Insuportável

Cap 52

Misuki's pov on

Cinco dias depois do ocorrido...

-Mi, o que você está fazendo?
Eren perguntou para mim pela quarta vez ao me ver me olhando novamente no espelho.
-Eu to me achando muito pálida.
-Toma sol, ué.
Olhei para ele com uma cara de tédio.
-Claro... com Levi mandando todo mundo fazer agachamentos e correr em volta do quartel umas 10 vezes?
-Ah, é, esqueci desse detalhe.
Eu realmente estava branca. A única coisa que eu fazia era ficar dentro do quartel cuidando das papeladas, pois o capitão simplesmente não me deixava participar das atividades. Esses dias, ele estava mais duro com seus soldados, falando: "perdemos tempo demais com os acontecimentos", e agora ele não dá descanso.
O garoto titã apenas estava aqui comigo pois ele já tinha feito um treinamento especial com sua outra forma, então decidiram que o moreno iria ficar muito sobrecarregado.
-Eu ainda não sei porque ele não te deixa participar.
-Eu estou afastada ainda... O médico recomendou que eu ficasse sem fazer atividades físicas exageradas pois me machuquei muito, principalmente na cabeça. E eu já expliquei.
Sim, essa era a desculpa que eu arranjei.
Felizmente, amanhã seria um dia de folga para eles, então eu estava planejando com o pessoal para passar o dia em um lago.
-Então quando você vai poder voltar ao treino?
-Eu não sei.
O garoto ficou sentado em minha cama enquanto me observava arrumar alguns livros em minha escrivaninha. Ontem eu conversei com Levi e me recusei a ficar sem fazer nada, então agora eu fico responsável pelas papeladas, como disse antes :3.
-EREEEEEEN.
Sasha abre a porta do meu quarto de repente e nos assusta.
-O capitão está te chamando. Ele disse que é sobre seu treino com titãs.
-Certo, estou indo. Tchauzinho, Mi.
E... Os dois me deixaram sozinha...
-Pois é, ao trabalho.
Me sento em minha escrivaninha e começo a ver uns papéis que tinha lá. Os relatórios eu organizei por ordem alfabética; os planos antigos para missões eu guardei num canto.
-Uau, como tudo isso esteve guardado?
Enquanto eu ia guardando, acabo achando um papelzinho meio amassado no meio daquela bagunça. Pego aquilo e consigo ler o que é legível. Era uma conta sobre o que Levi e Hanji compraram na relojoaria uns dias atrás. O valor do relógio eu consegui ver, mas o total era diferente...
-Ok, ela disse que comprou só um, mas por que está mais caro do que deveria ser? E por que ela não foi sozinha? Estranho.

Quebra de tempo...

