Ele é apenas uma criança...

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Estava sentado no canto da parede, sozinho em meu quarto, abraçando minhas pernas com medo, eu odeio esse orfanato, odeio todas essas crianças e odeio principalmente a Sra. Cole, essa megera chamou um pastor para me exorcizar, dizendo que estou possuído por espíritos malignos. Eu tenho apenas onze anos, não sou um demônio, sou uma criança.  Capaz de feitos estranhos, mas ainda sim uma criança.
- Olha a aberração, está assustado? A Sra. Cole deveria te expulsar daqui. - Um dos meninos mais velhos, me vendo encolhido e tremendo zombou. - Você não deveria ficar perto de nenhum de nós. Você é um monstro.
Esse era o tratamento que recebia de todos nesse lugar durante todos os odiosos anos que vivi aqui.
- Saiam daqui moleques. -Disse Sra. Cole do batente da porta, espantando os garotos que me xingavam. - Sr. Ridlle. Tem alguém que quer ver você. -Disse a contra gosto.
Um homem muito bem vestido, de calça social, camisa e colete adentrou no quarto, o cabelo bem penteado e um ar aristocrático, eu sabia é outro pastor!
-Por favor senhor, por favor eu não sou um demônio! Não fiz mal a ninguém, por favor! Eu não aguento outro exorcismo!
O homem por sua vez, ficou estático, fitando-me confuso e com uma leve raiva 
- Eu não sou um pastor. Sou professor.  Meu nome é Albus Dumbledore. Qual o seu?
- Sou Tom Marvolo Ridlle. O que quer comigo?
- Eu vim lhe buscar, pois você tem uma vaga na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e irá começar seu primeiro ano de estudo.
- Magia? - Bulbuciei a palavra, já tinha dito a Sra. Cole sobre isso quando menor, pois parecia uma explicação muito boa para uma criança. Mas ela me bateu e gritou comigo, falando em plenos pulmões que isso não existia. - Magia não existe!
- Existe sim meu jovem. - Explicou o homem calmamente. - Você é um bruxo, assim como eu.
- Prove.
Depois de várias surras de Sra. Cole que magia não existe e que eu era apenas uma criança do mal eu precisava de uma prova. Não costumava ser tão cético, mas isso estava enraizado na minha mente devido as dores que uma simples palavra me causou.
O homem tirou da manga do terno um graveto estranho, murmurou algumas palavras e a ponta do objeto brilhou iluminando o quarto.
- Isso pode ser apenas um brinquedo.
Parecendo muito impaciente, ele murmurou novamente e meu guarda-roupa incendiou-se por completo. Isso me deixou assustado, mas também impressionado, era uma demonstração de poder e eu quero isso.
-Vou conseguir fazer isso, terei todo esse poder?
Seu olhar em mim foi intenso e avaliador.
- Isso e muito mais pequeno. Na escola você vai aprender sobre tudo, você vai ver. Venha comigo.
Devo dizer que os acontecimentos seguintes passaram como um borrão pra mim, fiquei encantado com tudo na viagem para o lugar que o professor disse que iríamos comprar os materiais, mas ainda sim mantinha uma máscara de frieza, incomum para uma criança, mas era necessário.
O homem me levou para um lugar chamado Beco Diagonal e ali tudo era novidade para mim. Quando entramos nas diversas lojas não consegui manter minha frieza habitual, ficando deslumbrado com tudo, antes de pensar em como pagaria, mas segundo o homem, a escola disponibilizava uma pequena bolsa para as crianças órfãs como eu.
Dentre todas as lojas, a que mais me interessou foi o Olivaras, a loja que segundo o professor, compraria minha própria varinha.
- Boa tarde Senhor Dumbledore! Há tempos que não o vejo.
- Devo dizer o mesmo, meu querido amigo. Hoje estou acompanhando o jovem Ridlle na compra de seus materiais.
O homem que apenas nesse momento olhou para mim sorriu maroto, ansioso com um cliente em sua loja.
- Sabe jovem Ridlle, me lembro de todas as varinhas que vendi e a de sua mãe me marcou muito, madeira de cerejeira com lágrimas de unicórnio. Sim, isso mesmo. Maravilhosa combinação.
- Você conheceu minha mãe? - Senti meus olhos lacrimejarem de raiva e também por finalmente alguém ter conhecido minha mãe e quem sabe falar onde ela estava. - De verdade?
- Sim, sim pequeno. Aposto que ela adoraria tê-lo criado. Uma pena ter morrido tão jovem.
Ela morreu?
- Minha mãe... morreu?
Os dois me tiraram surpresos e ficaram tensos no mesmo minuto em que o ar ficou pesado
- A Senhorita Gaund morreu no parto. - Esclareceu Olivaras. - Você não...
Nesse momento comecei a chorar e uma onde de poder explodiu junto com o choro, cada soluço dado mais coisas era arremessadas contra a parede. Minha mãe não me abandonou como haviam me dito, ela morreu, Sra. Cole mentiu.
- No final das contas, ele é apenas uma criança.
Um dois dois adultos sussurrou e eu não pude ter certeza de quem foi, até Dumbledore me abraçar pelos ombros.
- Calma pequeno. Está tudo bem, não chore. Se acalma, você vai esgotar a sua magia.
Passarem-se algumas minutos antes que finalmente conseguisse parar de chorar e as ondas parassem de destruir o lugar, aceitei o chocolate quente que foi oferecido pelo Senhor Olivaras me deu e conversando com Dumbledore esperando que o dono da loja coloca-se tudo no lugar com magia, na meio da conversa pedi para que o professor me contasse a história de meus pais, porém ele preferiu deixar para outra ocasião, dizendo que certas coisas vêem no tempo certo e quando eu estivesse preparado e não emocionalmente abalado.
- Que tal vermos qual é a sua varinha? - Disse Olivaras parecendo mais animado.
Assenti minimamente, ainda abalado pela notícia da morte de minha mãe, sentindo saudade dela, mesmo nunca tendo a conhecido.
- Você está bem? - Questionou o professor.
- Sim. - Não era totalmente mentira, mas como explicar a saudade por alguém que nem conheceu?
- Qual sua mão da varinha? - Continuou Olivaras.
- Perdão?
- Você é canhoto ou destro?
- Canhoto.
O homem idoso caminhou até uma prateleira e pegou uma caixinha abrindo-a.
- Experimente.
O abajur estilhaçou em mil pedaços.
- Com certeza não é essa.
Passou vários minutos antes que finalmente uma varinha se ajustou a mim, enviando um formigamento pelo meu braço até meu estômago.
- Curioso. Muito curioso.
- O que? - Questionei o homem.
- Essa varinha, seu núcleo possui uma irmã. E ambas são poderosas, muito poderosas.
- Do que é feita?
- Essa varinha é de azevinho com pena de Fênix no núcleo.

Reescrevendo a HistóriaWhere stories live. Discover now