Cap 51

2.2K 216 29
                                    

Eu e Levi não sabíamos o que fazer. A sacola com a caixinha que continha o anel e meu relógio (sim, comprei um :3) estava nas mãos dele, então não dava para disfarçar.
-Aaaa... Oi, Mi... Oi, Petraaa. O que fazem acordadas à essa hora? Hahaha...
-Eu acordei e vi que ele tinha saído, então fui procurá-lo e acabei acordando ela.
Misuki aponta para a garota.
-E aonde vocês dois foram em plena 5 da manhã?
-N-Nós fomos... Ah... COMPRAR COISAS PARA CAPTURAR TITÃS, ISSO.
O baixinho deu um tapa em sua própria testa, mas, felizmente, fingiu estar matando um pernilongo.
-E onde estão as coisas?
Petra perguntou.
-Aaah... Eu disse "comprar"? Nós fomos OLHAR as coisas, hahaha... A gente vai comprar outro dia. Ei, olha, tem um vendedor de pastel lá fora, tchaaau.
Na hora em que fui virar para sair correndo, acabei chutando a canela de Levi, que acaba perdendo o equilíbrio e caindo no chão comigo.
-Aai, sua imbecil.
-D-Desculpa.
O observei esfregar a perna e percebo uma coisa.
-Ei, onde está a sacola?
-Ela estava comi...
Quando ele se toca, começa a procurar no chão feito um louco.
-Cadê a sacola????
Depois de dar uma olhada em volta, consegui vê-la em cima de uma carroça em movimento.
-ALI.
Aponto para a carrocinha cuja dona era uma senhorinha com sua neta, provavelmente. Para uma velhinha e uma criança, essa coisa estava bem rápida, em...
Eu e Levi nos levantamos feito loucos e corremos atrás da carroceria, hora ou outra tropeçando em nossos próprios pés por conta da ladeira em que estávamos.
-SENHORA, VOLTA AQUI, SENHORA.
Eu gritava inutilmente.
-PAREM A CARROÇA.
Quando Levi gritou, a criança se virou para nós e falou algo para a sua vó, que nos viu também e acabou fazendo algo... Inesperado.
-AAAAH, LADRÕES.
Desvio de uma panela por pouco.
-NÃO SOMOS LADRÕES, SÓ PARE SEU VEÍCULO POR UM INSTANTE, POR FAVOR.
Agora foi o baixinho que desviou de um sapato.
-PARA, POR FAVOOOOOR.
Ao invés dela parar, ela jogou algo interessante para nós... A sacola.
-EU PEGO.
-EU PEGO.
Sim, eu e ele falamos ao mesmo tempo e... bom, acabamos batendo um contra o outro e rolamos ladeira abaixo. Quando finalmente paramos, me levantei ainda meio desnorteada, mas consegui ver a caixinha roxa no chão não muito longe de nós.
-Ali, o anel.
  Quando ele viu, se levantou e saiu correndo na direção da caixa, mas parou quando viu um cachorro se aproximando da mesma. Se encolhendo para parecer menos "ameaçador" para ele, Levi vai andando em direção ao animal.
-Ei, ei... Shiiiu, quieto.
O cão era um vira-lata, e pelo visto, queria brincar com a caixinha.
-Devolve isso, vai... Só fica paradinho no seu canto...
  Quando ele ia conseguir pegar, o cachorro latiu e avançou no objeto, o pegando e saindo correndo. Eu e o baixinho fomos atrás dele desesperados.
-VOLTA AQUI, SEU CÃO INÚTIL.
  Quando a gente passava por qualquer barraca, nós pegávamos algo para tacar naquele animal. Ah, se a gente estivesse com o DMT agora...
-ISSO CUSTOU MAIS DA METADE DO MEU SALÁRIO, SEU MALDITO.
  É, dessa vez, foi o ranzinza que gritou. O cachorro estava correndo entre as casas agora, o que dificultou nosso trabalho.
-ELE FOI PRA DIREITA.
  Aviso a ele. Quando viramos, demos de cara com um muro.
-Aaai.
  Esfrego meu nariz e vejo sangue sair dele.
-Animal idiota...
  Levi estava ileso.
-Ou, por que eu me machuquei toda e você tem que estar bonitinho, sem machucado nenhum?
-Eu tenho técnicas melhores, simples assim.
  Ele diz, dando de ombros.
  Depois de fazer meu nariz parar de sangrar, começamos a procurar aquela bendita caixa ou aquele maldito cão por todo o canto.
  Percebi que o baixinho estava mais mau-humorado do que o normal, e com razão... Acho que hoje não é nosso dia de sorte. Perder um anel caríssimo que iria mudar sua vida é realmente uma coisa desgastante.
  De repente, começamos a ouvir uma voz infantil ao longe, o que era uma dica importante.
-Ei, tá ouvindo isso?
  Perguntei.
-O que?
-Escuta.
-Joca, onde você achô' essa caxinha'?
-Saori, falando com o cachorro de novo?
-Ele chegô' aqui com uma caxa' roxa na boca, maninho.
-Deixa eu ver... Ai, meu Deus. Sao, esse seu animal provavelmente estragou com o casamento de alguém.
-Vem. A voz está vindo do outro lado dessa casa.
  Demos a volta o mais depressa que conseguimos e finalmente encontramos o cão fujão. Paramos em frente a eles e respiramos um pouco.
-Tenente Zoe? Cabo Rivaille? O que fazem aqui?
  O garoto, aparentemente de 16 anos, perguntou.
-Viemos... Pegar... Essa caixinha.
  Disse, ofegante.
-Isso aqui?
  Ele aponta para o objeto no chão.
-Seu cachorro acabou pegando e o perseguimos pela cidade toda.
-Ah, sim. Tó. Aliás, me chamo Flinn.
  O garoto a entrega para mim e eu vejo sua situação... Acho melhor trocarmos.
-Ei, é de quem isso afinal?
  O jovem perguntou.
-É meu.
  Levi pega o anel de minha mão e coloca no bolso enquanto ajeita sua roupa. Mania de limpeza...
-Espera... Como assim?
  Agora foi a garota que perguntou.
-Tch.
  Quando ele ia se virar para ir embora, o cachorro pula em cima dele e o derruba, aparentemente, querendo brincar. E eu? Ri até meu estômago doer.
-Hahaha, você está andando mais pra baixo do que o normal, Levizinho.
-Tch.
-Joca! Sai de cima dele.
  A garotinha o puxa pela coleira escondida debaixo dos pelos e o baixinho levanta.
-Ai, "dicupa" moço... Você qué' um chá? Eu apendi' a fazê'.
  Ela parecia ter uns 5 anos de idade e já sabia fazer coisas assim?
-Olha, desculpa, mas eu realmente preciso ir e...
-Pufavô'.
  A criança nos olhava de um jeito que parecia que nossa presença era a razão da vida dela.
-É...

