07 - Que conversa é essa?

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À tarde, a rainha que dormia após a sua refeição, acordou indisposta e não saiu dos seus aposentos. Mas ela havia pedido a sua serva para ir chamar sua filha Brígida.

A mesma atendeu de imediato sua mãe.

Quer falar comigo mamãe?

— Sim minha filha, entre e feche a porta. — Louise estava bordando uma das roupinhas do bebê. E mesmo conversando com sua filha, não se desconcentrava de seu delicado trabalho.

A moça fez o que sua mãe ordenou.

— Como a senhora está se sentindo? Soube que acordou se sentindo mal.

— Não é para tanto, estou bem agora. Obrigada! Venha e deite-se aqui do meu lado.

Brígida deitou-se e abraçou a sua mãe que lhe beijou a testa. 

Carinhosamente a rainha disse. — Por que você não é assim tão carinhosa o tempo todo comigo? Por que brigamos tanto minha filha?

— Eu não sei... Eu também não gosto disso. Não faço por mal. É que a senhora me obriga a fazer coisas de que eu não gosto.

— Eu também não sei minha filha, porque brigamos tanto. Eu só quero o seu bem... e que você seja mais parecida com a suas irmãs.

— O que senhora deseja para mim é mais do que o que deseja para as minhas irmãs. É diferente.

— É para o nosso próprio bem. E para o bem do país.

A rainha foi logo ao ponto, querendo evitar uma discussão. — Chamei-te aqui por que quero te pedir um favor. Por nós duas.

Brígida ouviu sua mãe em silêncio por um tempo.

Continuou sua mãe. — Você não só, é a filha do rei, como também será a sua sucessora. Tem mais do que uma reputação a zelar. A imagem da futura governante deste reino está em suas mãos. Precisamos nos ajudar para que todos saiam ganhando.

A rainha falava enquanto acariciava a cabeça de sua filha. — Eu sei que você é jovem e precisa de amigos, e que nem sempre, as suas irmãs serão o suficiente para suprir esta necessidade. 

Olhando para a sua filha enquanto esta ainda a abraçava disse: E este jovem... — Suspirou tomando um folego antes de continuar. Você o vê como sendo uma nova e boa amizade, mas sabemos de que nunca dará certo! Apenas evite os comentários minha filha.

Brígida, olhando para a rainha, indagou. — Mãe. O que está tentando me dizer? Que eu não posso falar com ninguém que não faça parte da nobreza?

— Sim! — A rainha mostrou satisfação quando pensou que Brígida entendeu. — Estou disposta a esquecer tudo o que aconteceu entre vocês dois. Mas com uma condição!

— Mas não aconteceu nada! — Retrucou Brígida.

E o rostinho sereno da princesa foi substituído por uma fisionomia de desconfiança.

Pensou Brígida. — Não estou gostando do rumo que esta conversa está tomando... — Em seguida demonstrou impaciência. — É só? — Sentou-se na cama, mas permaneceu ao lado de sua mãe que pegou o bordado para continuá-lo.

Respondeu a rainha. — Não terminei! — Ela percebeu que a sua filha acabara de se afastar dela ao sentar-se, ou seja a rebeldia dela voltou. 

Resolveu ser severa novamente. — Quero que você não o veja mais. Ele irá embora em poucos dias e você ficará aqui com o seu destino. Terá que arcar com as consequências se ficar por aí dando motivos para falatórios entre os criados!

Brígida a olhou com olhar de reprovação. A rainha lhe disse mais.

— É do seu comportamento que tenho que cuidar e não do dele. O que ele faz não me interessa. Há menos que ele envolva você. Mas este não tem sido o caso!

Ao ouvir aquelas palavras, a princesa ficou ainda mais irritada. E a sua mãe não parava de falar.

A rainha percebeu que a sua filha não estava mais calminha, ainda assim, continuou a dar o seu parecer sobre a amizade dela com o jovem.

— Sei que vai ser difícil não vê-lo, estando ele hospedado dentro do castelo. Mas eu ainda acho que você deve tentar se afastar deste rapaz...

A princesa sabia que aquela conversa iria acabar de novo em uma boa discussão. Brígida se levantou-se devagar e começou a perambular pelo quarto para distrai-la e sua mãe não perceber a sua intenção de sair dali.

E a rainha... — ... Quanto a isto, posso encontrar outro lugar para ele ficar, se isso for muito difícil para você.

Sua mãe continuou enquanto ela se aproximava da porta, andando de costa. A rainha não percebeu porque estava com os olhos voltados para seu bordado.

— Resolvi não fazer nada com este rapaz por dois motivos: o primeiro é que ele só esta aqui por causas dos presentes que seu pai nos prometeu. Que pode ser a ultima lembrança que teremos dele caso nunca retorne. Porém, quando seu pai voltar, será um grande descontentamento para ele em saber que o seus presentes não foram finalizados. Por que? Tive que mandar o artesão embora! E o segundo motivo, é simplesmente você minha filha!

A princesa parou de andar. — O que?!

— Sim! Depois de pensar bastante, não foi ele quem foi atrás de você no quarto. E quanto ao jardim; foi uma coincidência, admito. E para que ele possa fazer o seu trabalho bem feito e rápido, você tem que se manter distante dele. Caso contrário, terei que expulsá-lo do castelo, com ou sem bonecas. Espero que entenda. 

A mãe tomou um pouco de fôlego e disse: — Pode ir agora. Preciso descansar. Levantando as vista, olhou espantada, quando se deu conta de que Brígida não estava mais no quarto.

Brígida de tão nervosa que estava, saiu do quarto tão rápido que nem fechou a porta e deixou a sua mãe falando sozinha.

Brígida estava de mãos atadas.

A rainha pediu a um criado que informasse ao jovem Afonso a sua decisão; que tomasse distancia de todas as suas filhas. Desde que adiantasse o seu trabalho e fosse embora o mais rápido possível, não seria castigado. Se suas ordens não fossem cumprida, sofreria com as consequências. 

O Fabricante de Bonecas (Finalizado)Where stories live. Discover now