Capítulo 35

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Christian Charles:

— Desembucha logo o que veio fazer aqui. — fui grosso e ríspido.

— Não oferece nem ao menos um lugar pra sentar e uma cervejinha pra beber?

— Não. — será que por acaso a palavra "não" era sinônimo de "sim"? Porque ele entrou na maior calma e pegou uma garrafa qualquer, sentando em meu sofá e me olhando com uma cara de mãe que quer conversar com o filho.

— O que a Mariazinha tem para me contar desta vez? — ele me olha feio por causa do apelido.

— Retire o que disse e fale: Estou apaixonado por uma mulher super gata que está morando comigo. Não me preocupo com mais nada ao meu redor. Foda-se o mundo e todas as pessoas. Tudo o que importa é essa  doce princesa ao meu lado. — não. Ele não discursou aquela merda como se estivesse recitando um poema. Ele não fez isso, Charles. Mantenha o equilíbrio e a calma.

— Mário...

— Aí — ele prossegue. — Você tá ficando com ela ou não? Gostosa demais. Se não quiser, eu quero.

— Ela só tem dezesseis anos! — exclamo e Mário cospe sua bebida em mim. — Porra! Cacete!

— Dezesseis anos?! — ele parece mais  horrorizado do que eu. — Parece ser muito mais velha. Porra, Charles? Qual a sua idade? Isso é pedofilia.

— Sou só seis anos mais velho que ela. Não é pedofilia. E, puta merda, Mário! Você me sujou todo!

— Foi mal. — diz. — Eu não esperava por essa. Pode ir se trocar. Eu espero.

— Vai se foder. — tiro a camisa e me limpo com ela. — Se não contar agora o que tem aí nesse cérebro, eu o arranco e faço de enfeite. — vocês devem se perguntar se eu tenho coragem de matar Mário. Ele que sempre esteve comigo desde o começo dos negócios, que foi, digamos, um presente dos tios para minha carreira no mundo do crime dali em diante. Ele que salvou a garota mais perfeita do... espera, que cacete é esse que eu ia dizer? Corrigindo: a garota mais curiosa, chata e um pouquinho irritante do mundo. Enfim, se eu tenho coragem de matá-lo? É claro que sim! Principalmente depois dele ter cuspido sua bebida em mim.

Aquele era um dia de merda. Primeiro levo uma babada, depois uma cuspida.

— Há algumas semanas atrás — Mário limpa a garganta. — Me deparei com alguns homens do Rodrigo. Me disseram que ele queria falar comigo em particular e que você não poderia saber. Fiquei surpreso e desconfiado. Claro. Falei que não queria nada que viesse da parte dele, mas não desistiram. Então marquei para nos encontrarmos no Exploited, aquela balada em que você arrumou uma briga com um cara e que é proibido de entrar lá.

— Foi ele que começou.

— Você disse que ele parecia uma bixinha dançando.

— Parecia mesmo. — dou de ombros.— Prossiga.

— Lá eu sei que não passaria de uma conversa. Sempre houve uma segurança pesada lá. O reconheci e ele sentou-se ao meu lado. Apresentou os benefícios que eu iria ter e uma grana alta para sair da nossa gangue e ir para a dele. — Mário faz uma pausa. — Charles, sério! Acho que se eu não te amasse tanto eu teria ido e prejudicado muita coisa para você. — lembram da parte em que eu disse que teria coragem de matá-lo? Minha concepção sobre isso estava mudando. — Não vai dizer nada? — pergunta quando fico calado.

— Você se arriscou indo falar sozinho com ele. Grande porra que tem segurança pesada.

— Quem disse que eu estava sozinho?— Mário sorri maliciosamente.

— Deveria ter me dito sobre isso no dia do ocorrido. — protesto e ele franze a testa.

— Andei muito ocupado ultimamente. — eu sei com o quê, melhor dizendo, com quem, ele se ocupava. — Achei que se dissesse pelo celular você iria surtar.

— Poderia ter dito.

— Então não tá bravo? — ele parece espantando por eu não estar.

— Ficaria se você tivesse saído.

— Você não sabe. Posso tá sendo cúmplice dele agora mesmo.

Sorrio.

— Acredite: Eu iria saber sim.

Mário relaxa no sofá e suspira, dando um gole no seu resto de bebida.

— É melhor ficarmos espertos. Ele tá muito puto com você por ter ameaçado a ex e o filho. E por ter arrancado aquilo tudo de dinheiro dele. — ele fala tão sério que começo a rir.

— Tá rindo de quê? — indaga franzindo o cenho.

— Nada.

— Estou falando sério, Senhor Dos Incêndios. É melhor abrir o olho. Aquele velho é mais esperto do que aparenta.

— Tanto faz. Era só isso?

— Só isso. — ele me entrega a garrafa vazia. — Vamos sair amanhã à noite. — convida e, antes que eu responda, ele diz: — Leva ela com você. — ele gesticula com o olhar.

Penso na sua proposta.

— Melhor não.

— Qual o problema? Ninguém vai se meter com ela se você estiver por perto. Leva a princesa pra sair. — ele continua insistindo.

Até que não tinha mal nenhum em levá-la.

— Cala a merda da boca, Mário. Eu vou levar ela.

— Ótimo. Nos encontramos na balada.

— Qual?

— Você decide. Manda uma mensagem dizendo o lugar e o horário.

Fecho a porta e chamo Violeta para terminarmos de tomar café. Ela desce e imediatamente pergunta:

— O que houve com sua camisa? — suas bochechas ficam vermelhas. Porra, só por isso? Não quero nem imaginar em como ela ia ficar se visse o resto.

— Um incidente com a bebida do Mário. — pigarreio. — Quer ir a uma festa amanhã?

— Esse é o lugar que você foi ontem e que não é pra garotinhas?

— Hm... Não. — falo a verdade, mas ela não parece acreditar. — É sério. Vamos.

— Não. — diz com rebeldia. — Estou bem. Obrigada.

Puxo-a pelo braço e seguro em sua nuca, levantando seu queixo. Tê-la tão perto me deixava com um desejo quase incontrolável de beijá-la da cabeça aos pés, de morder devagar cada lugar coberto de seu corpo, de fazê-la sentir coisas que nunca sentiu. De...

Droga. Eu não a merecia. Não depois de toda merda que fiz. Esta versão alegre e provocante dela era uma ilusão. A outra parte estava adormecida, e uma hora iria despertar.

E eu não vou saber o que fazer quando isso acontecer.

Solto um grunhido frustrado e a solto, me afastando bruscamente. Se não me engano, ela parece frustrada por eu ter feito isso. Volto para a mesa em silêncio e ela faz o mesmo. Depois de um tempo, diz:

— Eu quero ir.




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💀💞

Violeta (Completo/Revisado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora