05 - Pegos em flagrante

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Apesar de ter se recolhido cedo, a rainha ainda não havia dormido. Ela estava inquieta, talvez por tudo o que estava acontecendo com o seu marido ou pelo futuro do reino.

Uma vez ou outra, a rainha Louise visitava suas filhas em seus quartos, para desejar-lhes uma boa noite de sono com um beijinho discreto e silencioso. Um gesto de carinho raro para uma mãe tão severa.

Sendo assim... Naquela noite resolveu fazê-lo, já que não conseguia dormir, de forma alguma.

Levantou-se com certa dificuldade, já que não havia nenhuma dama de companhia ou criada por perto naquele momento. Caminhou devagar até a porta. Mesmo se sentindo cansada insistiu em fazer a sua visita noturna. Mas ao sair do seu quarto, teve uma leve tontura, um dos guardas vendo-a passar mal ajudou a sua rainha a retornar para o seu leito.

Percebendo ela, que isto não daria certo, decidiu por deixar sua visita noturna para outro noite. Desistindo assim de ver suas filhas. Pediu que o guarda chamasse a sua dama de companhia para dormir com ela. Assim fez ele.

O sol havia despontado no horizonte. A rainha acordou com desejo repentino de ver suas filhas. Levantou-se, se sentindo bem o suficiente, dispensou a jovem dando-lhe outra tarefa para fazer. Foi de quarto em quarto para vê-las. Após ter visto as duas primeiras, foi ver sua filha mais velha que dormia no ultimo quarto daquele corredor.

Brígida queria assim.  Estar bem afastada de todos os outros. Ela escolheu este quarto, por ser bem distante, para ter privacidade em seu segredinho. E aprontar da suas.

Todos tinham que caminhar um bocadinho caso precisasse ir até o quarto dela. Havia tantos quartos naquele castelo que muitos nem eram usados. O que Afonso estava hospedado era bem simples e estava fechado há muito tempo.

Para sua surpresa, ou nem tanto. Brígida não se encontrava em seu leito. A rainha pensou em gritar alertando todos os guardas para um possível sequestro. 

Mas lembrou-se a tempo de que era do feitio da princesa sempre contrariá-la de alguma forma: — Minha filha sumiu. Ela não sairia do castelo tão cedo, muito menos durante à noite. Muito inteligente, a mãe pegava as coisas no ar, principalmente em se tratando de Brígida. 

Se pôs a pensar. — Ela me pareceu muito feliz com a presença daquele rapaz. — De repente a mãe teve um estalo. — Hã! Não quero nem pensar! Então ela só pode estar em um lugar à uma hora destas. Eu espero estar errada desta vez.

Neste mesmo instante a rainha se dirigiu aos aposentos de Afonso, ainda intrigada com a possibilidade de sua filha está lá. — Como ela passou para o outro lado do corredor sem ser notada pelos guardas?

Para Brígida chegar ao quarto dele, teria que passar em frete ao de seus pais e irmãs primeiro. Mas nesta noite, ela nem se quer foi ao seu aposento. E como houve troca de turno os dois guardas que ali estavam não sabiam do ocorrido na noite passada. Eles não testemunharam o momento em que a princesa junto a criada entraram no quarto do rapaz.

No quarto da segunda filha, Miray se arrumava com a ajuda das criadas, após receber a visita matutina de sua mãe que a fez perder o sono. A rainha ao sair deixou a porta aberta e ela viu sua mãe retornar, passando com pressa e resmungando. Percebendo que a rainha estava desconfiada de algo, resolveu segui-la.

Os corredores eram muito longos e largos. O quarto do rapaz também era o último do corredor oposto aos quartos da família real. A mãe passou por dois guardas que ficavam no meio, entre os dois corredores.

Ao chegar à porta do quarto, a rainha já não se contendo, ia batendo na mesma, de forma agressiva. Miray apressou-se em segurar sua mão antes de tocar a porta e sussurrou. — Pense bem no que irá fazer majestade.

O Fabricante de Bonecas (Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora