2.

2.9K 249 62
                                    

Diana... JÁ vai completar três meses que você desapareceu. Você não deu notícias nem pra mim nem pra sua família. Para mim é até compreensível visto que nós não temos nada além da amizade que eu acreditei que tínhamos. Mas para sua família? Como pode uma coisa dessas? O quê está acontecendo? Entendemos a dor da sua recém perda, mas estamos preocupados com seu sumiço. Argh... Como pude confiar em você? Fui estúpida. Você me disse uma vez que achava covardia fazer alguém se sentir especial e depois desaparecer como se a pessoa não tivesse representado nada. E veja só, foi isto que você fez comigo. Não vou mentir. Estou extremamente magoada, embora compreenda que você teve motivos relevantes, mas definitivamente, não justificam...

Bufo enrolando uma mecha do meu cabelo enquanto fito a tela do computador. Já perdi a conta de quantas mensagens tipo essas eu escrevi, mas nunca tenho coragem de enviar. Deleto tudo, assim como ela evaporou feito fumaça das nossas vidas. Da minha vida!

Confiro suas redes sociais pela milésima vez só hoje. Nada dela. Simplesmente nada. A última vez que ela apareceu foi antes do sumiço da Geórgia e da Alexia, e logo depois o senhor Charles desencarnou. Pelo menos antes disso ainda nos víamos e nos falávamos. Porém, agora, não tenho exatamente nada. E isso me angustia. Não queria bancar a maluca possessiva, entretanto já bancando, acho injustiça alguém se afundar na dor e sumir do mapa, sem se importar com os sentimentos alheios. Isto é egoísmo, sem tirar nem por. Nem mesmo um recado, um “ me deixa em paz” “ vai se ferrar”... Doeria ouvir isso? Sim. Mas com certeza é mais fácil de se superar do que ter que lidar com um grande e corrosivo silêncio e um vazio profundo. Por que é tão complexo para as pessoas serem honestas e objetivas consigo mesmas e com as outras? Isto evitaria tantas dores, ilusões e transtornos.

— Apagou isso de novo? — Lauren sai de trás da minha cadeira giratória bebericando uma xícara de café como de costume e me fita enfática. Pelo visto estava me bisbilhotando da porta do escritório qual era da Alexia e que agora ela ocupa quando está na sede.

— Sim. Não tenho coragem de enviar, além do mais, ela não vai me responder mesmo — dou com os ombros — Ela não visualizou nem as mensagens do Tony; o próprio irmão. Quem dirá as minhas, não é mesmo?

— Tem razão. Já não basta o Tony ter que lidar com a morte do pai, tem o sumiço das irmãs... Coitadinho — meneia a cabeça negativamente.

— Pois é... — faço o mesmo.

— E não é só ele que está sofrendo não é? — me sonda minuciosamente. — Parece que você também perdeu alguém pra morte... Não que essas mensagens não deixem isto meio óbvio — soa irônica. — Enfim... Seu semblante também te entrega e vamos combinar que até seu desempenho no trabalho está deixando a desejar.

— Eu sei — confesso cabisbaixa — Perdão Lauren, eu prometo que esse final de semana vou me organizar e finalizar o serviço acumulado.

— Hey, não estou te dando uma bronca, — apazigua — pelo contrário, eu já te disse, eu me envolvi com a Diana um bom tempo quando eles descobriram que são irmãos da Geórgia depois de toda treta do James. E volto a repetir: A Diana é a pessoa mais instável que já conheci na minha vida. Ela não serve pra cultivar um relacionamento, seja ele qual for, entende? Você está apaixonada por ela e como sou sua amiga, te aconselho a esquecê-la de uma vez por todas. Se ela sumiu assim do nada é porque não se importa com ninguém, não faz questão de que ninguém saiba dela. Pra bom entendedor meia palavra ou nenhuma basta não acha?

Suspiro fundo. Sei que Lauren tem razão, ao menos por um lado. Pra quê vou continuar alimentando esse sentimento que jamais será recíproco? Estou sendo idiota. Já passei por muitas coisas para deixar isso me abater. Mas por que estou tão abatida? Não deveria seguir em frente como sempre fiz em qualquer aspecto da minha vida? Como é difícil esquecer alguém. Arrancar do coração. Eu nunca senti nada tão forte como estou sentindo pela Diana. Contudo, não compensa. Devo dar esta situação por encerrada, levantar a cabeça e sacodir a poeira como a mulher madura e inteligente que sou.

— Pensa nisso — Lauren prossegue porque não encontro resposta. Toca na minha mão amigavelmente e eu ponho a minha por cima da dela correspondendo.

— Obrigada pelos conselhos... Você tem razão. Vida que segue, baile que anda...

— É assim que se fala, você é muito bonita, independente e super intelectual pra perder tempo sofrendo por alguém que não tem coragem de te mandar uma porra de mensagem. E sabemos que ela tem condição já que está em Paris, desfrutando do bom e do melhor da cidade luz. Se ela não apareceu é porque definitivamente não quer mesmo.

— É verdade... — dou com o ombro, mesmo que seja doloroso admitir.

Um burburinho no andar inferior rouba nossa atenção.

— O que será? — Lauren questiona curiosa.

— Não sei, vamos lá ver? — sugiro igualmente curiosa.

— É pra já! — minha chefe larga a xícara em cima da minha mesa e juntas descemos.

Meu coração está acelerado. E se for Diana? Não, não faz sentido. Minha mente está me pregando peças. Ela não teria porque interromper seu trabalho na França para voltar pra Nashville sendo que já deixou claro que não quer mais ligação nenhuma com as pessoas que restam aqui.

Todos os funcionários estão em volta de duas pessoas no centro, cumprimentando-as com alegria, saudação e surpresa.

Da escada mesmo conseguimos vê-las:

— ALEXIA! GEÓRGIA! — Lauren berra alto, acaba de descer as escadas correndo a ponto de cair, empurra todo mundo que está na frente dela impedindo sua passagem até elas, e assim que consegue lhes dá um abraço forte em conjunto.

Geórgia tem os cachos ainda maiores e a parte literal antes raspada, que agora parece estar deixando crescer, estão trançadas, lhe moldando um charme quase sobrenatural, e Alexia está com seu cabelo dourado mais curto, um chanel elegante, com uma franja longa que cobre um lado de seu rosto. Estão ainda mais lindas do que me lembrava. Assim que minha melhor amiga e patroa me vê, se solta de Lauren e vem até mim eufórica. Só então me dou conta que o alvoroço não é só porquê elas estão de volta...

— Gwen! Quantas saudades! — me fita examinando minha expressão e depois me abraça.

— Ah, Alexia! — me aconchego com carinho em seu ombro. — Me belisca porque com certeza estou sonhando!

— Você não vai querer levar um beliscão meu, acredite! — me solta sorridente e volta a me fixar nos olhos.

Sorrio gostosamente:

— Vocês estão de volta e...

— Gravidíssimas! — Geórgia completa se aproximando. Pega a esposa pela cintura e lhe dá um selo demorado recheado de amor e orgulho.

— Estou vendo! Você está tão linda! — elogio alisando a barriga de Alex. — E você? — aponto Geórgia — Radiante como sempre!

A bela negra sorri envaidecida.

— Nossa, sua barriga está enorme! Está com uns cinco meses? — Lauren também toca na barriga de Alexia em cima do vestido longo decotado no busto. Ela consegue ser sexy até mesmo grávida.

O casal sorri animadamente.

— Não! Só três meses! — Alexia responde visivelmente cansada porém empolgada.

— É porque são dois! — Geórgia revela com os olhos brilhantes.

— Meu Deus! — Lauren e eu ficamos boquiabertas.

— Isso é tão incrível! — exclamo ciente e comovida de que temos muitos assuntos para colocarmos em dia e a tarde será pequena para matarmos tantas saudades.

O Amor Na Balança ( Sáfico) Место, где живут истории. Откройте их для себя