Uma parte dele vive dentro de você.

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Harry.

Corri para o quarto indicado por Tom, parando na porta ofegante, ansioso para ver Dumbledore, com várias perguntas, e questionamentos em mente para serem esclarecidos. Abri a porta devagar e adentrei no local.
- Vejo que aprendeu a esconder sua assinatura mágica e ocultar seu poder.
- Professor Dumbledore.
- Olá, Harry. Entre e sente-se. Acredito que temos muito o que conversar.
Devo dizer que fiquei apreensivo com seu tom de voz, normalmente Dumbledore fala de maneira descontraída, até mesmo em assuntos sérios, mas agora falava como se Olho-Tonto estivesse na sua frente e conversavam sobre os ataques dos Comensais da Morte, a possibilidade de Voldemort ter conseguido um corpo, mesmo que fraco, mas comigo, ele sempre me tratou como uma criança, porém agora... Não foi isso que sua voz me transmitiu.
- Harry, infelizmente não posso mais tratar você como uma criança que não pode saber de tudo. Tentei estender a sua infância o máximo que consegui, mesmo treinando você em coisas que não deveria. Permitir que possui-se uma segunda varinha, aprendesse a aparatar, os treinos com os aurores. Eu tentava te preparar para a guerra, fiquei muito feliz quando quase ganhou de mim, tenho certeza que se eu não tivesse a varinhas das varinhas, você teria ganhado.
- Eu percebi em seu tom de voz, nunca se dirigiu a mim dessa forma. Mas o que as Relíquias da Morte tem haver com essa conversa?
- Você já dominou duas delas. A capa e a pedra.
- Eu não...
- Não se engane Harry... Você sabe onde ela está.
Tirei de dentro da camiseta uma bolinha dourada e murmurei o feitiço para que ela voltasse ao tamanho normal. O pomo de ouro abriu suas asas e voou diante dos meus olhos.
- Entregue seu segredo. - Sibilei na língua das cobras e o pequeno objeto voador se abriu e a jóia caiu na minha mão.
- Vejo que está dominando a língua das cobras.
- Tem suas peculiaridades, mas me é bem útil.
Lhe estendi a pedra.
- Não meu rapaz. Já fui muito obcecado pelas Relíquias. Estou feliz em ter apenas a varinha.
- Você realmente planejava me contar tudo isso? Sobre as Relíquias, a guerra, Voldemort ter voltado,e entregado a pedra?
- Na verdade não, mas... Tudo mudou.
- O que mudou?
- Você precisa saber Harry, Voldemort fez o imaginável para ser invencível, ele morreu naquela noite, te marcou, mas sempre continuará vivo, pois...
- Ele dividiu a alma, não é?
Dumbledore me olhou abismado.
- Como você sabe?
- Accio Imortalidade.
O livro voou de meu malão até mim, abri na página sessenta e sete: Divisão de alma e comecei a citar o parágrafo que me influenciou a acreditar que Voldy dividiu não só sua sanidade, como sua alma para ser imortal.
- "Bruxos podem morrer facilmente como os trouxas, mas existem feitiços , feitiços escuros que cobram preços exorbitantes, preços sangrentos e impedem que a pessoa morra, não importa que seu corpo tenha sido destruído. A melhor e mais indetectável maneira de ser imortal é dividindo sua alma em partes, mas esse feitiço cobra um preço altíssimo, e divide não somente sua alma, como sanidade e magia".
- Andou comprando livros na Travessa do Tranco?
- E alguns importados do Brasil e da Transilvânia. Pelo menos os obscuros. Teve dois que me foram enviados de Durmistrang, cortesia do diretor pelo desempenho no Torneio de Duelos.
- Você me surpreende meu rapaz. Mesmo sendo tocado pelas trevas, com um núcleo negro, não foi corrompido.
- Assim como você, professor. Mas acho que esse não é o ponto que você queria discutir.
- Sabe o que esse feitiço cria Harry?
- O livro não diz, nem mesmo o ritual.
- Essa magia exige uma alma Harry, um sacrifício, você precisa matar para pagar o preço do feitiço.
Fiquei estático por um segundo, sabia que Voldy ceifou várias vidas, para ele esse seria um preço baixo a ser pago por ele.
- Quantas vezes ele o fez?
- Ele já não possuía muita sanidade quando fez sua primeira e seu medo de morte ajudou a repetir o ritual várias vezes. Em cada uma delas, o lançador pode alojar parte de sua alma em um objeto, normalmente inanimado, mas é possível usar seres vivos. O receptáculo virá uma Horcrus, um objeto extremamente destrutivo, por possuir parte da personalidade da pessoa e da maldade do ato de tirar a vida alheia, essa carga negativa é exalada do objeto e influência quer estiver com ela em mãos. Além de possuir meios de defesa para não ser destruída, como maldições, doenças...
- Entendi que esses artefatos, essas Horcrus são ruins, mas o que me interessa agora é saber... Quantas Voldemort fez?
- Vejo que não teme mais o nome.
Encarei Dumbledore descrente, pois ele claramente estava rodeando o assunto, fiquei chocado, ele nunca foi de esconder as coisas ou enrolar para dizer algo. Mas parecia querer evitar o assunto.
- Não o temo mais há algum tempo, tenho treinado e me aperfeiçoado para isso. Porém vejo que está fugindo da pergunta.
Ele me encarou tristemente.
- Você já não é mais uma criança há algum tempo não é. A priore pensei que ele tinha criado seis Horcrus.
Quase caí da cadeira naquele momento, seis... Não é atoa que o homem que matou meus pais era desprovido de sanidade. Sua alma era tão fragmentada que me pergunto como era capaz de raciocinar.
- Espera, você disse a priore. Ele tem mais que isso?
Não podia acreditar que o maldito era praticamente um quebra-cabeça ambulante.
- Ele fez uma que não pretendia. Na noite que o Lorde das Trevas matou seus pais ele criou mais uma Horcrus,
Sem saber ele fragmentou a alma mais uma vez. E dessa vez... Ele deixou sua alma em um ser vivo, o único naquele lugar.
Meu coração começou a bater mais rápido e descompassado, se contraindo em a angustia, suas palavras só podiam significar uma coisa.
- Naquela noite você se tornou um Horcrus vivo, Harry. - Dumbledore suspirou antes de continuar, com uma voz arrasta, triste e fraca, que parecia estar presa na garganta. - Uma parte de Voldemort vive você dentro de você.

Reescrevendo a HistóriaWhere stories live. Discover now