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são 6:00 da manhã e eu não consigo dormir. Alex me trouxe para casa depois que conversamos ontem. ele não quis entrar, disse que eu precisava descansar e ele só impediria isso. mas mesmo assim, com Alex ou sem Alex, eu não consegui sequer dormir por 5 minutos.

a insônia na minha vida sempre foi algo constante. meu pai é policial, e então, quando eu era criança não conseguia dormir esperando ele chegar. agora, não consigo dormir por conta da minha ansiedade. o trabalho está tranquilo, minha relação com o Alex também, mas nesse momento, sinto que me falta algo.

deito a cabeça no travesseiro para enganar a insônia, mas não dá certo, o sono não vem. tenho que estar no trabalho daqui a duas horas e eu estou parecendo um zumbi. 

um banho e duas xícaras de café irão resolver meus problemas. primeiro banho depois o café. assim eu faço.

não sou uma pessoa nada matinal, odeio acordar cedo, isso com certeza é um tipo de tortura. eu só começo a funcionar depois das 9:00, quando geralmente já estou trabalhando.

me troco e nem sei como. o sono começou a dar sinais e eu ainda não estou sob controle da cafeína. hoje o dia será cansativo, penso enquanto calço meus sapatos.

café pronto e eu também. coloco ele em uma garrafa térmica e saio do apê. vejo uma placa dizendo que o elevador está em manutenção, e xingo por não ter escolha além de descer de escada.

quando saio do prédio, um carro buzina para mim. de princípio, eu ignoro, mas ele continua buzinando. estou assustada então ando mais rápido. o carro continua me seguindo.

viro uma esquina e começo a correr, e isso faz eu derramar meu café no chão e parte em mim. perco o ar e não consigo mais fugir. por que tudo estava tão ruim para mim hoje? e olha que o dia só estava começando.

já não tinha mais o que eu fazer, senão ficar ali esperando quem quer que seja sair do carro. ele continua se aproximando e estaciona em frente a mim.

- achei que não ia te alcançar. - a pessoa diz saindo do carro sem mostrar o rosto.

- é que não é recomendado ficar parada quando um carro estranho está te seguindo. - digo sorrindo. - Kate! - corro para abraça-la.

- que saudades, Mel. - ela diz me apertando mais forte.

- por que não atendeu minhas ligações? - pergunto saindo do abraço.

- sobre isso, precisamos conversar. - ela diz trocando o sorriso por uma cara de preocupação.

- está tudo bem?

- não quero falar disso aqui, Mel. - ela faz sinal com a cabeça para que eu entre no carro.

- eu tenho que estar no trabalho em meia hora, mas tenho muita coisa pra te contar. - falo me sentando no banco do passageiro.

- espero que dê tempo, porque o que eu irei te falar, pode te fazer querer alguns minutos para processar. creio que terá que mudar seus planos para hoje. - ela diz e liga o carro.

- você está me assustando. - minha empolgação é cortada por uma onda de medo.

- não é essa minha intenção, só quero que esteja preparada. - ela olha para mim, seus olhos estão tristes, eu conheço ela e sei que não está brincando.

o caminho até chegarmos aonde ela nos levou, é dominado por um silêncio incômodo. eu pergunto o porquê de ela não poder me falar no carro, e ela diz que não é seguro. tento me distrair com a paisagem para não pensar tanto nisso.

chegamos a um restaurante e ela estaciona bem em frente a entrada. quando saímos do carro, ela me puxa com rapidez para dentro do local. do que estávamos nos protegendo?

baby I'm yoursWhere stories live. Discover now