20 - Por essa eu não esperava!

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O rei não resistiu por muito mais tempo se manter longe de sua filha favorita. Brígida teve o seu castigo merecido. Não demorou muito para ele dar a Brígida o abraço saudoso, tão esperado por ela. 

A sua mãe já não estava mais fazendo questão da sua companhia, até mesmo porque foi seu marido que impôs. Não havia mais nada para fazer ou conversar entre elas. 

Aos poucos, a rotina da família real foi retornando ao seu normal.

Numa certa tarde a rainha estava a conversar com o rei, enquanto tomavam chá.

Disse Louise ao seu esposo, enquanto observava suas filhas se divertindo no jardim. 

— Já passou do tempo de nossas filhas mais velhas se casarem. Se você tivesse me escutado quando elas nasceram, hoje elas já teriam seus pretendentes certos.

O rei Âmis não gostava da ideia de ter suas filhas longe dele. Então um casamento não era um assunto o qual ele gostava de falar.

— Não vejo até o presente momento, algum pretendente que se faça por merecer. E além do mais, se escolhe um genro depois de adulto.

— Por quê?

— Para podermos avaliar seu caráter! Quando se é um bebê não é possível saber quem ele se tornará quando crescer.

— Isto são apenas desculpas. Eu sei o seu real pensamento quanto a isto. Mas não podemos segurá-las por muito tempo. Logo passarão da idade e ninguém mais irá querê-las.

— Você fala como se elas fossem frutas prestes a se estragarem.

Neste momento Lira estava prestes a entrar no rol onde seus pais descansavam. Ela estava chegando por trás, quando ouviu sua mãe dizer aquelas palavras. Resolveu escutar a conversa atrás da coluna que tinha a sua frente, um grande jarro com uma planta bem frondosa e florida que lhe servia de camuflagem, já que a  sua roupa era esverdeada e florida também.

Continuava o rei em suas evasões. 

— Mas há poucos pretendentes jovens e não quero minhas filhas casadas com homens muito velhos.

Lira, a princípio pensou que ela também teria que se casar. Mas a sua mãe continuou, tranquilizando-a.

— Por hora, esqueça as alianças políticas. Lembre-se que temos que casar Brígida em primeiro e depois Miray.

— E por que não as duas juntas, Já que está com tanta pressa? — Ele tentava dificultar as coisas para a sua esposa, mas tudo era em vão.

— Já será difícil conseguir um pretendente, quem dirá dois de uma só vez. Se elas tivessem sido prometidas desde o berço...

— Novamente com este assunto! 

Lira respirou aliviada por ela está fora dos planos de sua mãe. Mas ainda queria saber o que iria acontecer com suas irmãs. Ficar sozinha no castelo, nem pensar!

Seu pai ficou com um olhar perdido enquanto pensava. — Agora que parei para pensar, há os filhos do meu falecido amigo Rei Humberto: Elliot e Edgar.

O Rei clareou a sua memoria de repente. — O filho do Marquês Vladimir e os filhos do Rei Filipe III. Há outros, de que agora me lembro!

— Como assim? Tão de repente, você se lembrou de todos estes jovens!

— Quando estávamos reunidos no acampamento, entre uma conversa e outra, todos falavam de seus filhos e filhas, e alguns destes jovens estavam lá acompanhando com seus pais, tio ou avô.

— E se eles já estiverem comprometidos, o que faremos?

— Só há uma forma de saber. Não se preocupe com isto! Conversarei com meus velhos e novos amigos. — O rei pensou alto com um sorrisinho nos lábios. — Quem sabe formemos novas alianças políticas.

— Âmis! Você não muda... 

Lira não se conteve, já havia escutado o suficiente. Saiu correndo para contar a suas irmãs o que estava prestes a acontecer. 

Primeiro reuniu todas em seu quarto, trancando a porta para que ninguém as interrompesse.

— Por que nos trouxe até aqui? — Miray estava preste a terminar seu bordado quando foi interrompida por Lira. — Para que tanto mistério? Você nem se quer deixou eu pegar o meu bordado.

— Concordo com Miray. — Disse Brígida impaciente. — Conte logo, se não sairei agora deste quarto. Está ficando muito abafado aqui. Eu quero voltar para o jardim!

Lira sacudiu o dedo apontando para suas irmãs e soltou a bomba. — Nossos pais querem casá-las e estão escolhendo os pretendentes!

Miray não se abalou com uma noticia tão vaga.— Do que você esta falando? 

E Brígida era mais cética ainda. — Não seja tão tola, Lira, nunca fomos prometidas. E nosso pai nunca quis que saíssemos do castelo.

— Eu estou falando a verdade Brígida. Eu escutei a conversa toda entre deles. Lá na varanda, enquanto tomavam chá.

— Você estava sentada lá, com eles?

— Claro que não Miray. Eu estava prestes a entrar, quando ouvir a nossa mãe convencer o nosso pai, que vocês duas já estavam passando da idade de se casarem.

— Não pode ser... Não mesmo! — Brígida estava ficando revoltada.

Miray, sabendo dos sentimentos de Brígida por Afonso, temia que sua irmã fugisse novamente para não ter que se casar com qualquer um. — Então o que podemos fazer para que isto não aconteça? — Miray colocou a cabeça para funcionar.

Lira respondeu. — Primeiro temos que descobrir para quando é este casamento. Vermos quanto tempo nós temos e até lá, e pensarmos em um jeito de livrá-las disto.

Brígida levantou-se decidida a ter uma conversa com seus pais, mas fora impedida por suas irmãs.

— Está ficando louca? Miray tomou a frente dela.

Lira disse desesperada. Você vai me colocar em uma situação difícil com nossos pais, quando souberem que fui eu que lhe contei. Você está se esquecendo de que eu fiquei escutando as escondidas?

Continuou Miray. — Você quer estragar tudo? Antes mesmo de termos começado? 

Brígida se conteve. Aborrecida, sentou-se na cama reconhecendo que suas irmãs estavam certas.

— Temos que nos manter frias, para agirmos na hora certa. Você está entendendo?

— Só por vocês, que eu não vou até lá dizer-lhes o que penso. E acabar com essa ideia boba de casamento!

Lira e Miray abraçaram Brígida e disseram respectivamente:

— É por isso que te amamos, você sempre nos protege! 

— Unidas ninguém nos derrotará. Entendeu princesinha afobada?

O Fabricante de Bonecas (Finalizado)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora