Cap 22

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Acordo com os raios de sol entrando na barraca com uma leve brisa. A barraca estava aberta e Levi não estava aqui dentro. Imagens da noite passada invadem meus pensamentos, onde eu chorava pela falta da minha mãe, o capitão me abraçando... Acho que foi a única noite em que dormir tranquila o suficiente desde aquele dia.
-Aaaain, que preguiça.
Bocejo e me levanto para trocar de roupa. Ao fazer isso, saio da barraca para procurar o capitão.
-LEVI?
O chamo tentando obter uma resposta em vão. Onde é que esse carrancudo se enfiou? Procuro por perto da barraca, atrás de algumas árvores, perto do lago... Nada.
-Hum... Aonde será que ele está?
  Coloco a mão no queixo, para ouvir, logo em seguida, algo em cima das árvores.
-Bem aqui.
Levi cai bem na minha frente segurando um cestinho com maçãs.
-AAAAH, QUE SUSTO, CAPIROTO DOS INFERNOS.
Se ele não tivesse me segurado, eu teria caído dentro do laguinho.
-Calma, caramba. Não posso mais pegar maçãs em uma árvore?
Me arrumo e me acalmo antes de respondê-lo.
-Assim, você pode, mas seria muito melhor se você ME AVISASSE antes, ou talvez não pular bem na minha frente e tals...
-Você estava dormindo tão tranquila... Não quis te acordar. Mas bem que merecia, quase não dormi a noite por causa dos seus sonhos malucos.
-Ei, tudo bem que eu falo dormindo, mas não é pra tanto, não é?
Cruzo os braços.
-Mi, você fala enquanto dorme, mas quando você tem sonhos agitados demais, você acaba se mexendo também. Caramba, eu tava quase dormindo quando você meteu a mão na minha cara.
-Err, desculpe.
-E você ainda me fez te levar pra barraca...
-Desculpe... De novo :3.
-Tch, você é terrível, nanica.
-Ei...
Ele passa por mim colocando a mão em minha cabeça. Sorrio e o sigo de volta para o acampamento.
Ao voltar, Levi começa a desmontar a barraca em que dormimos.
-Então... A gente vai sair agora?
-Quer fazer o que aqui ainda?
-Ah, sei lá... Está tão bonito aqui.
-É só por isso?
-Sim.
-Então não vale a pena. Me ajuda a arrumar as coisas e colocar tudo de volta na carroça.

[...]

-Acho que você pode ficar com a barraca pra você, sabe... não quero acordar com você me chutando.
-Afe, que drama, Levi... E onde que você iria dormir?
-Ué, isso não é drama. Tudo bem que tenho insônia, mas não consigo dormir nem 1 hora perto de você, então eu podia arrumar um lugar fora.
-Nem vem.
Estávamos voltando as coisas para a carroça. Foi um sacrifício desmontar a barraca, mas foi mais por culpa minha mesmo... Poxa, eu tinha me assustado com uma aranha e derrubei uma vara de sustento no lago ;-;.
Enquanto Levi colocava o resto das coisas dentro da carroça eu dava umas maçãs aos nossos cavalos. O meu se chama Metal... Algum problema? -_-.
-Tudo pronto aqui, agora sobe logo.
Levi subia em cima do banquinho para pegar as rédeas dos cavalos.
-Beleza.
Subo também e me sento ao lado dele, e os nossos cavalos começam a andar. Durante o caminho, vou vendo os pássaros nas árvores, os esquilos com suas nozes, o céu com as nuvens se movendo lentamente... Tudo isso se encaixa perfeitamente em uma beleza interminável, e o homem ao meu lado só melhorava tudo.
-O que você olha tanto pra sorrir assim?
-Oi?
Olho para Levi.
-Você está olhando tudo e sorrindo que nem boba.
-Ah, eu estava imaginando coisas.
-Tipo...?
-Será que a humanidade vai conseguir ser livre algum dia? Sei lá... Bem que os titãs poderiam sumir em um passe de mágica, BUM.
-Tch, só você mesmo pra imaginar essas coisas. Não sabemos ainda de onde essas criaturas vêm, mas parece que nunca acabam.
-Eles são muito bizarros.
-Disso eu tenho que concordar.
-Essa visão que temos, das árvores, animais, e tudo mais, é limitada por essas muralhas... Ah, isso é frustrante.
-Fazer o que? Pelo menos estamos protegidos.
-Até aquele Titã Colossal aparecer novamente e estragar tudo.
Franzo as sobrancelhas e olho para o chão, chutando uma pedrinha de dentro da carroça.
Levi olha para mim e dá uma risada nasal.
-Sua mente vai além do que posso imaginar, garota...
Depois de um tempo, fomos para a parte de trás da carroça, onde ficavam os bancos dos passageiros.

[...]

Puxo uma garrafinha de água de dentro da minha bolsa e bebo um pouco, até ver o capitão puxar uma barra de chocolates da bolsa DELE.
Fixo o olhar no chocolate, e o cara não percebe meus olhares insistentes, então decido chamar sua atenção.
-Leviiiiii.
-Fala.
Ele dá uma mordida no chocolate e olha pra mim.
Dou um sorrisinho inocente para ele, vendo se o mesmo percebe minha intenção.
-Nem vem, o chocolate é MEU. Eu tive que escondê-lo no fundo do armário pra você não pegar.
Ah, então era isso que ele tanto procurava no quartel -_-.
-Aaaah, só um pouquinho.
-Não.
-Um gominho.
-Nem vem.
-Vaaaaaaai.
Estico minha mão para tentar pegar o chocolate da mão dele, mas Levi foi mais esperto e colocou a mão na minha testa, me impedindo de chegar mais perto.
-Eu quero chocolaaaateee.
-Vai ficar querendo.
Volto ao meu lugar e cruzo os braços, fazendo um bico e olhando para o rio que estava ao nosso lado, evitando olhar para Levi.
-Vai me ignorar agora?
-Hum.
Continuo a olhar as árvores passando por um tempo, até ver com o canto do olho Levi se levantar e se sentar ao meu lado. De repente, sinto o cheiro do chocolate na minha frente, e quando olho, o homem estava me dando um pedaço do que eu tanto queria.
-AAAAH, OBRIGADAAA.
Pego o pedaço de chocolate e como na maior vontade do mundo :3.
-Você me paga...
-Ain, isso foi só um ato de generosidade X3.
-Esse chocolate me custou 20 moedas de prata, viu?
-Ah, é? Então toma.
Pego uma moeda de prata que eu tinha no bolso e dou para ele.
-O que é isso?
-Meu "pagamento".
-Aff, pega isso de volta.
-Não, pode deixar como cortesia.
-Pega sua moeda logo, Misuki.
-Nope.
-Pega logo.
-Não quero pegar a...
  Antes de eu terminar de responder, a carroça passa por um buraco, fazendo eu e o capitão pularmos. No meu caso, eu acabei por sair da carroça, e, por sorte (ou não) cair no rio.
-MISUKI.
Por sorte, a correnteza não estava muito forte, então fui capaz de me segurar em um tronco.
-LEVI, ME AJUDAAA.
O vejo descendo da carroça, já que ele tinha parado a mesma, e vindo em minha direção.
-Caramba, sua doida, quase me mata de susto.
-Só me tira daquiii, a água tá gelada.
-É o que pretendo, droga.
Vinha cada vez mais água, e eu estava perdendo as forças.
-LEVI, EU NÃO VOU AGUENTAR SEGURAR.
-AGUENTA, CARAMBA, EU JÁ VOU TE TIRAR DAÍ.
Ele buscava desesperadamente por alguma coisa para me puxar daqui.
-LEVI, O GALHO TÁ QUEBRANDO.
E realmente estava soltando, até se soltar completamente. Depois disso, eu só consigo ver água vindo para cima de mim. Começo a me afogar lentamente antes de ver o capitão pular na água.
-LEVI... ME... AJUDA.
Depois de um tempo, sinto braços me envolvendo e nadando em direção contrária a correnteza.
-Misuki, fique com a cabeça para fora da água, por favor.
Ele praticamente implorava para mim, e eu fiz o que ele pediu.
O homem nadava insistentemente para nos tirar de lá, mas uma cachoeira se aproximava.
-LEVI, A CACHOEIRA.
Quando ele vê aquilo, ao invés de tentar nadar contra a correnteza, ele buscava algo para se segurar. Quando o homem consegue, Levi nos puxa para fora do rio. Eu ainda estava sem forças para fazer alguma coisa, então a única coisa que eu fazia era tossir para tentar tirar a água em meus pulmões.
-Você está bem, Mi?
O capitão chega perto de mim com uma toalha, que tirou de Deus-sabe-onde.
-Estou...
-Não faça isso de novo, garota maluca.
-Desculpe... E-Eu... Só trago problemas pra você, não é?
Me sento na grama, recuperando meu fôlego.
-Ei, não fale isso.
-Mas é verdade, eu que fiz você estar aqui comigo, fiz você cair em um rio... o que eu te fiz de bom?
-Misuki, olha pra mim.
Ele pega em meus ombros e me vira para ele.
-Nunca mais diga que você só me traz problemas. Primeiro: a decisão de estar aqui foi MINHA, segundo: EU que quis pular no rio, terceiro: Misuki, você me fez sorrir de novo, você quer mais o que?
Olho fixamente para seus olhos acinzentados. A cada dia, Levi me surpreende cada vez mais com sua determinação e coragem. O abraço fortemente.
-M-Me desculpe... E-Eu tive medo de te perder. Eu não queria te colocar em perigo.
Levi acaricia minha cabeça molhada, como forma de tentar me acalmar.
-Tudo vai ficar bem, Mi... você não vai me perder.
-Promete?
-Prometo. E outra... Eu... Também tive medo de... bom... você acabar morrendo naquela cachoeira. Não faça isso de novo.
-Ah, claro, eu adoro me jogar em rios e ver aonde que a correnteza me leva.
  Eu disse ironicamente, aliviando o clima.
-Besta. Agora vamos antes que peguemos um resfriado.
-Certo, vamos.
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oii, o que acharam do capítulo? Vote e comente, isso me motiva muito a continuar ;*

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