Badlands - Destiel

Prólogo (Revisado)

O céu alaranjado com tonalidades roxas resplandecia lá do alto, quando Dean Winchester cruzou a fronteira da exótica cidade de Miami dirigindo o seu impala '67. O sol estava a se pôr através do típico clima tropical da região, com a areia da praia tocada por pequenas ondas, que iam e vinham ao balançar das palmeiras no ritmo da brisa.

— Hm... — Admirando o seu reflexo no retrovisor, ele ajustava os óculos escuros que cobriam seus lindos olhos verdes. Tentando mascarar os pensamentos que iam longe ao ouvir o som clássico do Led Zeppelin tocando na rádio, enquanto batucava seus dedos no volante ao ritmo da batida. — Droga...

Seu celular vibrava acima do banco do passageiro, recebendo uma ligação na qual ele não estava nenhum pouco disposto para atender. Assim a recusando imediatamente, enquanto ler o nome "Lisa Breanden" no contato o fazia revirar os olhos. Pensando no porquê dela não se conformar com o término do relacionamento, que apesar de ter sido doloroso para ambos, acabou sendo um dos fatores para que mudasse de estado na tentativa de se encontrar.

— Vá se ferrar, Lisa! — Resmungou ao rejeitá-la mais uma vez, voltando sua atenção novamente para a estrada.

Não muito longe dalí, no prédio ao lado do que seria o ponto de parada do Winchester, Castiel Novak falava nervosamente ao celular entre as quatro paredes do elevador. Expressando melancolia em seu olhar, conforme mal conseguia segurar o fôlego ao deixar seu recado na caixa de mensagens de sua "ex" noiva.

— Então, Meg. Queria saber como você está, e... — Seu tom de voz era meigo, apesar mal conseguir encarar seu reflexo no espelho logo à frente. — Bem... Como se você fosse responder. 

Ao desligar a ligação, ele apoiou as costas na parede do elevador. Suspirando de cabeça para o alto, enquanto pensava no momento em que foi abandonado antes mesmo do casamento. Algo que desencadeou uma série de sentimentos negativos, embora ainda restasse um resquício de esperança em seu coração de que ela voltaria.

— Tudo de ruim só acontece comigo nessa droga de vida... — De sua boca saiam murmúrios de desânimo, conforme as lágrimas de angústia avermelhavam seus olhos azuis. — Tudo!

A sobriedade já não era mais uma conhecida para ele, tornando seus dias cada vez mais eufóricos ao virar cada gole daquele cantil que carregava para todos os cantos. Sendo a única saída para se manter longe da torturante realidade que o assombrava, ou que preenchesse o enorme vazio que havia em seu peito.

— "Seja forte"... É fácil te dizerem isso quando não vivem em sua pele. — Observando seu reflexo atentamente, ele resmungou com seu enorme desdém.

Naquele momento, ele se via encurralado por todos aqueles problemas que o cercavam. Pensando em desistir de tudo mais uma vez, já que ser uma marionete de seu próprio coração costumava a ser a pior das vidas. Sempre perdendo para a razão de seu raciocínio, que consequentemente o levaria a pensar duas vezes antes cometer qualquer ato.

— Miami city, aqui estou! — Dean se exaltou ao pisar na calçada, empolgado ao encarar o prédio no qual iria morar dalí para a frente. — Droga... Esqueceria a cabeça se não fosse grudada no corpo. — Ele então deu meia volta em direção ao carro, se lembrando que havia esquecido a bagagem no porta-malas. — Aí está.

Após um leve desvio de olhar, Dean avistou Castiel parado à beira da avenida movimentada. Com seus cabelos sendo soprados por cada um daqueles veículos que passavam, enquanto sua mente aparentava se perder em um amplo devaneio.

— Vermelho... — Ele sussurrou ao olhar o sinal logo acima, fechado para a passagem de pedestres.

Seus pulmões queimavam ao fechar os olhos, sendo consumido pela dor que se tornava cada vez mais intensa. Desencadeando ainda mais seus pensamentos intrusivos, que dessa vez estavam ganhando cada vez mais força. Até que ao abrir os olhos novamente, encarou aquilo que estava na sua frente como uma solução.

— O que aquele maluco vai fazer? — Fixando seu olhar há poucos metros de distância, Dean o observou pisar o pé direito no asfalto da avenida. — Meu Deus... — Alarmado ao ver que o sinal ainda estava fechado para pedestres, ele conseguiu captar a embriaguez através de sua locomoção. — EI!

Castiel respirou fundo ao seguir pelo asfalto, indo ao encontro de um enorme caminhão que vinha na direção contrária. Mal se dando conta de que o loiro vinha em sua direção, na tentativa de impedir seu abraço apertado na morte.

— NÃO! — Ele gritava ao seguir apressadamente logo atrás, o vendo parar no meio da avenida logo em seguida.

A buzina do caminhão então se disparou, assim como o som de seus pneus se arrastando pelo asfalto. Vindo na direção do moreno com tudo, que não moveu um músculo sequer ao fechar os olhos. Aguardando o fim de sua vida, que estava prestes a ser selada pelo impacto.

— Fim... — Abrindo os braços ao dizer o que seria sua última palavra, ele engoliu em seco ao sentir o temor causar frio na barriga.

Suas batidas se intensificaram, sua audição se tornou abafada. Até que duas mãos fortemente agarraram seu abdômen, fazendo com que seu corpo rolasse pela margem da avenida. Tornando tudo confuso por um momento, conforme o som do caminhão se tornava distante ao rajar do vento.

— Isso foi... — Dean tentava recuperar o fôlego, sentindo seu corpo se estremecer sobre o dele. — assustador!

Imóvel abaixo dele, Castiel tentava enxergar através da visão turva. Encarando a sombra do Winchester logo acima, que perdeu o fôlego ao se deparar com seus belos olhos azuis. Tão trêmulos quanto as ondas de um mar tempestuoso, embora tão encantadores quanto a visão do céu ao amanhecer.

— Sai de cima de mim! — Cas gritou ao recuperar a consciência, empurrando o loiro com toda a sua força.

— É assim que me agradece... por ter salvo a sua vida? — Dean então o perguntou, frustrado ao vê-lo se levantando sem nem sequer o encarar.

— Eis a questão... eu não queria ser salvo, muito menos por você! Até porque, eu nem te conheço! — O moreno então retrucou com todo o seu desdém, o deixando pasmo diante de tanta ingratidão.

Ambos então se fixaram sem dizer uma palavra sequer, ignorando a multidão de curiosos que se formava ao redor. Até que Castiel resolveu virar as costas para sair dalí, fingindo que nada havia acontecido para se sentir menos envergonhado.

— De nada, maluco! — Dean exclamou ao observá-lo se afastar, se vendo boquiaberto após receber seu dedo do meio como resposta.

Aquela poderia ter sido a última vez em que seus olhos se cruzariam, se não houvesse interferência do destino para que isso não acontecesse. Desencadeando então o ponto de partida que interligaria suas vidas em um único caminho, que se estenderia por todo percurso que traçariam a partir dalí. Até que finalmente se encontrassem, podendo dar início a fatídica estrada até aqui.