Capitulo Vinte e Oito

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Capitulo Vinte e Oito

Serena

Eu não queria dar à Gael o gosto de me ver sofrer mais uma vez, então, mesmo com ele ali em silêncio, comecei a rapidamente enfiar minhas roupas dentro das malas que eu havia trazido.
Eu sentia que ele queria falar.
Eu sentia que ele não conseguia.
Talvez o saber da morte da nossa filha, tenha mexido um pouco com ele, ou, saber que quem a matou foi a própria mãe, deve ter deixado-o um tanto quanto confuso e sem respostas para algumas de suas perguntas, assim, como eu fiquei quando vi que Cecília já não estava mais comigo.
Eu não gostava de lembrar porque doía, porque uma parte imensa de mim, sangrava.
Demorei menos de vinte minutos para colocar as roupas de qualquer jeito. Peguei todos os pertences e em especial o meu notebook, eu já havia acabado com o coração do Patrick, eu só precisava enfim publicar.
Enquanto ia para a porta, Gael me analisava dos pés à cabeça.
- Você é decepcionante! - foi o que ele disse.
- Você também é, os teus erros principalmente. Aliás, não é apenas decepcionante e sim um monstro. - respondi saindo dali o mais rápido que pude.
No corredor, Fernanda, Patrício e Angélica pareciam me esperar plantados ali.
- Eu não me conformo que você fez isso. - Fernanda falou com os olhos cheios de lágrimas, eu não consegui dizer.
- É bom que você nunca mais volte a pisar aqui ou sequer passe em frente à essa residência. O dinheiro que você tem pra receber, vou depositar ainda amanhã para não correr o risco de olhar pra essa sua cara de morta com falso arrependimento. - Patrício falou secamente e entrou para seu quarto, batendo à porta com toda força do mundo.
Derramei uma lágrima.
- Vou sentir sua falta, eu te amo. - Angélica, a pequena diabinha me abraçou mas eu sequer consegui retribuir.
Passei pelo " vale" da morte, vulgo corredor de cabeça baixa, desci às escadas e lá embaixo estava Patrick e Richard.
- Eu podia esperar tudo de você, menos isso! Você traiu a minha confiança, lealdade e perdeu sem ver a minha amizade por querer destruir a imagem de Richard. Você é infeliz! Perdeu o meu amor, minha admiração pela pessoa que você era, mas agora, me caiu a ficha de que você não passa de uma farsa! Tudo em você conspira à mentiras, não duvido nada que tudo que você desabafou comigo, seja mentira. - Patrick disse com os olhos cheios de lágrimas.
- Espero que um dia possa me perdoar. - foi o que consegui dizer. - Nada do que te contei foi mentira, nada do que desabafei, não aconteceu. Eu me apaixonei, me lasquei, ele me deixou grávida e a mãe dele matou a minha filha. - o peito chegou a arder. - O que foi mentira, era a minha profissão. Eu nunca cuidei de ninguém, mas nunca vi uma outra possibilidade de colher informações se não fossem desse jeito. Richard se recusa a dar entrevista com qualquer revista.
- Eu tenho os meus motivos! - Richard falou irritado. - E espero que nessa maldita matéria que você publicar, tudo seja verdade, ou vou te processar e você vai perder até a tua calcinha. Agora, vai embora! Ninguém te quer aqui e você não é e nunca mais vai ser, bem vinda.
E eu fui. Sem sequer olhar pra trás. E doeu, com muita intensidade ainda.

Paixão SublinhadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora