Cap 31

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  Levi's pov on

  Eu SABIA que ela ia dormir... Não que eu não queira ou não goste, é que, se por algum motivo eu precisar sair daqui, aí complica para não acorda-la.
  Olho para o céu ao escutar um trovão.
-Fala sério.
  Tento alcançar uma manta para colocar sobre nossas cabeças, para não ficarmos resfriados, e felizmente, consigo. Ao ajeitar aquela proteção sobre nós, encosto minha cabeça na cabeça da garota, observando o caminho. Muita coisa aconteceu em apenas dois dias e meio... Como o casamento arranjado, a nossa tristeza, os babacas... Tudo isso passou tão rápido.
  Depois de uns 10 minutos, comecei a sentir os primeiros pingos de chuva, e Misuki começa a acordar.
-Levi? Eu dormi?
  Ela diz ainda sonolenta.
-Sim. Melhor descermos logo para ajeitar a barraca, senão essa chuva vai deixar tudo lamacento.
-Ah, sim.
Ela fica engraçada quando acorda, parece uma bêbada. Quer uma prova? Certo. Ao se levantar, Misuki quase cai e senta de novo, depois, tenta andar em linha reta, fracassando miseravelmente, e por último, fala coisas sem sentido.
-Pega a ajuda pra eu te barracar.
Tipo isso.
-Ok, aqui está.
Entrego a barraca para ela, pegando o resto das ferramentas para montá-la.
O rio ficava a uns 10 minutos de caminhada a pé, então poderíamos tomar banho.
-Então, o que eu faço?
Mi já tinha despertado completamente e estava energética o suficiente para querer ajudar.
-Senta e espera.
-Nosgaaaa.
-Você é desastrada demais pra essas coisas, então se quiser ir tomando banho, pode ir... o rio é pra lá.
Aponto ao noroeste, onde o riacho passava.
-Afe, sua consideração por mim é enorme...
Ela diz, indo pegar suas roupas.
-Toma cuidado, esse lugar costuma ter armadilhas abandonadas para ursos.
  Aviso, vendo-a se afastar.
-BELEZA.
  Quando me certifico que ela ficará bem, volto a montar as coisas. A barraca ficou fácil para mim de montar, então terminei rápido. Depois fui para a fogueira, pois estávamos embaixo de árvores, então a chuva não iria apagá-la muito rápido.
  Quando terminei tudo, percebi que Misuki ainda não tinha chegado... O que é estranho, pois ela toma banho, em média, 20 minutos, e eu demorei 35 aqui...
-Tch, onde essa garota se meteu dessa vez?
  Vou em direção ao rio para procurá-la, e espero que ela realmente esteja lá.
-MI, ONDE VOCÊ ESTÁ?
  Grito, buscando alguma resposta.
-Levi? LEVI, ME AJUDA AQUIIII.
  A voz dela estava próxima, então a segui. Eu não esperava encontrar um perigo realmente, mas encontrá-la pendurada de ponta cabeça foi hilário.
  Gargalhei como nunca na minha vida, vendo a cara de indignação que ela fazia.
-Só... Me ajude, ok?
-NÃO DÁ, ESPERA.
  Falei rindo, respirando fundo para tentar recuperar o fôlego. Ao me acalmar, pergunto o que aconteceu.
-Bom... Eu estava voltando do banho, mas aí, acertei uma teia de aranha com a minha cara, aí eu saí correndo para tentar tirar aquilo de mim e acabei presa aqui.
-Ai, meu pâncreas. Ok, eu te tiro daí. Só estique seus braços para amortecer a queda, ok?
  Ela fez o que pedi e eu cortei a corda, mas devido à altura, seu corpo entortou um pouco e Misuki caiu de cara no chão, me fazendo ter outra crise de riso.
-LEVIIIII, para de riiiir ;-;.
-Ai, não dá. Mi, você é uma espécie rara, só pode.
-Humpf. Meu nariz tá doendo agora, beleza?
-Foi mal. Deixe-me ver.
  Me agacho para ficar da mesma altura que ela e toco em seu nariz.
-Não aconteceu nada, só uma batida mesmo.
-Eu sei que não aconteceu nada, só doeu. Eu bati a CARA no CHÃO.
  Rio mais um pouco e a ajudo a levantar.
-Volte pra barraca antes que chova mais forte. Eu vou tomar um banho. E vê se não cai em outra armadilha.
-Ok, humpf.
  Ela dá meia volta e caminha até o acampamento, enquanto eu vou até o rio.
  Chegando lá, tiro minhas roupas e mergulho na água gelada. Não é a melhor opção para banhos, mas é a única que temos. Mergulho a cabeça dentro da água para molhar meus cabelos e vejo alguns peixes passando.
  Eu gosto de nadar livremente pelos rios, então por que não fazer isso agora? Aproveito e pego dois peixes com minha blusa suja para comermos mais tarde.
Ao terminar o banho, coloco minhas roupas para dormir e vou até a barraca para cozinhar aqueles peixes e encontro Misuki sentada perto da fogueira com um bloquinho em suas mãos.
-O que é isso?
Pergunto, me sentando ao lado dela depois de deixar os peixes em um canto qualquer.
-Era aquele bloco de anotações e desenhos que eu te mostrei um tempo atrás, quando tinha quebrado o pé.
-Ah, sim, me lembro.
Ela folheia as páginas com uma certa nostalgia.
-Isso me lembra de quando o esquadrão te convenceu a me deixar entrar.
Ela diz, rindo.
-Eles fizeram a minha cabeça para isso.
-Se eles... estivessem aqui, eu agradeceria a cada um deles, pois se eles não tivessem feito aquilo, eu teria voltado para a tropa 104º, não teria te conhecido bem e... Não estaríamos aqui agora. Eu tenho que agradecer à Petra, então.
-Tem razão... Acho que eu deveria agradecer a todos também. Ainda bem que te conheci, Mi... Você me ensinou a sorrir novamente, a amar novamente... Agradeço tanto à eles quanto a você, baixinha.
Ela me olha com um sorriso em seu rosto.
-Eu também te agradeço, Levi. Sem você, provavelmente eu teria um vazio em meu peito, mesmo com Eren, Armin e Mikasa comigo... Eu ainda sentiria falta de algo. De qualquer jeito, eles teriam ido para a sua tropa e eu ficaria sozinha, talvez.
-É... Não sabemos o destino. Não podemos adivinhar o que nos aguarda pela frente, então temos que viver o agora como se fosse o último.
  Olho para a garota, que estava com um leve rubor em sua face, como sempre fica quando estou por perto.
-Sim... Obrigada.
-Por...?
-Por estar aqui comigo. Agora entendo o que é viver a vida ao máximo... Isso acontece quando aproveitamos cada momento com as pessoas que amamos, por isso, estou aproveitando cada segundo com você.
  Depois que ela fala isso, a encaro e seguro seu queixo, para beija-lá carinhosamente, ambos os nossos corações completamente acelerados sem nem mesmo saber o porquê. Aquela era a primeira garota que mexia tanto comigo deste jeito, e eu não pretendo deixá-la ir.
A cada segundo que se passava, mais eu queria protegê-la, mais eu queria vê-la, estar com ela... A estrela que deu luz à minha vida: Misuki.
Ao nos separarmos, a abraço fortemente.
-Eu te amo, Levi.
-Eu também te amo, Mi.
Não sei por quanto tempo ficamos daquele jeito, só sei que, quando nos separamos, foi por causa de um trovão.
-Se você quiser comer peixe, vai ter que ser agora, senão a chuva vai ficar mais forte.
Falei desfazendo o abraço e me levantando.
-Qual peixe é?
-Pelo que vi, é salmão.
-Aaaah...
Olho para ela, confuso.
-O que foi?
-Sou alérgica a salmão.
Disso eu não sabia.
-Ah, ok. Amanhã eu pego outro peixe, então.
-N-Não precisa se preocupar, afinal...
Ela sai correndo e pega um potinho em sua mochila.
-...Eu tenho ISSO.
-Você vai comer bolo a essa hora?
-Uhum:3.
-Você é impossível.
  Enquanto eu asso meu peixe, ela fica encostada em uma árvore comendo seu bolo em pé. A chuva ficou um pouco mais forte, mas isso ainda não apagava a fogueira. Só tem uma coisa que estou meio preocupado... A árvore que Mi está encostada tem umas folhas grandes, e normalmente, quando essas folhas enchem, elas...
-AAAAH.
  ...Deixam cair uma grande quantidade de água, como agora.
-Mi? Você está bem?
  Ela estava encharcada. Não aguento e rio outra vez.
-L E V I, EU ESTOU COMPLETAMENTE ENCHARCADA E VOCÊ RI?
-Foi mal, hoje não é o seu dia de sorte.
-Humpf. Meu bolo se foi.
  Essa era a maior preocupação dela?
-Vou pegar uma toalha.
  Me levanto e vou até a mala para pegar a toalha para ela se secar, e quando vou até a garota, a roupa destacava cada detalhe de seu corpo, além de estar meio transparente.
  Para não ficar olhando nada, praticamente jogo a toalha em cima dela, acertando seu rosto.
-O que é que você e a natureza tem com a minha cara? EU TE ODEIO, ÁRVORE.
  Ao dizer isso, Misuki chuta a árvore com toda a sua força, quebrando boa parte dela, me deixando completamente surpreso.
-Oi?
-Que foi?
Ela me olha com a cara fechada.
-Eu não achava que você conseguia quebrar uma árvore desse jeito.
-Eu sei fazer muitas coisas que ainda não te mostrei, como mexer as orelhas.
Ela começa a mexer as orelhas direita e esquerda, completamente bizarro.
-Você é estranha, às vezes.
-Humpf. Vou me trocar.
  Ela entra ma barraca com a toalha, e suas roupas continuam coladas em seu corpo, me fazendo ter que desviar o olhar.
  Acho que ela quis ficar dentro da barraca mesmo, pois quando acabo de comer meu peixe, Misuki continua lá dentro.
-Ela deve ter dormido ou algo assim.
  Jogo o palitinho em que estava o peixe e entro na barraca, e me surpreendo ao vê-la comendo os docinhos.
-Comendo escondida?
-Se eu ficar lá fora, corro o risco de outro acidente acontecer.
  Dou uma risada nasal e me deito no meu saco de dormir.
-Boa noite.
-Já vai dormir?
-Sim, não tem muito o que fazer mesmo.
  Me viro e ouço o barulho da chuva sobre a barraca. Aquele som logo irá se intensificar, aquelas nuvens durante o dia não estavam lá à toa. E eu estava certo, depois de uns minutos, o primeiro trovão surge e um pé d'água cai.
Ouço um barulho estranho vindo de Misuki, como se fosse alguma coisa batendo constantemente.
-Você tá' bem?
  Me sento e a vejo toda encolhida, batendo seu queixo.
-T-T-Tá f-f-f-friiiiooo.
-Que?
-F-Friiooooo.
  Para quem praticamente tomou um segundo banho de água fria, realmente deve estar.
-Vem.
-O-Oi?
  Vou mais para o canto, dando um espaço extra.
-Você prefere ficar passando frio aí?
-N-Não, mas... Eu p-posso?
-Eu que estou chamando, claro que pode.
-O-Ok.
  Ela se levanta e vem até aqui tremendo de frio, o que eu achei muito estranho. Ok, estava frio, mas não tanto assim.
  Quando ela se senta ao meu lado, coloco minha mão sobre sua testa.
-Tch, você está ficando com febre.
-É?
-Seu corte na perna está estranho?
-Um pouco, por que?
-Deve estar infeccionando. Você tomou seu remédio, afinal?
-É... Não.
  Bato em minha testa.
-Onde está a droga do remédio?
-Na minha bolsa. Vou lá pegar.
-Não, você fica.
  Me levanto e vou até sua bolsa, procurando pela embalagem. Ao pega-lo,  levo até ela.
-Como que se usa isso?
-Tem 2 dentro dessa caixinha. Um é oral, e o outro, eu tenho que... passar no machucado.
-Certo. Então toma um primeiro, depois eu me viro pra que você possa passar.
-Ok.
  Ela toma o comprimido e eu me deito de costas para ela passar a pomada no machucado.
-Eu passo por cima dos pontos?
-Claro, né?
-Ata.
  Depois de 2 minutos, pergunto se ela já havia terminado.
-Já.
-Então vem.
  Dou espaço para ela novamente e Misuki vem, com um certo receio, mas vem.
-Prefere passar frio?
-N-Não.
  Ela se deita e se cobre, de costas para mim, mas a cada trovão que dava, ela se estremecia toda.
-Medo?
  Pergunto.
-S-Sim.
  A puxo para mais perto e faço um pequeno carinho em sua cabeça.
-Relaxa, são só trovões.
-É que... Me lembram das batidas dos titãs no portão de Shingashina.
  Ela morou lá... Na cidade-isca, a cidade destruída pelo titã colossal.
-Tudo está bem, agora. Você está comigo.
-Obrigada.
  Ela se ajeita mais em meus braços, adormecendo de vez.
-Boa noite.
  Falo para a mesma, inutilmente já que a garota estava dormindo, e faço o mesmo.
===
oii, o que acharam do capítulo? Vote e comente, isso me motiva muito a continuar ;*
Um cap longo com a visão inteira do Levi :3.

InsuportávelWhere stories live. Discover now