Capítulo Dez

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Serena

Entre um copo de cerveja e outro, logo avistei Gael vindo com uma moça bonita ao longe, torci para que Fernanda não os visse, mas bastou ela capturar o meu olhar para que eu pudesse notar que era tarde demais.
- Gael! - ela chamou assim que ele vinha aparentemente ao nosso encontro, a moça atrás de si, estava tímida.
- Olha quem está por aqui! - ele diz fingindo surpresa e abraça a prima, em seguida balança a cabeça em forma de "oi" pra mim.
- Quem é a moça? - perguntou Fernanda curiosa.
- Essa é... - ele pensou.
- Jennifer. - disse a moça sem graça. - Estamos nos conhecendo.
- É um prazer conhecê-la Jennifer. Essa é minha amiga Serena.
- Olá Jennifer. Você é linda. - falei com sinceridade e a vi ficar vermelha.
- Obrigada.
- Sentem-se conosco.
- Para de ser empata foda amiga. Vai ver os dois querem um lugar a sós, para conversar. - falei tentando fazer com que Fernanda mudasse a ideia de Gael sentar com a gente.
- Por mim, não vejo problema algum. - Gael disse.
- Eu também não! Adorei vocês. - Jennifer diz sorrindo.
Menos um ponto pra mim.
Os dois se acomodaram tranquilamente em nossa mesa, pedimos dois copos à um garçom e também o cardápio.
Não demorou para que pedíssemos uma porção de filé de tilápia e uma fria mista de salame, azeitona e presunto.
Nós quatro conversávamos como se fôssemos amigos à décadas, apenas pra Gael que eu às vezes cortava. Não fingiria que gostava dele.
Jennifer nos contou que era uma estudante de engenharia da produção na cidade vizinha, tinha completado vinte anos recentemente e nunca tinha sido de muitos amigos. Fernanda logo se prontificou a ser amiga dela e eu também, obviamente. Combinamos de irmos ao cinema no próximo fim de semana e Gael não foi convidado, segundo Fernanda era a noite das meninas, ele aparentou não gostar muito.
No fim da noite, meus pés já estavam levemente doendo, havíamos tomado três torres de cerveja, comido horrores e meu estômago estava querendo apitar na curva.
Gael como conhecia o dono do barzinho, pediu para deixar o carro de Fernanda ali que amanhã ele viria buscar e resolveu, do nada, nos levar pra casa.
Por incrível que pareça, Jennifer foi a primeira a ser deixada em casa. É claro que Gael a acompanhou até o portão e ali, demorou por quase dez minutos.
No caminho pra casa, estávamos em silêncio quando Fernanda disse:
- Eu gostei dela.
- Eu também! - respondi.
- Eu também gostei. - Gael parecia animado.
- Não a machuque Gael. - Fernanda diz.
Revirei os olhos sem que eles pudessem ver. Fernanda estava no banco do passageiro e eu estava no banco de trás.
- Não tenho o porque de machucá-la, já deixei claro o que quero com ela.
- DROGA! - praticamente gritei e ele freou o carro com tudo.
- O que aconteceu?
- Você é um babaca! - respondi seria. - Como pode dizer à garota que só quer sexo com ela? Tomara que ela nunca mais te queira, estupido. - falei raivosa e ele se calou.
- Calma Serena... - Fer diz sem graça.
- Preciso vomitar! - falei sentindo meu estômago embrulhar de vez.
Notei que estávamos na rua de casa, Gael freou o carro novamente e correu abrir a minha porta para que eu não vomitasse dentro do carro.
Não demorei a gorfar.
- Você cuida dela? - Ouvi Fernanda dizer. - Estou exausta! Vou andando.
- Eu cuido. - Gael respondeu segurando meu cabelo.
- Fer, não vai. - falei e logo vomitei de novo.
- Pode ir Fernanda. - ele disse autoritário.
Vomitei tudo que tinha pra vomitar, com certeza foram aquelas porções que não me fizeram bem. No fim, estava deitada no peito dele, foi aí que eu lembrei que na verdade eu o odiava e deu um pulo saindo do carro tomando o maior cuidado para não pisar no vômito.
- Não encoste em mim! - fui rude.
- Você é louca? Eu só quero ajudar. 
Meus olhos se enchem de lágrimas e eu às reprimo.
- Você nunca ajuda Gael, não a mim que não precisa. Lembre-se disso. - digo ajeitando minha roupa e saio andando.
- Você não pode deixar um passado te abalar! - ele gritou.
- Você está errado em dizer que me abala. - gritei de volta.
- Você não mudou nada! Continua a mesma teimosa que conheci há anos atrás, incapaz de assumir que eu ainda mexo com você.
Tirei meu salto e corri até ele, eu podia fazer isso. Parei em sua frente e disse:
- Eu mudei sim e você não tem noção do quanto, seu otario! Você que não mudou, com esse maldito ego sempre elevado, se achando o centro do mundo, das atenções. Achando que ainda pode fazer efeito nas pessoas que você machucou no passado, mas é aí que você se engana Gael. Você não mexe comigo mas a minha mão vai mexer na tua cara se não parar de falar asneiras.
E então, peguei os saltos do chão e descalço me virei para ir embora. Quando estava mais à frente, ele surgiu correndo em minha frente e me puxou pela cintura.
- Eu preciso te beijar agora! - ele diz de forma desesperada.
Aproximei minha boca da dele, quando estava prestes à beijá-lo, fui em direção à sua orelha e disse:
- Não tente e não sonhe com isso em hipótese alguma.
Em seguida, me afastei e consegui chegar sã e salva em casa.

Paixão SublinhadaWhere stories live. Discover now