Cap 54

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  Depois daquilo, eu e Levi continuamos no andar de baixo conversando, já que eu e ele estamos sem sono nenhum, mas do jeito em que estávamos, poderia dormir um dia inteiro assim. O capitão estava sentado no sofá e eu estava deitada com a cabeça em suas pernas enquanto ele passava a mão em meus cabelos.
  Agora, estamos falando das idiotices que eu fazia quando era criança.
-Me diz, que tipo de pessoa que sai chutando as outras por diversão?
-Eu, ué. Não vai me dizer que você nunca fez algo bobo.
-Tecnicamente, não.
-Ah, é? Falando nisso, você nunca me contou sobre seu passado.
-Minha infância não foi uma daquelas que você olha e pensa: que criança fofa.
Percebo que isso é algo delicado.
-Se não quiser entrar em detalhes, não precisa. Sei como dói lembrar algo doloroso do passado.
-Relaxa, o que ficou pra trás não importa.
-Tem certeza?
-Tenho. Minha mãe era uma prostituta, e quando ela morreu, Kenny me encontrou no quarto dela. Passei a viver com ele, aprendendo a como segurar uma faca, ser "gentil" com as pessoas etc. Depois que ele julgou que eu já estava pronto, ele simplesmente me largou por aí. Passei a morar no subsolo e conheci Farlan e Isabel, meus dois amigos que morreram por um titã na nossa primeira expedição.
-Nossa... Eu sinto muito.
-Não precisa dessa tristeza toda. Olha só, se eu não tivesse feito esse caminho todo, eu não estaria aqui. Eu sempre falo que nunca sabemos qual escolha é a correta, mas tenho certeza que eu fiz a coisa certa em me abrir pra você.
  Ele me olhou de cima e eu dei um sorriso relaxante, o que o fez sorrir também.
-Fazia um tempo que não tínhamos um momento assim só pra nós, não é?
-Concordo com você. Já é mais de meia noite, então todos já devem estar dormindo.
-Como vai ser o treino deles amanhã?
-Corridas, agachamentos, treino de luta corporal... Coisas assim.
-Tem certeza de que eu não posso participar de nenhum? O pessoal vai começar a estranhar MAIS do que já estranham.
-Que estranhem. E você fica aqui, se quiser dar uma caminhada, pode.
-Você parece meu pai.
  Fiz um bico e franzi a testa.
-Só quero a segurança de vocês.
  Enquanto fala, Levi apertou minhas bochechas, fazendo uma "cara de peixe".
-VocêS?
  Dei ênfase no S.
-Esqueceu desse serzinho aqui?
  Ele deu um tapinha de leve na minha barriga, o que me fez sentir cócegas, e, consequentemente, curvar o corpo.
-O que... Espera, você tem cócegas na barriga?
-Ah, não...
  Me levantei rapidamente antes que ele fizesse de novo.
-Eu sou muito exagerada em relação a isso, cuidado.
-Ah, isso eu quero ver.
-Mas não vai mesmo.
  Como percebi que somente aqui dentro não ia funcionar, saí correndo em direção à porta e a abri, indo para a rua. A lua estava cheia e a iluminação dos postes estava boa, então dava para correr sem correr o risco de tropeçar.
  Enquanto saio de perto do quartel, vejo Levi correr atrás de mim com um ar brincalhão. Como é madrugada, não podemos falar muito alto ou rir, então isso se tornou uma competição de silêncio pelas ruas.
  Eu nem olhava o caminho que eu fazia, a única coisa que eu sabia era que eu estava correndo por aí tentando fugir do baixinho.
  Como ele é mais rápido que eu, o capitão me alcançou facilmente, mas na hora dele me pegar, acabamos tropeçando e eu terminei caindo em cima dele. Acabamos por ficar um pouco assim para recuperar o fôlego.
-Sua doida. Por que sair assim de repente?
  Ele disse sussurrando e ofegante.
-Eu disse que sou exagerada em relação à cócegas.
  Se ele estava ofegante, eu estava ainda mais, já que me canso mais facilmente.
-Besta. Vamos voltar.
  Quando ia sair de cima dele, acabei notando que estávamos em um beco escuro, quase não enxergando nada. Comecei a tremer tanto de frio (estava gelado, por incrível que pareça) e medo.
-L-Levi, está muito escuro.
-E?
-Eu não gosto do escuro.
-Relaxa, a saída é logo ali.
  Ele apontou para um canto iluminado. Eu não sei onde estava com a cabeça para entrar em um lugar desses. Na verdade, nem reparei.
-O-Ok.
  Quando íamos sair, algo desmoronou sobre a saída, como se fossem vários barris. Com o susto, me agarrei ainda mais ao homem.
-Tch, devem ser ladrões.
  Ele deve ter percebido que eu estava tremendo e passou seu braço em volta de mim, em uma tentativa para me acalmar.
-Fique em silêncio. Pânico não vai funcionar.
-Uhum.
  Acenei levemente enquanto tentava me acalmar, mas foi em vão. De repente, ouvimos umas vozes vindas de cima.
-Olha só, pegamos dois.
-Idiota. Eu falei pra usar isso quando fossem grupos.
-Esta rua está deserta, deveríamos usar para os primeiros que aparecessem.
  Eram duas vozes grossas, como o esperado. Elas não se aproximavam, mas também não se afastavam.
  Respirei fundo várias vezes e fui me acalmando, até que finalmente falei:
-QUEM SÃO VOCÊS E O QUE VOCÊS QUEREM?
  Ouvimos passos cada vez mais perto de nós, até que eles cessaram.
-Olha, a garotinha não está mais com medo.
  A voz estava assustadoramente próxima de nós, mas não ousamos mexer um músculo.
-Não se movam ou vamos atirar.
  A segunda voz falou.
-Provem que estão com armas.
  Levi desafiou. Sério, eu me impressiono com essa capacidade dele de desafiar a qualquer um.
  Depois que ele disse isso, algum dos ladrões fez algo como recarregar alguma arma, provando então a existência delas ali.
-Se quer mais uma prova eu posso atirar nessa princesinha aí.
-O que vocês querem?
  Ele estava ficando sem paciência.
-Simplesmente a gente estava procurando por diversão e vocês passaram por aqui.
  Sem que eu percebesse, algo me puxou rapidamente de perto do capitão, e acredito que o outro homem fez o mesmo com ele.
-ME SOLTA.
  Tentei gritar e me debater, mas isso só fez com que o cara que me segurou me desse um soco forte no braço.
-Cala essa boca, piranha.
  Respirei fundo e tentei manter a calma, então ouvimos mais um conjunto de passos, revelando um homem mascarado segurando um lampião. Com a claridade, finalmente pude ver Levi, mas de uma maneira bem diferente que o esperado.
  Ele estava com a testa franzida e o cara atrás dele estava segurando uma faca contra seu pescoço com uma mão enquanto o imobilizava com a outra.
-Fred, a gente deu muita sorte.
  O cara atrás de mim falou depois de soltar um "uhul".
-Por que, Jhon?
  O homem que segurava o capitão respondeu. Ou seja, seus nomes eram Fred e Jhon.
-Essa belezinha aqui é parte da tropa de exploração, enquanto ESSE aí... É o cara que chamam de Soldado Mais Forte da Humanidade.
  Os três começaram a rir, o que me fez ficar com tanta raiva, que quase cogitei a ideia de pisar no pé desse palerma.
-Quanto valerá a cabeça desses dois pro chefe, em?
-Eu sei lá, mas deve ser uma fortuna.
-Desgraçados...
  Pensei alto demais. Tão alto, que Jhon ouviu e apertou minha boca, me fazendo ficar quieta.
-Você ouviu quando eu disse CALA A BOCA?
  De raiva, mordi a mão dele forte o suficiente para arrancar sangue, então ele me soltou.
  O terceiro cara apontou uma arma para mim, mas eu fui mais rápida e arranquei uma pistola da mão do cara que eu mordi.
-Mais um passo e ele morre.
  O homem entitulado Fred apertou um pouco a faca em Levi, quase cortando. Em frente à essa cena, paralisei.
-Isso mesmo, boa garota. Agora larga a arma devagar e coloque as mãos para cima.
  Fiz o que ele mandou enquanto tremia de medo.
-Olha só, a vadiazinha é obediente...
  O capitão murmurou algo que eu não ouvi mediante da situação, e o ladrão que o segurava deu uma pancada em sua nuca, o que o fez desmaiar.
-LEVI.
-Apaguem ela também.
  Agora foi a minha vez. Tudo ficou preto e confuso, e, logo depois, eu caí no chão.
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