Cap 44

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  Misuki se senta na cama e olha ao redor, como se tivesse acabado de acordar de um coma de 3 anos. Eu estou confusa agora.
-Por que...
-Está funcionando.
  Kenny fala para mim ao ver a garota ali sentada.
-O que você fez?
  Olho para ele, indignada.
-Simples. Eu sabia que você não queria fazer mal à ela, então troquei o soro de titã para um melhor...
  Ele falava enquanto folheava um livro.
-FALA O QUE VOCÊ FEZ COM MINHA SOBRINHA.
  Agarro o Ackerman pela gola da blusa e me preparo para socar seu rosto, até ele dar uma risada.
-Relaxa, é só um soro que faz a pessoa esquecer da própria vida e se tornar uma máquina mortífera por algumas horas.
-O QUE?
-Ela não vai se lembrar de nada, só vai querer matar tudo o que ver.
  Dou um soco bem em seu nariz e o largo. Como ele pôde?
-Ei, calma, é só por algumas horas. Se quiser sobreviver, melhor sair daqui.
-Ela não vai fazer isso, vai? Misuki não é assim...
-Eu já te disse. Essa garota está morta por um tempo, então vamos nos apressar e sair daqui, pois pretendo viver até os 80 anos, pelo menos.
  Ele me puxa pelo braço até a porta, e antes de fechá-la, vejo os olhos da garota sentada na cama... Eles estavam sem vida, nem parecia aquela menina tão dócil e amável que saia chutando Eren e Armin pela casa quando pequena...
  Me escorei pela parede e escondi meu rosto entre meus joelhos, deixando as lágrimas caírem soltas.
-O que eu fiz?
  Logo, sinto um corpo se juntando ao meu, me fazendo levantar a cabeça e olhar para a pessoa.
-O que você quer, Kenny? Já não basta fazer isso?
-Por que está tão triste? Você apenas fez o que era necessário para salvar seu filho.
-Eu... O que eu fiz foi horrível. Ajudei Maic com seu plano e fiz mal à minha sobrinha na qual cuidei por anos... Eu sou um monstro.
  Enterro minha cabeça entre meus braços e volto a chorar.
-Geo, você apenas fez o normal de qualquer pessoa. Por que sente tanta compaixão por ela sendo que aquela garota pode ser a chave pro fim do seu sofrimento?
-Você não entende, idiota. Alguém que abandonou o próprio sobrinho enquanto ele ainda era uma criança não tem moral pra falar sobre mim.
  Sim, eu sabia sobre a história de Kenny, pois não consegui conter minha curiosidade e pesquisei feito louca por isso.
-Eu sei que abandonei o baixinho, mas isso é... bom, eu não estava preparado para ser um pai. Durante o tempo que cuidei dele, eu o ensinei o básico: como segurar uma faca, como ser "gentil" com as pessoas... E olhe só o que ele se tornou.
  Ele termina a frase com uma risada sem humor.
-É diferente. Eu amo minha sobrinha e não seria capaz de causar mal à ela, mas quando me vi encurralada... Eu não tive opção.
  Ele me segurou pelos ombros e me deixou de frente para ele.
-E você ACHA que eu não amei aquele pivete? Poxa, ele é MEU sobrinho; o garoto no qual cuidei por 5 anos. Eu fugi dele foi por desespero.
  Enquanto Kenny falava, seus olhos transmitiam uma mensagem de dor, uma mensagem que só os que sofreram pode passar a alguém. Nossos olhares trocaram simples palavras mudas de acolhimento. Cada um tinha sua dor, e nós dois estávamos prontos a ajudar o outro a curar essa cicatriz.
-Kenny, eu...
  O barulho de uma pancada forte na porta nos despertou com um susto. Ouvimos gritos vindos de dentro daquela sala e eu já podia imaginar o motivo.
-Misuki.
  Me levanto correndo para ajudá-la, mas o homem segura meu braço, me impedindo de ir lá.
-TÁ LOUCA? Quer morrer, é?
-ME SOLTA, EU PRECISO SALVÁ-LA.
-Espera o efeito passar, pelo menos.
  Eu tentava me livrar dele, mas quanto mais eu fazia força, mais forte ele me segurava.
-EU PRECISO IR LÁ.
-NÃO, É SUICÍDIO.
-DESDE QUANDO VOCÊ SE IMPORTA?
  Ao falar isso, consigo puxar meu braço e ver o rosto assustado de Kenny.
-VOCÊ SABE O QUE É SER PERSEGUIDA PRA PROTEGER ALGUÉM QUE AMA? SABE O QUE É SACRIFICAR A FELICIDADE PRA SALVAR UMA CRIANÇA?
  Ele permanecia no lugar, apenas escutando.
-VOCÊ ABANDONOU LEVI SOZINHO POR MEDO, CUSTAVA ENFRENTÁ-LO? VOCÊ DEIXOU SEU MEDO DOMINAR E ABANDONOU UMA CRIANÇA NESTE MUNDO, COMO PODE ENTENDER A COMPAIXÃO? VOCÊ É UM COVARDE.
  Meu rosto estava inteiro molhado por causa das lágrimas e minha respiração estava falha. Kenny somente olhava para mim e permanecia quieto.
-Se me der licença, tenho uma garota pra salvar.
  Ao falar isso, deixo o Ackerman parado e me dirijo até a porta, cuja mesma fazia um alto barulho de coisas batendo. O que eu fiz? Quis fazer a vontade de Maic somente para salvar Fillipe e não pensei nela... Mi, por favor, espero que possa me perdoar.
Respiro fundo e entro na sala lentamente, tendo a visão de um lugar completamente bagunçado e uma garota selvagem de costas.
-Querida...
  Quando chamo por ela, a mesma se vira e eu consigo ver a dor nos seus olho.
-O que eu fiz com você...? Está sofrendo assim por minha culpa. Como Levi deve estar se sentindo?
  Misuki tenta avançar em mim, mas consigo desviar.
-Mi, por favor, tente se lembrar de mim. Tente se lembrar da sua vida, você não é assim.
  É em vão. Ela me ataca como se fosse um animal. Oh, peço a quem quer que seja para o efeito do soro passar rápido. Nenhuma das palavras que eu falava faziam algum efeito, meu esforço estava sendo jogado no lixo.
-CHEGA. Eu não vou lutar contra você, então, por favor, me mate.
  Paro de fugir e abro meus braços, dando total acesso para ela me atacar.
-Pelo menos, sei que morri por alguém que eu amo.
  Seus olhos estavam completamente focados em mim, e quando ela foi dar início ao ataque, algo a atinge e a derruba.
-Mi...
  Olhei para trás de mim e vi Kenny com uma arma apontada para a garota, com suas roupas sujas de sangue.
-Melhor me agradecer por ter conseguido invadir o lugar onde guardavam os tranquilizantes. Agora pega ela e vamos dar o fora daqui antes que Maic chegue.
  Sorrio para ele e pego a menina em meus braços.
-O que deu em você?
  Pergunto a ele enquanto corríamos para a saída.
-Não sei, só achei que isso seria o certo a se fazer.
-E o que a gente vai fazer quando encontrar algum guarda? Ou até mesmo meu irmão?
-A gente tem 2 opções: ou a gente ataca, ou nos fazemos de "caras maus" e damos uma desculpa.
-Acho que a segunda opção daria mais certo com os guardas.
  Aquele lugar era como um verdadeiro labirinto, ou seja... Eu não me lembrava da saída.
-Você sabe como a gente sai daqui?
  Perguntei a ele.
-Claro que sim, fui eu quem peguei a garota.
-Ah, é. Ei, vamos salvar Fillipe também, por favor.
  O Ackerman me olha por um tempo como se estivesse processando o que eu disse.
-Certo, agora só preciso saber aonde ele...
-AONDE PENSAM QUE VÃO?
  Congelamos no mesmo lugar. Essa voz era inconfundível... é, infelizmente, ele nos pegou.
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oii, o que acharam do capítulo? Vote e comente, isso me motiva muito a continuar ;*

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