Capítulo Vinte e Nove

2.8K 241 1
                                    

Capítulo Vinte e Nove

Serena

Agora era hora de reconstruir a minha vida com o que havia sobrado do meu coração.
Eu chegaria em casa, deitaria no colo da minha mãe, contaria tudo à ela e iria dormir chorando. No dia seguinte, eu estaria pronta pra viver novamente.
Durante toda a viagem, meu celular tocou, podia ser qualquer outra pessoa mas era Iris e em nenhuma das vezes eu a atendi.
Não estava com cabeça.
À todo tempo, as palavras daquela família vinham e martelavam em minha cabeça. Me chegava a causar enjoo, só de lembrar, das coisas que haviam acontecido.
Permaneço sendo uma merda.
Cheguei em minha cidade no meio da tarde, exausta tanto emocionalmente quanto fisicamente.
Inspirei o ar fresco daquele dia e deixei-me sentir saudade daquele lugar.
Minha casa.
Peguei um táxi e fui direto. Ao chegar, minha mãe estava passando um café, deixei as malas no chão e logo meu sobrinho apareceu.
- Titia, você voltou! - e me abraçou fortemente.
- Voltei meu pequeno, que saudade! - beijei sua testa macia.
- A vó está na cozinha. - apontou.
- Eu vou indo pra lá. - respondi.
Ele logo voltou a brincar, e eu fui até a cozinha.
- Filha, que saudade! - ela desliga o fogo e me abraça, aquilo foi o suficiente para que eu voltasse a chorar. - O que foi bebê? - perguntou preocupada e aí, tomei forças para contar tudo que havia acontecido. Ela era a única pessoa que não iria me julgar.

Eu me lembro de depois de desabafar com minha mãe, chorar feito bezerro desmamado e automaticamente dormir deitada em seu colo, na sala, porém, acordei na cama.
Minha cabeça latejava de dor, meu celular tinha vinte ligações perdidas de Iris, eu estava ficando nervosa com toda essas ligações que com certeza seriam pra falar de Richard.
Desliguei o celular e fui pra cozinha tomar uma aspirina, olhei no relógio, eram meia noite e ponto.
Eu sabia que era tarde da noite, porém, pouco me importava. Peguei as chaves do carro e sai rumo à uma praça que não era tão longe da minha casa.
Mas antes, passei em um boteco aberto e comprei dois vinhos para que eu tomasse enquanto refletia sobre o que estava fazendo da minha vida.
A praça não era escura, mesmo sendo meia noite, tinha bastante pessoas. Umas namorando, outras jogando bola, outras bebendo e tinha eu que estava sozinha, sentada no gramado olhando a lua cheia enquanto bebia o meu primeiro gole de vinho.
Respirar o ar puro era uma das coisas que eu mais estava precisando naquele momento, sabe? Não me sentir sufocada com a presença de Gael, não me sentir sufocada pela minha mentira, não me sentir sufocada com a saudade que eu sentia da minha filha, era um tanto quanto maravilhoso.
Fiquei ali, por muitos minutos sozinha, até que uma moça muito bonita sentou ao meu lado.
- Se importa se eu ficar aqui - perguntou.
- Não. - respondi.
- Porque está aqui?
- Eu precisava estar aqui. - respondi sem graça, ela me olhou.
- Você está sofrendo. - afirmou e meus olhos se encheram de lágrimas.
- Pela segunda vez ainda. - tentei sorrir, em vão.
- Você sabia que nenhuma dor e nenhum sofrimento é pra sempre, moça?
- Parece que comigo ele sempre vai permanecer. - bebi um gole do meu vinho.
- Achamos isso porque perdemos a fé de que tudo pode melhorar. Eu não sei o que está acontecendo, não sei o porque de você estar sofrendo, mas sei que mesmo soando clichê, tudo passa.
Ela resolveu me abraçar.
- Obrigada.
- Sou Michele e você?
- Sou Serena.
- Serena como a luz da lua. - brincou e eu sorri.

Paixão SublinhadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora