Misuki's pov on
Acordo bem de manhãzinha com os pássaros cantando. A chuva já tinha acabado e os poucos raios de sol que tinham iluminavam a barraca.
Abro meus olhos sentindo um peso em minha cintura... Era o braço de Levi. Ele ficava tão sereno dormindo, que nem parecia aquele emburrado o dia todo. Retiro sua mão de cima de mim com cuidado e observo seu rosto. Ah, eu queria poder gravar este momento para sempre, pois sei que será uma raridade eu vê-lo dormindo. Nem percebi quanto tempo havia passado de tanto que eu olhei, somente quando Levi começa a sorrir.
-Depois que eu falo que você ficava me secando, você não acredita.
-E-EEHH, VOCÊ ESTAVA FINGINDO?
Vou para trás com o rosto pelando e completamente vermelho.
-Tecnicamente não, acordei a uns 2 minutos com você me olhando.
-C-Chato.
Viro a cara para o lado, tentando esconder minha vergonha.
-Mas você gosta desse chato, não é?
Arregalo os olhos, meu rosto estava tão quente agora, que eu poderia fritar um ovo.
-QUER TIRAR O DIA PRA ME TRANSFORMAR EM UMA MAÇÃ?
Escondo meu rosto com minhas mãos e viro de costas para ele ao ouvir uma risada. Sinceramente, às vezes eu não sei se eu o amo ou se eu o odeio... Ou os dois.
-Por falar em maçã, eu quero comer uma.
-Hein?
Ele se levanta e vai até um cestinho com algumas frutas e pega uma maçã para comer.
-Quer?
Ele estende uma para mim e eu a pego, dando uma mordida.
-Se sairmos logo, podemos chegar hoje à tarde em Trost. O caminho de volta é mais curto, mas devemos passar por uma vila pequena que tem no caminho.
-Certo.
Me espreguiço esticando minhas pernas e meus braços no chão.
-Aaah, estou exausta dessa viagem, já.
-E você acha que eu estou como?
-Pelo menos não foi você quem achou que ia passar o resto da vida ao lado de um idiota que não te deixaria sair do quarto sem um quilo de maquiagem.
-Eu achei que ia passar o resto da vida solitário, então dá no mesmo.
-Ele ia me obrigar a SAIR DA TROPA, entrar na tropa era meu sonho.
Me deito no chão fazendo uma estrela, enquanto observava Levi, que estava de ponta cabeça para mim.
-Como pôde ter esse sonho? Muitas pessoas nos chamam de Bando de Suicidas e tals...
-Sei lá. Eu gosto de ajudar as pessoas, então ajudar a humanidade inteira seria uma boa pra mim.
-Eu não te entendo...
Ele se abaixa e se senta ao meu lado. Ficamos quietos por uns longos minutos, mas esse silêncio era um silêncio bom, confortável... O homem se levanta após um tempo.
-Vamos. Quero chegar em Trost o quanto antes.
-Preguiça de levantar...
-Vem logo, temos que tirar as coisas daqui.
-Então me ajuda.
Estendo meus braços e abro e fecho as mãos. Ele me olha com um olhar curioso.
-O que é isso?
-Me ajuda a levantar, ué.
-Levante-se você.
-Eei, é só dar a mão e puxar.
Ele revira os olhos.
-Tch, você está ficando muito mal-acostumada, nanica.
Ele estende uma mão e me puxa, fazendo-me levantar em um pulo.
-Valeu :3.
Começo a tirar as coisas e colocar na carroça enquanto Levi desmontava a barraca.[...]
-Falta muito?
-Mi, eu já te falei que a gente estava chegando na tal vila, não na cidade.
Só fazia uns 10 minutos que estávamos andando, mas eu estava ansiosa demais para chegar à Trost e rever meus amigos.
-Aaaaaaah.
Deito-me no banco passageiro enquanto o capitão estava guiando os cavalos, olhando para o céu que, diferente de ontem, estava tão azul quanto os lagos.
-Dorme, ué. Era isso que você sempre fazia durante o caminho.
-Não estou com sono, por incrível que pareça.
-Deita no meu ombro, aí você dorme rapidinho.
-Eu só não te bato porque você está com os cavalos.
Coro mais uma vez hoje. Vejo três pássaros voando no céu e imagino como deve ser a sensação de voar por aí sem medo. Tudo bem que a gente tem os DMTs, mas a gente somente os usa em casos de titãs.
De repente sinto a carroça ir desacelerando.
-Misuki?
-Oi?
-Chegamos naquela vila que eu te falei, quer fazer alguma coisa?
-Eu queria almoçar, de preferência.
Disse, me levantando.
-Mas você acabou de comer umas quatro maçãs.
-E daí? Comer é bom :3.
-Ok, né?
Ele para a carroça em uma parte da cidade e descemos para irmos comer em um restaurante. Enquanto andamos pela cidade, pude perceber vários olhares apontados para Levi.
-Você conhece algum lugar bom pra comer aqui?
Pergunto a ele.
-Pior que não. Vou perguntar pra alguém.
Ele para uma mulher que estava passando pela gente.
-Com licença, onde tem um bom restaurante aqui por perto?
-Claro, tem um logo à frente de boa qualidade pra você.
Atirada.
-Ah, ok. Obrigado.
-Não há de que.
Fecho a cara e começamos a andar novamente. O homem olha para mim confuso.
-O que foi?
-Ah, nada não, tirando o fato de eu não ter ido com a cara daquela mulher.
-Posso saber o porque? Acho que você nunca mais vai encontrá-la na sua vida.
-Não sei, só não gostei dela, ué.
-Posso saber o porquê?
-Nem eu sei o motivo, ok?
Olho para o lado, vendo as diversas lojas que tinha, até Levi segurar minha mão, me fazendo corar. Eu estou falando, ele tirou o dia para me fazer virar uma maçã -_-.
-Está bom assim?
-Q-Que?
-Agora pode parar com esse ciúmes besta.
-O-Oi? N-N-Não é ciúmes besta.
-Então é o que? Acho que só isso explica o motivo de você, supostamente, não ter "gostado" daquela mulher.
-E-Ei, não...
-Vou te falar uma coisa, eu fiz isso não só por você, mas por mim também.
-Como?
-Do jeito que você é lerda, nunca deve ter percebido quantos caras olham pra você.
Quando eu olhei em volta, percebi que alguns olhares que julguei ser para Levi realmente estavam voltados para mim.
-Eu percebi, mas... Por quê?
Ele bate sua outra mão na testa.
-Ah, vou nem comentar.
-Afe, não tenho culpa se sou meio lerda.
Entramos no restaurante e pedimos uma mesa para dois (avá) e nos sentamos para decidir o que iríamos comer.
-Eu quero um macarrão.
Disse enquanto olhava o cardápio.
-Do que?
-Macarrão, ué.
-Tem com massa fina, conchinha, com molho branco...
-Ata. Eu quero espaguete com molho de tomate. E você?
-Ok. Vou pedir uma lasanha, mesmo.
O garçom aparece para anotar nossos pedidos.
-Olá, posso anotar o seu pedido?
-Um espaguete ao molho de tomate e uma lasanha, por favor.
Falo os pedidos para ele, que anota tudo.
-Certo. Alguma bebida?
O garçom denominado Nathan em seu crachá falava diretamente para mim.
-Vai querer tomar algo, Levi?
O capitão olhava para o garçom com cara de poucos amigos.
-Não.
-Eu vou. Eu quero um suco de morango, por favor.
-Certo. Em breve trarei seu pedido.
Ele saiu de perto da mesa e eu comecei a fazer um origami com um guardanapo.
-Era disso que eu estava falando, Mi.
-Oi?
Desvio a atenção do tsuru que eu estava fazendo.
-Você não percebeu como aquele cara olhava pra você?
-Ele era simpático, por que?
-Simpático com VOCÊ, não é?
-Como assim?
-Olhe como ele atende as outras mesas.
Quando ele aponta para o garçom, vejo-o atendendo as outras pessoas, e aquela simpatia que ele teve comigo sumiu magicamente.
-Eita.
-Entendeu agora?
Olho para Levi com uma cara confusa e a única coisa que ele faz é bater na testa novamente.
-Você é um caso perdido.
-Humpf.
Voltei ao meu origami super concentrada, pois eu queria que saísse perfeito.
-O que você está fazendo?
O homem pergunta.
-Um tsuru.
-É um daqueles pássaros de papel que eu vejo por aí?
-Sim :3.
-Eu nunca consegui fazer isso aí, a última vez que tentei foi quando eu tinha uns 10 anos.
-Por falar nisso, por quê você nunca fala sobre quando você era criança?
-Você nunca perguntou.
-Então tá, agora vou perguntar. O que você mais fazia quando era criança?
Largo o origami e o olho ansiosa.
-Bom... Digamos que eu era um tipo de ladrão.
-Espera aí, o QUE?
Essa eu não estendi nada.
-Sim. Eu fazia esses tipos de trabalhos clandestinos com um amigo meu, Farlan.
-Nossa, eu nunca imaginaria isso.
Eu estava chocada.
-Ok, agora me fala você. O que você mais fazia?
-Beleza. Eu brincava de uma... "brincadeira" com Mikasa e os outros.
Escondo minha boca com as costas da minha mão, segurando o riso.
-E o que era essa "brincadeira"?
-Se chamava Chute.
-"Chute"?
-Sim. O próprio nome já diz o que era. A gente saía se chutando por aí.
Comecei a rir, me lembrando das vezes que Eren e Armin caíam.
-Você fala de mim, mas não consigo te imaginar fazendo isso.
-E pensar que isso foi a uns 2 anos atrás.
-Espera, com 17 anos, vocês ainda faziam isso?
-Eu tinha 17, os outros, 15.
-Nossa... Que maturidade a sua.
-Ei, nem vem, era legal.
-Sair chutando um ao outro?
-Sim :3.
-Eu realmente não te entendo, nanica.
Rio mais ainda quando vejo a cara de confuso que Levi fez.
-Aqui estão seus pedidos.
Aquele garçom veio nos entregar.
-O espaguete e o suco são meus, e a lasanha é dele.
Nathan colocou os pratos na mesa.
-Deseja mais alguma coisa?
Ele sempre falava diretamente para mim, como se ignorasse o capitão bem a minha frente.
-Não, obrigada.
O garçom saiu de perto, mas Levi continuava com a cara fechada.
-O que foi agora?
Perguntei para ele.
-Que tipo de garçom ignora completamente o outro cliente? Esse cara.
-Não é pra tanto.
-Você mesma percebeu que ele só falava com você, nem vem.
Começamos a comer. Aquele espaguete estava muito bom, tivemos razão em vir para cá.
Demoramos um pouco para acabar tudo, pelo menos eu, pois quis saborear cada pedaço daquele espaguete.
-Amei a comida daqui.
Disse para Levi depois de comer.
-Finalmente acabou. Fique aqui, vou pagar a conta.
-Hum, tó'.
Tiro algumas moedas do bolso e estendo a mão para ele.
-O que é isso?
-Minha parte.
-Não mesmo. Guarda isso que eu pago tudo.
-Toooooomaaaa.
Insisto com a mão esticada.
-Não. Agora fica aí.
Quando ele se levanta, consigo colocar aquelas moedas no bolso dele sem ele perceber e fico mais tranquila.
Um homem chega e se senta no lugar em que Levi estava sentado.
-Olá, moça. Está sozinha?
Ele era um pouco mais alto que Levi e seus cabelos eram pretos.
-É... Por enquanto, sim.
-Então o que acha de me fazer companhia por um tempo? Me chamo Hairo, prazer.
-Sou Misuki, mas porquê veio falar comigo?
-Oras, uma moça tão bonita quanto você não deveria estar sozinha assim, é perigoso.
-Mas eu não estou sozinha.
-Não mais, está comigo, agora.
-Mas...
Sinto uma aura bem intensa saindo de Levi, que acabara de chegar, mas Hairo nem percebeu a presença do homem.
-Mas o que?
-Eu acho melhor você ir, sabe...
-Por que? Eu só queria fazer companhia a uma jovem.
-Acho que você vai fazer companhia pros anjos se você não sair.
Seguro a risada ao dizer isso.
-Que?
Ele faz uma cara de confuso, mas ao olhar para trás, a confusão toda vai embora, dando lugar ao medo. Até eu ficaria com medo de Levi se ele fizesse essa cara para mim, se duvidar, até titã foge.
-Ela tem razão, pois eu ODEIO quando mexem com as MINHAS coisas.
A cor de Hairo saiu de seu corpo, eu não conseguia distinguir se era uma pessoa ou uma estátua. A boca dele somente abria e fechava sem fazer nenhum som.
-Sai logo daqui antes que eu estrague essa sua maldita cara.
O cara saí correndo para fora do restaurante na hora, e eu caio na gargalhada.
-Isso foi demais.
-Vamos logo.
Levi pega na minha mão e me puxa para fora. Percebo que ele estava com a cara mais fechada que o normal, então resolvo perguntar.
-Tá' tudo bem?
-Tudo ótimo.
-Não está não. Você está mais emburrado que o normal.
-Sério? Nem percebi...
Reviro os olhos com seu sarcasmo.
-Eu tô' falando sério.
-E eu também. Poxa, você não se toca que aquele garçom deu em cima de você e agora me aparece um babaca daqueles. Claro que eu vou ficar assim.
-O garçom?
-Misuki, você pode ser lerda, mas EU não sou.
-Aaaah, então é por isso que tinha desenhado um coração com ketchup no espaguete?
-OI? Aah, não vou deixar passar em branco.
O capitão ia dar meia volta, mas eu o seguro antes.
-Calma, Levi, não queremos causar um assassinato, certo? Se é isso, pode ter certeza que nunca mais volto aqui, até porque não tem necessidade. E outra, não se preocupe com isso, eu já tenho tudo o que quero.
Ele me encara por um tempo, para depois me puxar para um abraço.
-Tch, espero que tenha mesmo.
-Claro, seu bobo. Agora vamos, quero chegar em Trost o quanto antes.
Começamos a andar logo depois que nos separarmos, mas agora, eu não largo o braço de Levi.
-Ué, será que nos enganamos de lugar?
Quando chegamos ao suposto local onde a carroça deveria estar, não encontramos nada.
-Não... Fomos roubados.
===
oii, o que acharam do capítulo? Vote e comente, isso me motiva muito a continuar ;*
Foi mal a demora, eu não consegui terminar o cap na escola :3.
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Insuportável
FanfictionEle é frio como o gelo e leal como um escudo, este é Levi Ackerman, o homem pelo qual me apaixonei. Ela é animada e desastrada, esta é Misuki Akire, a garota pela qual me apaixonei. Duas pessoas opostas são unidas pelos titãs, no ano de 845. Os dois...