A conversa

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Harry.

Acordei cedo novamente, eram 5h30 quando levantei para correr, uma vez fora do castelo adentrei na floresta proibida correndo para liberar a adrenalina que se acumulou no meu corpo depois do episódio da noite passada. Hoje às três da tarde eu iria enfrentar a primeira prova, ou seja, iria enfrentar o dragão, parando para pensar por um momento, seria maravilhoso ter um dragão para torturar quem quer que seja a pessoa que colocou meu nome no cálice. Apesar de saber quem é.

Uma vez de volta no castelo fui direto para a academia estilo trouxa malhar e treinar no saco de pancada sentindo o suor escorrer pela minha testa.

- Se continuar assim, terá que usar glamour para esconder esses músculos, Patéra.

Me virei para ver Anabel se alinhando em sua forma canina normal, com dentes gigantescos sendo exibidos enquanto ela bocejava.

- Caminhando como um cão infernal pelo quarto?

- Resolvi economizar um pouco de energia hoje, caso precise te resgatar do dragão.

- Engraçadinha.

- Estou preocupada Harry. Mesmo Belatriz sendo esperta e maldosa, não é poderosa para enganar o cálice, pelo menos na idade atual. Acho que ele teve ajuda.

- Sim e eu sei de quem.

- Sabe?

- Por enquanto não temos que nos preocupar. Ele continuará se mantendo escondido até... Que não seja mais conveniente.

- E sobre o dragão?

- Não se preocupe, não tenho medo de répteis, mesmo dos grandes.

Depois de dar um beijo na testa da minha filhote, fui ao banheiro, tomei um longo banho, me vesti apropriadamente e chamei meus familiares para se aconchegarem sob minha pele e fui para o grande salão na intenção de tomar um café da manhã reforçado, claro que isso não aconteceu, pois fui puxado para dentro de um quarto, como estava distraído pensando na prova do torneio, acabei caindo no chão de forma desajeitada. E por pouco não vai literalmente de cara no chão.

- Puta que... Não tinha um jeito mais gentil de me chamar pro seu quarto Tom? Sabe, aprecio convites bem feitos.

Antes que ele chegasse perto para né ajudar a levantar tomei impulso com as pernas e cai em pé na sua frente. Apenas agora, sozinhos e em uma situação não perigosa, mortal ou séria, paro para analizar os bons 15 centímetros que separam nossas alturas, era estranho ver Tom me olhando de baixo.

- Desculpe, acabei me exaltando um pouco para lhe chamar.

- É tão difícil assim admitir que apenas conseguiu me "convidar" para entrar no seu quarto em 5 segundos se coragem estúpida, afinal seu nervosismo tem atrapalhado você?

- Sério que vai me insultar? - Disse ele desconfortável e no fundo, pude sentir uma tristeza que o atormentava.

Cheguei perto dele e o abracei afundando meu nariz em seus cabelos enrolados levemente molhados pelo banho tomado.

- Você sabe que não. Você está assim por que teve um pesadelo? Sonhou com o orfanato? O dementador?

- Não, eu... Sonhei com você.

- Eu lhe deixei triste?

Ele afundou o rosto em meu peito, minha parte lobo se remexeu.

- Quer conversar? Ou precisa dormir um pouco?

- Dormir, depois conversar.

Tom nesse momentos era tão carinhoso quanto uma criança, mas eu sabia a cobrinha que iria acordar. Deitei ele na cama e me sentei na poltrona, observando ele dormir quando Nagini, que estava enrolada em sua almofada veio até mim.

- Ele usou um feitiço para que seis gritos não fossem ouvidos fora do quarto.

- Preciso acabar com esses pesadelos.

- Sim, mas acho que sua preocupação mais imediata é o dragão. Já sabe como vai enfrenta-lo?

- Está preocupada comigo Nagini? Pois eu acredito que está.

Ela sibilou antes de colocar sua cabeça no meu joelho e dar um tipo de suspiro.

- Você e meu mestre se completam, são como um só e isso faz você importante para mim.

Acariciei a cabeça da serpente, sabendo que era verdade, assim como meus familiares, ela me testou para saber se eu era digno de Tom e ela viu em meu interior quem eu era, o que poderia fazer e o que sentia por Tom.

- Sei disso.

- Ele me contou sobre seus familiares, sobre ele precisar provar ser merecedor.

- Sim, foi uma situação tensa.

- Você sabe que ele é quebrado filhote.

Sorri com aquela afirmação.

- Mas vai ser como você disse... As vezes peças quebradas se encaixam perfeitamente. A vida nos molda como precisamos ser.

- As vezes esqueço que você já é um filhote crescido.

A conversa se seguiu por mais uma hora, sobre amenidades, coisas sem sentido, rimos e não me lembra em que momento deixei Mordred e Anabel sair e estávamos conversan os quatro quando Tom acordo e eu derrubei o feitiço silenciador de sua cama.

- Bom dia, Tom. Como você dormiu? - Levantei e caminhei até ele, tocando seu rosto.

- Bom dia, Peverell.

A frieza que ele disse meu sobrenome tirou meu chão. Não acredito que vamos voltar para a estaca zero.

- Tom?

- Me chame de Riddle.

- Não vou.

- Eu di-di-disse...

Quando ele me fitou, eu devia estar olhando de forma tão chateada para ele que sua voz falhou.

- Não podemos mais adiar essa conversa, Thomas Marvolo Ridlle. Pois eu cansei de precisar correr para companhar suas mudanças de humor, tentar adivinhar o momento que você vai aceitar a aproximação, eu não sou um cachorro para correr atrás de você com o rabo abanando.

- E não é? - Eu pude ouvir os chiados de Mordred em minha mente, assim como os rosnados de Anabel. - Pois eu acho que é.

Eu senti meu corpo ferver com a raiva e ouvia o chiar de Nagini, ele acabou de zombar do que eu sou.

- Eu sou um lobo... - Comecei a me aproximar dele, minha voz mudando para a voz da besta. - Eu sou um alfa, eu estava pronto para dar uma chance para nós. Pensei que Belatriz era a única em nosso caminho, mas seu orgulho, vaidade, prepotência estão impedindo nós dois.

Quando estava frente a frente com ele vi o medo em seus olhos.

- Você tem medo que eu não te ame, que eu me afaste, que lhe abandone. Mas é você que está me afastando, é você que tenta me mandar embora. Você que está me abandonando, está com medo daquilo que meus familiares falaram e agora está covardemente fugindo!

Rosnei alto e percebi que ele se encolheu contra a parede.

- Não merecemos isso Tom, abra seus olhos! Eu estou aqui, não vou fugir, não vou me afastar, para de torturar a nós dois. Você não sabe o quão difícil isso é para mim, tudo que estou superando e desistindo por você!

Soquei a parede ao lado de sua cabeça, senti meu peito doer. Isso era doloroso.

- Eu sei que preciso ter paciência, que tudo que você precisa é de amor, mas eu também sou humano, eu também sou uma vitima. Eu quero isso, quero uma chance de amar e ser amado e quero com você, porém isso não depende apenas de mim. Isso depende de você agora. É a sua última chance. Hoje, depois da prova do torneio, vou estar te esperando as 20h na torre de astronomia. Se quiser uma vida, ser feliz comigo, vá até lá.

Reescrevendo a HistóriaWhere stories live. Discover now