04 - A primeira impressão é a que fica?

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Ao mesmo tempo em que pai e filha se despediam, o jovem Afonso ainda em seu quarto saiu à janela e após ver a cena, ignorando-a, pensou em seguida.

— Preciso começar o quanto antes a fazer as bonecas. — Observando que lhe faltava material, desceu as escadas e saiu pelo jardim dos fundos do castelo para recolher o que iria precisar.

Suas bonecas eram feitas de madeira macia e leve, até mesmo palhas e tudo o mais que pudesse servir para a confecção. 

O rei finalmente partiu e a rotina da família foi aos pouco sendo retomada.  

Mas Brígida, após ficar vendo seu pai desaparecer na estrada, com a sua tropa, não foi para a sala ler seus livros como de costume e sim para o jardim a fim de esclarecer suas ideias.

Ao lado deste mesmo jardim havia um bosque separado por um muro alto e uma vasta vegetação. 

Escondido por um arbusto, quase que na quina do jardim, por detrás dele, podia-se vê uma porta, larga o suficiente para passar um cavalo. O artesão que procurava por madeira se aproximou e observando a tal abertura, não pensou duas vezes para explorar o outro lado e encontrar o que queria. 

A princesa, chegando ao seu lugar favorito escolheu uma árvore, deitou-se na grama e pôs se a admirar o céu observando o formato das nuvens.

Por pouco, eles não chegaram a se ver. Enquanto ele seguiu o seu caminho bosque a dentro ela se dirigiu ao seu lugarzinho favorito, após ficar ali por um tempo terminou por adormecer.

Passaram-se as horas e ambos não perceberam que o dia chegava ao seu fim. Quando ele se deu conta, já estava escurecendo. Tratou de recolher tudo o que encontrou e retornar antes que escurecesse totalmente.

Em seu trajeto, encontrou a moça adormecida junto à árvore, a alguns metros do muro que separava o bosque do jardim. Colocou suas coisas no chão, aproximou-se dela bem curioso. 

Pensou ele: — Que moça linda, não me lembro de ter visto jovem mais bela do que esta. 

Olhou bem para o seu rosto e logo fez uma observação. — Me parece que já a vi antes, seus cabelos me parece familiar. — Olhou a sua volta para ver se havia mais alguém por perto e nada avistou. — O que ela faz aqui sozinha neste lugar tão inseguro?

Resolveu então acordá-la, já que logo estaria muito escuro. — Moça. — Falou de forma calma e suave para não assustá-la. — Acorde. Já é quase noite. Não vai querer ficar aí sozinha, vai? — E tocou em sua mão com cuidado e receio.

Ela acordou, espreguiçou-se, olhou para ele e...

— Hã?!

Ela se deu conta de onde e como estava. Ficou inquieta e desconcertada. Quis se levantar rapidamente, mas não deu. Pisou em seu próprio vestido e quase caiu.

Muito cavaleiro ele se ofereceu para ajudá-la a se levantar.

Ela o reconheceu assim que olhou para o seu rosto novamente. E perguntou: — A quem devo agradecer pela gentileza? — Ela estendeu  sua mão.

O jovem respondeu pegando em sua mão: — Afonso. Ao seu dispor bela senhorita. — E lhe devolveu a pergunta. — A quem devo tão honrosa gentileza?

A princesa percebendo que o jovem não a conheceu, quis brincar um pouco e respondeu assim: — Como ousa!

— Perdão?! O que disse? — Espantado olhou para ela.

— Não me reconhece?

Só então observou que pelas suas roupas se tratava de alguém da realeza, temeu no primeiro instante. Mas ainda assim não poderia dizer quem era ela. 

O Fabricante de Bonecas (Finalizado)Where stories live. Discover now