Meia hora de chá depois...


-Eu não acredito que eu realmente parei.
-Ah, vai... Nem mesmo você resistiu àquela carinha fofa.
-Tch.
Ele ia caminhando de volta ao quartel na minha frente e completamente mau humorado.
-Ela era tão fofiiinha. E o jeito em que ela preparou o chazinho então? Fiquei impressionada.
Ele estava um pouco abatido. Com meus anos de amizade com ele, eu sei decifrar muito bem o que aquela cara amarrada esconde, então sei que o baixinho está triste com alguma coisa.
-Ei, Levi... Está tudo bem?
-Por que não estaria?
-Só um idiota responde uma pergunta com outra pergunta.
Ele para de andar e resmunga algo.
-Cala a boca.
-Eu sei que algo está errado. Confia em mim, sou sua amiga.
-Eu já falei que não é nada.
Dito isso, ele continua a caminhar em silêncio pelas ruas desertas.
-Eu te conheço, seu ranzinza. Para de ser teimoso e fala logo de uma vez. Você sabe que segurar dói mais do que deixar ir.
-Quatro-olhos, se você continuar, eu...
-Você não vai fazer nada. Eu sei disso mais do que ninguém. Levi, você está disfarçado sua preocupação com irritação e grosseria. Você é aquela pessoa que não se abre pra alguém facilmente e nem fala o que sente, e eu sei, mas, por favor... Confia em mim.
Seu olhar franzido se suavizou e ele se sentou em um banco perto de nós, abaixando a sua cabeça.
-Pode falar.
O baixinho respira fundo antes de começar. Desabafar é uma coisa difícil para ele.
-É que... Bom, eu realmente não estou preparado para ser pai, sabe? Não sei o que vou fazer para manter Misuki e meu filho a salvo, já que Reiner e Berthold continuam à solta. Eu não sei como vou continuar sendo soldado com tudo isso, e me preocupo com Mi também, já que entrar para a tropa era um dos sonhos dela. E ainda tem a ideia do casamento... Eu não sei como ela vai reagir e nem sei se essa é a coisa correta a se fazer.
Fico surpresa depois dele dizer tudo isso. Agora eu entendo... Levi só está estressado e nervoso com todas as coisas que estão acontecendo tão de repente, então, pensando nisso, dou um sorriso cúmplice.
-Escuta, eu tenho CERTEZA que Mi também não estava esperando por isso, e com certeza não está esperando um pedido de casamento tão cedo, mas uma das melhores coisas do mundo é construir uma vida ao lado da pessoa que você ama. Não se preocupe com o seu cargo ou com o dela, pois, como um casal, sei que vão dar um jeito em qualquer pedra que aparecer no caminho de vocês.
Quando termino de dizer tudo, ele ergue sua cabeça e me olha surpreso.
-É... Obrigado, quatro-olhos...
-E da próxima vez que estiver nervoso ou estressado, desabafe com alguém. É tão ruim guardar tudo pra si...
-ACHAMOS VOCÊS.
  Uma voz muito familiar chama por nós, e o baixinho guarda a caixinha em seu bolso rapidamente.
-Misuki, Petra, hahaha, o que fazem aqui?
  Perguntei às duas.
-Vocês saíram correndo de repente, então procuramos vocês em todo o canto.
-É que...
-Eu vi que aquela sacola tinha saído voando. O que tinha de tão importante nela pra vocês fazerem... Isso?
-É... Meu relógio. Mas acabamos perdendo do mesmo jeito, hahaha.
-Ah... Que pena. Bem, agora que achamos vocês, não acham melhor a gente voltar para o quartel?
-Ah, sim... Vamos.
  Levi se levanta e começa a andar na frente. Realmente, o baixinho estava estressado.
===
oii, o que acharam do capítulo? Vote e comente, isso me motiva muito a continuar ;*

InsuportávelWhere stories live. Discover now