10.

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Degusto a salada mastigando calmamente num longo período de tempo entre uma garfada e outra. Não nego que minha fome foi substituída por um desejo avassalador de fazer amor com Diana pela primeira vez, somos adultas e já passamos das fases iniciais que tanto prezo, então agora pareço uma cachorra no cio, mas como diz aquele velho ditado; saco vazio não para em pé, e enquanto ela me acompanha na alimentação, o que é ótimo por sinal uma vez que ela tem que se cuidar porque não quero que fique anêmica com tanto álcool no organismo, bebemos um suco de uva integral que por um milagre divino ela encontrou na despensa, e eu conto com detalhes minuciosos como foi a viagem mais louca e surpreendente da minha vida e tudo o que me levou a decidir vir até ela, desde o motivo do meu término com Aaron, ao retorno de Geórgia e Alexia as revelações de Dona Missouri. Embora impressionada, Diana não consegue não rir dos episódios hilários que vivenciei mas que tanto me ajudaram a amadurecer alguns pontos nebulosos do meu psicológico.

— Ai para Diana! Aqueles esquisitos queriam me assar na churrasqueira! — faço bico fingindo estar magoada com sua risada estridente.

— Ah qual é, até eu quero te comer! Não tiro a razão deles! — rebate numa tentativa frustrada de parar de rir e secar a umidade que se formou nos ambos cantos de seus olhos. Diferente das outras vezes ela não se sente arrependida do palavriado chulo e eu também não faço questão de repreendê-la e sequer me sinto ofendida ou acho divertido como antes. Depois do que houve na estrada conheci a sensação libertadora de extravasar as emoções tanto positivas quanto negativas proferindo um belo de um palavrão.

Sinto minhas bochechas corarem com o comentário sexual e desvio meu olhar para o prato de salada enchendo mais uma garfada fingindo comer distraidamente só que a verdade é que quero ignorar minha lubrificação o quanto conseguir.

— Ai ai, — ela se apruma na cadeira pois ficou de mal jeito de tanto que riu. — Falando sério agora — bebe um gole do suco. — Eu estou me sentindo a pessoa mais idiota e egoísta da face da terra! Eu nunca imaginei que você seria capaz de enfrentar tudo isso só pra vir aqui me ver. Estou me sentindo realmente especial e imensamente orgulhosa de você — segura minha mão esquerda entrelaçando nossos dedos e eu correspondo.

— Mas é para se sentir mesmo bobinha! — reforço com um sorriso descontraído. — Não é todo dia que uma pessoa tão insegura e medrosa como eu enfrentaria tantos perigos por causa de alguém. Isso só existe nos filmes e nos livros... Eu gosto de você de verdade — declaro e é a vez dela corar. Que linda!

— Eu também gosto mesmo de você Gwen... E não tenho mais dúvidas de que o que sinto é recíproco.

— Que bom que eu consegui fazer você rever seus atos e abrir os olhos. Eu não gostaria de ter que partir com o coração despedaçado mais uma vez.

— Eu não seria tão imbecil de te deixar escapar... — ressalta séria e seu humor se modifica para um de escárnio: — Principalmente levando em conta que tem marmanjo de olho em você por aí.

Gargalho. Ela só pode estar se referindo ao tarado da estrada.

— Sua tola! — meneio a cabeça e ganho um longo selo carinhoso.

Sou pega desprevenida e fico sem jeito. É, acho que está na hora de eu me acostumar. Parece que o clima de romance entre nós vai ser assim daqui pra frente até o dia que o autor da minha vida quiser. Porque se depender de mim não pretendo deixar Diana nunca mais e ela também parece disposta a vencer seus fantasmas, arriscar um relacionamento entre nós e se entregar intensamente ao momento presente para que não haja arrependimentos futuros.

Ela se levanta pegando o prato completamente vazio. Hum, parece que o amor faz mesmo o apetite das pessoas crescerem. Põe dentro da pia e se vira para mim novamente.

O Amor Na Balança ( Sáfico) Where stories live. Discover now