-Aaaai, minhas costas.
Eu "massageava" as costas de Armin, já que o mesmo não parava de reclamar de dor. Esses treinamentos rigorosos estavam acabando com eles.
-Vai doer mais ainda se você não parar de se mexer assim.
Quando eu o giro, seu corpo todo estrala e ele geme em desgosto.
-Pronto. E não reclame mais.
Já era noite e o esquadrão inteiro estava na sala conversando, menos eu e os três, já que estávamos com saudades dos tempos antigos, então ficamos no quarto da Mika.
-Você fala isso porque não foi você quem teve que fazer 40 flexões e abdominais.
-Não mesmo, mas organizei uma pilha de papéis.
-Por que quis.
Cruzei os braços depois de bater na cabeça do loiro, arrancando risadas do moreno e de Mikasa.
-Ai!
-Mereceu. E outra, Eren, como está indo o treinamento da sua forma titã?
-Está bem. Com um pouco mais de tempo, já poderemos fechar o buraco na Muralha Maria com a técnica de endurecimento.
-Que bom. Depois que fizermos isso, queria passar mais uma vez em casa... Sabe, nem fizemos a despedida corretamente.
-Sim, tenho saudades da época em que brincávamos de Chute.
  Rimos ao lembrar dessa brincadeira que fazíamos. Éramos tão idiotas... E isso não mudou :P.
Nossas conversas fluíram como água em riacho, e nem percebemos quando a hora de dormir chegou. Às 22:00, todos foram ao seus respectivos quartos para descansarem, pois amanhã iremos nadar em um laguinho aqui perto.
  Como sou uma menina rebelde, ao invés de ir dormir, invadi o quarto de um certo baixinho em silêncio e o encontrei de costas com um livro em mãos, então aproveitei a deixa e voei em seu pescoço, o abraçando.
-Oiii.
-Que susto, Mi... O que foi?
-Nada, ué. Não posso mais abraçar meu querido namorado?
Levi passou uma mão em meu cabelo enquanto lia. Ficamos assim por um tempo até ele terminar o que estava fazendo, me forçando a separar.
-Mi, como você está?
Ele pergunta depois de guardar o livrinho.
-Eu estou bem, por quê?
-Está se sentindo bem?
-Ah, tirando alguns pequenos enjoos que eu tive, está tudo ótimo.
O abracei de frente desta vez e fui retribuída pelo mais velho. De repente, uma memória me veio à mente.
-Eu to triste.
Falei.
-Por...?
-Eu perdi o anel que você me deu.
-Ah, eu tentei recuperá-lo quando vi no chão, mas acho que caiu.
-Poxa.
  Ficamos um pouco em silêncio aproveitando o momento de paz e tranquilidade, mas, subitamente, uma outra dúvida surge em minha cabeça.
-Ei.
O chamei.
-Como você acha que iremos criar uma criança dentro do quartel?
  Ele parece pensar antes de responder.
-Não vamos, simples assim.
-Como assim? Nós não moramos aqui?
-Sim, mas só fazemos isso pra facilitar a nossa vida, mas nada impede alguém ter sua própria casa.
-Então... Você quer uma casa?
-Eu quero a nossa casa, Mi.
  Arregalei um pouco os olhos depois dessa resposta.
-C-Como assim?
  O homem se solta dos meus braços levemente e procura algo em sua prateleira, para depois voltar e ficar parado à minha frente.
-Eu quero criar essa criança junto com você, quero formar uma família com você, quero morar com você...
-D-Do que você está falando?
  O capitão segura minha mão direita e faz um pequeno carinho nela antes de se ajoelhar, fazendo lágrimas saírem de meus olhos ao abrir uma caixa roxa de veludo.
-L-Levi...
-Pode não ser o lugar dos sonhos, mas... É o que eu pude fazer. Misuki Akire, aceita casar comigo?
Neste momento eu congelei. A caixinha aberta revelava um anel muito mais bonito do antigo. Enquanto olhava fixamente para seus olhos, minha consciência foi voltando aos poucos, e eu só consegui pensar direito quando o homem falou.
-O que me diz?
-E-Eu...
  Não consegui dizer mais nada por conta da surpresa, então somente pulei em cima dele e o abracei o mais forte que podia, derrubando nós dois. Depois, ouvi uma pequena risada.
-Devo encarar isso como?
-Sim, mil vezes sim.
  Começo a rir de felicidade enquanto estamos no chão e só recuperei o fôlego quando passei um tempo sentada.
  Depois disso, o moreno colocou o anel em meu dedo enquanto eu quase infartava. Realmente, ele me surpreendeu hoje.
-Eu não esperava por isso.
  Falei depois.
-Claro que não, se esperasse, ia ser sem graça.
-Mas você tem certeza disso?
-É óbvio que tenho, Mi. Vamos viver juntos, em nossa casa, nossa família e... Nossa felicidade.
  Levi depositou um pequeno beijo em meus lábios e se afastou bagunçado meu cabelo.
-Aaah, lembrei de uma coisa. Amanhã, como é o nosso dia de folga, estávamos combinando de ir a um lago aqui perto. Quer vir com a gente?
-"A gente"?
-Sim... O esquadrão inteiro, na verdade :3.
-Ha? Todo mundo?
-Sim. Vamoooos, vai ser legal.
  Peguei o braço dele e comecei a chacoalhar.
-Você sabe que eu não gosto de muita algazarra.
-Por isso que você é tenso demais, você precisa se divertir mais. Olha, se eu encosto nos seus ombros, eles estão tão tensos que você fica parecendo uma estátua.
-Não é pra tanto.
-Claro que é. Se alguém quiser te bater com um cano de metal, o cano quebra mas seu ombro fica intacto.
-Por que alguém iria me bater com um cano de metal em meus ombros?
-Nunca se sabe. Existe louco pra tudo.
-Menos pra isso.
-ATÉ pra isso. Eu lembro de uma vez, quando Filipe tinha uns 7 anos, ele estava balançando na cortina da casa da minha tia... A parede quebrou.
-Criança não conta.
-E o dia em que eu vi Eren forçando um coelho a botar ovo?
-Ele é um caso à parte.
-EU já levei um peixe pra tomar sol por que achei ele anêmico demais. O coitado morreu.
  Por essa ele não esperava.
-Okay, você venceu. Mas até hoje, ninguém tentou me bater com um cano de metal.
-Mas pode tentar. Não se sabe o dia de amanhã.
-Amanhã é Sexta.
-Ah, você entendeu.
  De repente, alguém entra no quarto depois de dar umas batidas na porta. Era Hanji.
-Oiiii, sobre o que estão falando?
-Ah, nada demais...
-Misuki estava tentando me convencer que alguém pode querer bater em meus ombros com um cano de metal.
-Oi?
-Resumindo: coisas idiotas.
-Aaah, ok... Bom, isso não importa agora. Acabei de receber um relatório de um vigia que avistou Reiner e Berthold ao longe, na Muralha Maria. Ao que parece, os dois estavam procurando alguma coisa perto de Shingashina.
-Representaram alguma ameaça?
-Ao que parece, não. Mas acho melhor ficarmos de olhos abertos. Da última vez que eles atacaram, a humanidade perdeu um terço de seu território.
-Certo. Mais alguma notícia?
-Por enquanto, não.
-Entendo. Só veio pra falar isso?
-Ah, se você deixar, eu fico um pouco mais aqui com vocês dois.
  Ela disse enquanto saltitava para dentro do quarto. Quando ela me analisa bem, Hanji abre um sorriso enorme para mim.
-Sabe, eu vim aqui para conversar, mas acho que você tem muuuuuita história pra contar.
  A tenente saltita até o meu lado e coloca um dos seus braços em torno do meu pescoço enquanto me puxa para fora.
-Ei, quatro-olhos!
-Vou pega-lá emprestado um pouco, hahaha.
  Quando vi, eu já estava fora do quartel, conversando com ela normalmente.
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