisa de mim à todo tempo, por não ter a mãe, sabe? Então com ela, eu brinco de bonecas, casinha, escolinha e nunca encontrei brincadeiras tão gostosas quanto essas. - ele sorri.
- Uau! - digo tomando um gole de vinho. - Eu imagino que seja mesmo.
- Não pensa em ter outros filhos, Serena? - perguntou.
- Não. - respondi séria.
- Entendo... - diz com um ar de mistério. - Quem é você, Serena?
E ali, contei quem eu era omitindo muitas partes, como por exemplo a parte em que me apaixonava por Gael e me ferrava. A parte de ser uma escritora de fofocas em uma revista. Contei o básico! Da minha família, minha idade, alguns pequenos sonhos. Perguntei também que era o Patrício, e ele me respondeu que era alguém que começou a trabalhar muito cedo. Um homem apaixonado pela filha, pela família, pelo trabalho e pelo império que aos poucos estava construindo.
A comida do restaurante era espetacular, eu e Patrício tomamos quase três garrafas de vinho e já estávamos alegres, contando piadas sem fundamento e nos divertindo horrores.
Até que chegou a hora que teríamos que ir embora. Ele foi pagar a conta e eu fui para o carro esperá-lo. Não demorou muito para que ele chegasse.
- Vamos? - perguntou com alarme do carro em mãos.
- Sim, vamos! - falei colocando as mãos na cintura.
- Antes... - ele se aproxima ficando de frente pra mim.
- Antes? - perguntei.
- Preciso... Hã... Te beijar!
Não deu tempo nem de eu responder e Patrício já estava com sua boca colada na minha.
Eu quis ter forças para me afastar, eu realmente não queria me envolver, porém, faziam quase seis anos que eu não sabia o que era um beijo na boca de verdade, então eu aproveitaria aquele momento, mesmo que amanhã eu me arrependesse.
O beijo dele era bom e quente. Suas mãos percorriam por toda extensão do meu corpo, da nuca ao bumbum e vice-versa. Quando vi que estávamos longe demais, resolvi parar:
- Estamos avançando sinais. - ameacei um sorriso.
- Realmente. - ele suspira. - Você é maravilhosa! Como pode estar solteira?
- Tenho outras prioridades. - apertei o alarme do carro e entrei.

Paixão SublinhadaWhere stories live. Discover now