Capítulo 41

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Violeta:

Eu e dois garotos, um loiro e outro moreno, para ser mais específica, estávamos caminhando em meio a um lugar imenso e amedrontador que parecia que não ia dá em lugar algum.

Os dois aparentavam perfeita calma diante do problema em que nos encontrávamos, já eu choramingava de aflição e temia o pior que estava por vir. E eu sentia que estava perto, muito perto. Os alertava do perigo que corríamos, mas os dois eram teimosos demais para me darem ouvidos.

Meu coração se apertou e senti o ar faltar em meus pulmões, senti meu corpo desequilibrar, falhando nas tentativas de ficar de pé. Então algo bem estranho aconteceu: Pisquei e, quando abri novamente os olhos, não os vi mais, não vi mais nada. Uma luz branca se acendeu acima de mim, como se aquilo fosse algum tipo de show fantasmagórico e o público doentio não fosse acessível a minha visão. Tentei sair do círculo que a luz proporcionava, só que era impossível, como se houvesse uma barreira invisível ali impedindo-me de fugir.

Comecei a escutar os gritos e os pedidos de socorro do que pareciam ser os garotos, e exasperei-me.

Lágrimas ferventes pareciam queimar a pele sensível de meu rosto quando fui atingida por um líquido pegajoso e vermelho. Não custei a entender do que se tratava. Era o sangue deles, era o combustível de suas vidas que agora encontrava-se sobre mais da metade de meu corpo.

— Corre!

— O que você tá esperando?!

— Foge!

Diziam as falas aleatórias dos garotos, sôfregas e cheias de aflição.

— Onde vocês estão? Como eu fujo? — meu choro embaraçava e dificultava quaisquer coisas que saíssem de minha boca.

— Foge do monstro, ele vai te pegar! Sai daí!

Sem mais forças para pedir ajuda de como escapar, escutei as últimas palavras:

— O monstro não é bonzinho, ele vai te matar!

Foge do monstro...

Foge do monstro...

Ele vai te matar...

Com os pensamentos em tempo de explodirem, sou traga para a realidade com sacudidas bruscas de Charles. Tudo a minha volta gira e seu olhar aguçado, carregado com preocupação, me analisa.

— Está me escutando? Droga! Fala comigo! Você está bem? — suas mãos estão pousadas em meus ombros me  equilibrando.

— Estou tonta.

— Respira fundo e se acalma, ok? — fiz menção que sim. — Vou pegar água e já volto.

Quando Charles aparece em meu campo de visão, já tem passado todo o torpor e a tensão acumulada em meu corpo.

— Foi um pesadelo, não foi? — sua voz sai rouca e com um ponto de afirmação.

— Sim. — falo, limpando a testa e a garganta, que ainda pareciam queimar por conta dos gritos. Passo as mãos pelos cabelos e sinto a intensidade do suor.

— Se sente bem em contar como foi?

— Foi... — deixo a palavra no ar por alguns segundos. — Foi terrível e muito real. Dois garotos estavam comigo, depois eles desapareciam, vinha uma escuridão, depois suas vozes... — me remexo na cama e sinto algo molhado descendo pelas coxas e pernas. Automaticamente, jogo o cobertor longe e me deparo com muito sangue.

Violeta (Completo/Revisado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora