Capítulo 48

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Christian Charles:

— Char-Charles... — balbucia Mário com um gaguejo e não diz mais nada. — Puta que pariu, você precisa se acalmar, cara. — acrescenta, respirando fundo.

Me afasto dele abruptamente, caindo de joelhos ao lado do corpo de Violeta. O sangue parado ali gruda em meus joelhos, e a sensação de impotência e culpa vem com tudo. Mal consigo focar a visão por causa das lágrimas.

Porra. Fazia quanto tempo que eu não chorava? Anos?

Nunca cheguei a sentir a dor de perder quem se ama. É tão lancinante que cada membro meu se aperta, arde.

— Como pode me pedir para ficar mais calmo? — minha voz sai arrastada e mais grave que o habitual.

Nesse momento, ambos corremos nossos olhares pela casa. Tudo que podia ser quebrado estava em estilhaços.

Olho para Mário, que está sério. Ele aperta os lábios e o tom de sua voz sai como eu nunca tinha ouvido antes: feroz. Lívido de raiva.

— Recomponha-se para irmos caçar o maldito filho da puta.

Até agora eu não tinha focado em quem fizera isso. Fiquei tão perdido na confusão dentro de mim que o seu assassino ainda estava por aí.
Comemorando minha derrota. Sua... vingança.

— Dê uma olhada por toda a casa. — digo para Mário. — Procure pistas, vestígios de quem tenha sido.

Ele se apressa e, no meio das escadas, para.

— Sendo o cabeça dura que você é, talvez não me dê ouvidos. Mas você precisa saber, Charles, que a culpa é de quem matou ela, não sua.

Suas palavras me atingem, só que meu cérebro processa tudo ao contrário.

— Eu a deixei sozinha.

— Não dava pra saber o que ia acontecer.

— Se eu tivesse pensado nas consequências, talvez.

Antes que eu perceba, Mário desaparece. Ele me conhece bem para não insistir, por que sabe que não vai me fazer mudar de ideia.

Olho para ela e seguro sua mão fria. Me lembro quando fiz isso pela primeira vez: Fiquei segurando-a e, quando olhei para cima, vi seus olhos me fitando. Só que agora é diferente, Violeta não está em coma, está morta.

Não vou mais ver seus olhos castanhos, ou o seu sorriso. Nem vou escutar suas respostas afiadas.

Me sento, colocando a cabeça entre os joelhos. Dói tanto que acho que não vou suportar.

— Beba isto. — diz a voz distante de Mário. Olho para cima e ele me estende um copo com água. — Veja o que encontrei pendurado na porta de seu quarto.

Limpo o rosto e pisco, arrancando a folha de papel de sua mão.

Olá, Christian. Tudo bem? Ops, acho que não. Pergunta errada para o momento. Você pegou meu dinheiro e ameaçou a minha família. Achou bonito, hein? Pensou que eu iria deixar pra lá?

Eu poderia dizer que sinto muito por sua Violeta, mas não vou mentir, rapaz. Não sinto nada.

Aproveite seu luto.

Com um grunhido furioso, faço picadinho da porra do papel em menos de um segundo.

— Precisamos enterrá-la. Depois iremos atrás dele. — encaro Mário com descrença. — Charles, não sabemos onde o Rodrigo está. — parece que ele sabe exatamente o que estou pensando, então sua voz baixa para um sussurro: — Faça isso por ela.

Violeta (Completo/Revisado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora