34 - Dando um tempo

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Após a morte de Alessa, Afonso estava se sentindo órfão de irmã. A condessa lhe fazia muita falta.

Havia se passado dois meses. Ele só fazia trabalhar e trabalhar para não pensar nela. As noites, após o jantar, a rotina de ir para a varanda não mudou, apenas o fato de que Afonso exigia estar sempre sozinho.

Afonso era pequeno quando perdeu a sua mãe e depois a sua avó. A figura feminina em sua criação foi muito pouca, sendo criado pelo seu avô e seu pai. Este tinha morrido quando ele já era mais velho. 

Seus outros parentes, ele nunca os conheceu. Seu avô fugiu de casa com sua avó quando se conheceram, se distanciando da parentela de ambos. Seu pai era o casula de quatro irmãos. Mas uma peste matou dois deles, e dos dois que restaram um morreu em um naufrágio e o outro foi seu pai que morreu de um infarto. Sua mãe fora abandonada quando pequena e criada em um orfanato. Agora só lhe restava seu avô.

Talvez pelo fato de ter perdido sua mãe e a avó ainda pequeno e seu pai sempre ter estado ausente viajando, as suas mortes não lhe deram tanto pesar. Parecia que a dor de ter perdido Alessa, tinha sido a mais dolorosa de sua vida.

Alvor e Fernão também sentiam a falta dela. Por serem eles mais velhos e experientes, já esperavam por isso, e se conformaram mais rápido. Mas com Afonso estava sendo diferente e se preocuparam muito com ele.

Durante uma conversa a sós, entre os dois criados, eles discutiam.

— Alvor, você precisa falar com ele. — Fernão insistia com o amigo.

— Eu?! E por que não você?

— Eu sou rude, não sei usar as palavras direito e posso ofendê-lo.

— Mas eu também não sei como dizer!

— Se nenhum de nós pode falar ninguém mais vai poder!

Alguém se aproximou por trás deles e perguntou. — Do que estão falando?

Os dois homens se assustaram com a chegada silenciosa e repentina de Afonso.

— Meu senhor... Você nos assustou! — Fernão se virou e colocou a mão no peito.

— É que eu e Fernão estamos muito preocupados com você.

— Comigo! Por quê?

Fernão permaneceu calado mesmo com os olhares de Alvor o incentivando para que manifestasse a sua opinião também.

Vedo que o amigo não iria abrir a sua boca, Alvor continuou. — Achamos que o senhor está trabalhando demais e não se diverte, não quer a nossa companhia e além do mais...

— Alvor e Fernão! — Falou firme interrompendo-o. — Ouçam-me bem. Sigam com as suas vidas como der. Não quero que se preocupe mais comigo.

Colocando suas mãos sobre os ombros deles, completou. — Eu nunca vou faltar com meus compromissos, essa foi uma promessa que fiz a Condessa. Não se preocupem mais!

— Não é com isso que estamos preocupados. Ouça-nos por uns instantes.

Falou quase cantarolando — Não tenho tempo agora! — E lhes dando as costas, justificou. — Tenho muito que fazer. Lembrem-se da promessa!

— Mas senhor eu ainda não terminei!

— Outra hora Alvor!

Alvor se voltou para Fernão, desapontado.

O Fabricante de Bonecas (Finalizado)Where stories live. Discover now